Após o anúncio mediante fato relevante durante o pregão do dia 7 de outubro sobre a compra de até 6,5 % da Vale por parte da Cosan, fez o preço da CSAN3 apresentar uma queda brusca.
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Será que o pessimismo do mercado de ações em relação a Cosan (CSAN3) é justificado por conta disso?
Em um primeiro momento, o mercado pode ter se preocupado com o endividamento da companhia.
Lembrando que o fato relevante informando sobre a aquisição foi divulgado com o pregão aberto e sem detalhes sobre a estrutura montada para financiar a operação.
Os esclarecimentos foram oferecidos pela própria companhia na mesma sexta-feira à noite mediante teleconferência.
A estrutura de derivativos (collar) utilizada para financiar a compra permite que a Cosan não se alavanque de forma exagerada ao tempo que protege a companhia perante uma potencial queda no preço das ações da Vale (VALE3).
Provavelmente, a empresa deve ver o indicador de alavancagem (dívida líquida/Ebitda) aumentar durante o primeiro ano.
Entretanto, essa alavancagem tende a diminuir assim que o resultado da Vale começar a entrar no balanço da Cosan através de equivalência patrimonial.
Nesse sentido, acredito que a alavancagem fica controlada.
Talvez, o maior risco venha da China, já que no curto prazo o preço do minério de ferro depende muito da demanda chinesa.
Se a China não conseguir crescer ao ritmo acelerado, o resultado da Vale tende a cair junto ao preço do minério de ferro.
Assim, o Ebitda da Cosan ficaria menos representativo perante o crescimento no nível de endividamento.
Com um cenário desses, a dívida pode ficar elevada, comprometendo a saúde financeira da Cosan.
A forte queda no preço das ações observada após a informação sobre a aquisição, pode ter a ver com o mercado precificando esse risco.
Vale destacar que, caso esse cenário ruim se concretize, existe a possibilidade da Cosan desfazer a operação através da estrutura montada.
No pior dos casos, a empresa pode sair da operação com um prejuízo limitado e mantendo a operação atual mediante suas controladas.
Outro aspecto que pode ter preocupado o mercado é a potencial sinergia que oferece a aquisição.
Ainda, muitas pessoas não conseguem enxergar como o investimento em mineração pode encaixar dentro do negócio da Cosan.
Vale lembrar que a Cosan já vem sinalizando seu interesse por entrar no segmento de mineração desde há mais de um ano.
Primeiro com a compra do Porto São Luís e segundo com a formação de uma joint venture para exploração de minério de ferro a ser escoado pelo porto.
O Porto São Luís é usado para o escoamento do minério de ferro da Serra de Carajás (onde já se encontra o atual o sistema norte da Vale).
Além disso, a Vale vem estruturando seu segmento de materiais básicos (níquel e cobre) que deve ser fundamental no desenvolvimento de baterias para carros elétricos no caminho para a eletrificação na mudança da matriz energética.
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A vertical de materiais básicos da Vale tem potencial para estabelecer sinergias futuras com a Raízen (RAIZ4) e a Rumo (RAIL3), que já são controladas pela Cosan.
O que deve ficar claro para quem for investir na Cosan é que o resultado da operação não deve vir da noite para o dia.
Por esse motivo, os investidores que olham mais para o curto prazo podem ter optado por sair da Cosan. Na bolsa de valores, a maioria quer ganhar dinheiro rápido.
Entretanto, quem tiver uma visão de longo prazo pode se beneficiar comprando os papéis nos preços atuais esperando uma valorização no futuro, quando os resultados se materializam.
O processo deve ser lento…
No entanto, se for bem sucedido, tem potencial para entregar um elevado retorno em dividendos para os acionistas.
Só o futuro mostrará quem estava certo.
