A Cemig (CMIG4) divulgou resultado de 4t20 mas o mercado financeiro está de olho mesmo é em outra coisa.
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A empresa está vendendo ativos não essenciais ao negócio.
Já que a privatização é algo bem mais complicado de se fazer, a empresa está adiantando o expediente.
É algo semelhante ao que a Petrobras (PETR4) vem fazendo ao vender uma série de ativos que não são essenciais.
Já que o governo não pode vender as ações da empresa, a própria empresa começou a vender as participações que possuía em outras empresas.
No caso de CMIG4, esse ano ela já finalizou a venda da sua participação na Light (LIGT3) o que lhe garantiu entrada de R$ 1,37 bilhão no seu caixa.
Sua última novidade foi dizer que está “avaliando estruturas” para vender a sua participação na Taesa (TAEE11).
É uma operação complexa e cheia de desafios, mas que pode colocar mais R$ 2,5 bilhões em seu caixa.
Essa operação além de colocar um dinheiro no caixa, vai gerar um bom lucro que deve ter como consequência um gordo dividendo (daqueles extraordinários), afinal a Cemig é sim do governo e o governo vai adorar receber esse dividendo também.
O outro efeito bom é que a empresa vai simplificando a sua estrutura e tornando mais fácil sua futura privatização.
Um dos principais pontos de dificuldade está na existência de uma joint venture da Taesa com a Alupar (ALUP11), que se chama TBE.
O negócio é grande e, pelo acordo de acionistas existente, caso a Cemig deixe o controle da Taesa, a Alupar, que é a sócia remanescente, poderá comprar a participação da Taesa no negócio.
Isso muda o valor da Taesa caso aconteça.
Ou seja, se a Alupar não exerce o seu direito, você avalia a Taesa com este negócio dentro com suas receitas.
Se a Alupar, por outro lado, exerce o seu direito, você avalia a Taesa sem as receitas deste negócio, mas com um bom dinheiro em caixa.
O tamanho da diferença é grande.
Basicamente é comprar como está, ou seja com 100% das receitas normalmente.
Ou levar a empresa com o equivalente a apenas 84% das suas receitas, e os 16% restantes em caixa.
A depender da motivação do comprador isso muda o jogo todo.
É certo que com essa incerteza, ninguém embarca no negócio. Então a Cemig vai ter que primeiro arrumar isso para trazer segurança para o futuro comprador.
Outro ponto fundamental é que a Taesa tem tag along.
Isso significa que se a Cemig vender o controle da empresa para um comprador estratégico, todos os minoritários vão poder vender também pelo mesmo preço.
Mais uma incerteza que o comprador não vai admitir.
Ele precisa saber o tamanho do cheque que está assinando.
Para isso existe solução, mas não é simples.
Ela pode vender essas ações no mercado, de forma pulverizada, o que não dispararia o tag along. Nesse caso o desafio é que ela possui ações ordinárias, que não tem liquidez no mercado.
Claro que essa oferta pode gerar liquidez no mercado financeiro, mas é mais uma incerteza que afetaria o preço de venda.
É um desafio que não acaba mais.
Fato é que só de ela ter anunciado a sua intenção, os interessados no negócio já vão começar a estudar, eles mesmos, soluções para esses problemas.
O comunicado da empresa para o mercado foi inteligente. Agora ela botou todos os interessados a pensar em como desenrolar toda essa situação.
De nossa parte, como investidores vejo o movimento com bons olhos, mas apesar disso prefiro outras empresas no setor.
A própria Taesa vem entregando resultados mais robustos e distribuindo dividendos generosos ao longo dos anos.
Por essas e outras que ela tem cadeira cativa na carteira do Canal Seleção de Dividendos.