O risco-país é uma informação muito importante para quem pensa em investir no exterior, pois reflete o grau de confiança que o mercado tem na economia e na capacidade de pagamento de uma nação.

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O mercado financeiro globalizado oferece diversas oportunidades de investimentos em outros países. A preferência é investir em países que proporcionem bons retornos, mas que também tenham menos risco.

Para avaliar o risco do investimento em países emergentes, foi criado o risco-país, ou seja, ele diz ao mercado financeiro qual a possibilidade do país dar "calote" em seus credores.

Na sua metodologia são considerados aspectos políticos, sociais, fiscais, de produção econômica e demais fatores que possam interferir na estabilidade financeira de um país.

Conheça melhor o que é o risco-país, como se mede e o que acontece quando ele está elevado.

O que é risco-país?

O risco-país é um indicador que mede o grau de instabilidade econômica de um país.

Ele é muito utilizado por investidores estrangeiros para avaliar o nível de risco de aportar recursos financeiros em determinado país, pois está atrelado a possibilidade de insolvência de uma nação, ou seja, a probabilidade do país em deixar de pagar suas dívidas. 

De forma geral, quanto mais alto for esse número, maiores serão os riscos de investir naquele país. 

O risco-país é influenciado por diversos fatores, econômicos, sociais e políticos, tais como:

  • Situação fiscal;
  • Instabilidade política e/ou social;
  • Inflação;
  • PIB, entre outros.

Como funciona o risco-país

O risco-país busca avaliar a probabilidade de insolvência de uma nação, ou seja, a possibilidade de deixar de pagar suas dívidas.

O termo foi criado em 1992 pelo banco americano J. P. Morgan, responsável também pela criação da metodologia EMBI+, uma das formas de medir o risco em economias emergentes.

Diversos fatores são analisados para se chegar ao indicador, entre eles a situação fiscal, dívidas públicas, capacidade produtiva do país, crescimento econômico, instabilidade política, déficit fiscal, manifestações em grande escala, entre outras coisas que afetam a estabilidade de uma nação.

Como se mede o risco-país?

O Risco-País pode ser mensurado usando 3 metodologias principais:

  • EMBI+;
  • CDS;
  • Rating soberano.

EMBI+

O EMBI+, Emerging Markets Bond Index Plus, em português, Índice de Títulos da Dívida de Mercados Emergentes, é o indicador mais utilizado para analisar o risco-país.

Calculado pelo J.P. Morgan Chase, um dos maiores bancos americanos, fazem parte do índice o Brasil, Argentina, Rússia, México, Turquia e África do Sul.

O JP Morgan também calcula individualmente o EMBI+ para cada país, sendo que o EMBI+Br mede o risco dos papéis emitidos pelo Brasil.

Para calcular o risco-país, a metodologia utilizada é a diferença entre a taxa de retorno dos títulos públicos dos países emergentes com os títulos do tesouro americano.

A unidade de medida desse indicador é por pontos-base, onde cada 100 pontos-base equivalem a 1%.

Assim, se o EMBI+ de um país está 500 pontos-base, significa que os títulos das economias que o compõe estão pagando 5% a mais do que os títulos emitidos pelos Estados Unidos.

Veja a variação do Risco-Brasil pelo EMBI+ nos últimos meses:

Risco-Brasil, segundo EMBI+
Risco-Brasil, segundo EMBI+. Fonte: Ipeadata

CDS

O Credit Default Swap (CDS), em português, Permuta de Inadimplência de Crédito, funciona como uma espécie de seguro para o investidor contra possíveis calotes da dívida pública.

Como qualquer operação de seguro, quanto maior for o risco do emissor do título, mais caro será o CDS.

O CDS é um derivativo que permite a um investidor trocar seu risco de crédito com o de outro investidor. 

O aumento do número de negociações desse tipo de contratos acaba indicando o quão arriscado é determinado país. 

Uma vez que quando há uma maior demanda por proteção contra determinado país, significa que mais pessoas preocupadas em não serem pagas.

Normalmente, o Credit Default Swap é mais utilizado por bancos, seguradoras e fundos de investimento, devido ao alto volume de recursos aportados.

Assim como o EMBI+, o valor do CDS também é calculado por pontos-base.

Para entender como o CDS funciona, digamos que um investidor deseja proteger US$ 10 milhões de títulos soberanos por 5 anos. 

Considerando que o spread do CDS (“pontos-base”) seja 90 por trimestre, ao término de cada trimestre o investidor deverá pagar 22,5 pontos-base (90/4) pelo seguro.

Confira a variação do CDS Soberano do Brasil de 5 Anos:

Rating Soberano

Assim como empresas são avaliadas, os países também estão sob monitoramento das agências classificadoras de risco para avaliar o grau risco de crédito soberano de uma nação.

Mesmo que o rating soberano não seja um indicador típico de risco-país, ele acaba ajudando os investidores na hora de escolher um país para investir.

As principais agências especializadas em rating são Standard & Poor's (S&P), Fitch Ratings e Moody's Investor Service.

Cada uma delas tem um sistema próprio de avaliação de risco. Em geral, elas analisam a estabilidade econômica e política, quantidade de reservas internacionais, solidez econômica, distribuição de renda, além de questões sociais e liberdade de imprensa, por exemplo.

As notas que as agências de classificação de risco dão para os países vão de AAA (menor risco possível), até a D (grande risco de moratória).

Os países são ainda classificados em duas grandes categorias:

Categoria de investimento: Nessa categoria estão os países que inspiram mais confiança nos investidores, já que são mais estáveis socioeconomicamente. 

As nações consideradas mais seguras para se investir, de forma geral, são as mais ricas.

Como o mercado entende que há poucas chances de um calote, tanto o governo quanto as empresas conseguem ter acesso a empréstimos externos maiores e com juros mais baixos. 

Categoria Investimento de Risco: A outra categoria é a de investimento de risco, comumente chamada de especulativa, que engloba os países mais arriscados para se investir.

Esses países constumam ter problemas como desajuste fiscal, inflação e instabilidade política que geram muitas dúvidas entre os investidores sobre a capacidade da nação de honrar suas dívidas.

De forma geral, fazem parte desse grupo os países mais pobres. 

Embora mais arriscados, também oferecer retornos mais vantajosos. Porém, o tipo de capital atraído é mais especulativo.

Com isso, exige altas taxas de juros e grande saida de capital extrangeiro ao menor sinal de piora do cenário econômico.

Veja a rabela de classificação de ratings:

Moody'sS&PFitch
Categoria de InvestimentoAaaAAAAAA
Aa1AA+AA+
Aa2AAAA
Aa3AA-AA-
A1A+A+
A2AA
A3A-A-
Baa1BBB+BBB+
Baa2BBBBBB
Baa3BBB-BBB-
Categoria de Investimento de RiscoBa1BB+BB+
Ba2BBBB
Ba3BB-BB-
B1B+B+
B2BB
B3B-B-
Caa1CCC+CCC
Caa2CCCCC
Caa3CCC-C
CaCCDDD
CCDD
DD

De acordo com o site do Tesouro Nacional, estas as notas das agências de rating do mundo para o Brasil: 

notas das agências de rating do mundo para o Brasil
Fonte: Tesouro Nacional

Como o risco-país impacta nos investimentos e na economia

Para o investidor, o risco-país mede o tamanho do risco de aportar seu dinheiro em determinado país emergente.

Países com índices baixos de risco acabam atraindo mais capital estrangeiro, uma vez que o investidor busca rentabilidade e segurança.

Por outro lado, quanto maior o risco do investimento, maior tende a ser a remuneração.

Como não podem oferecer segurança, países com altos índices de risco-país focam em oferecer condições mais vantajosas para os investidores.

Para oferecer um retorno maior, o governo pode recorrer ao aumento dos juros, como aumentando a Taxa Selic, para pagar mais juros aos investidores. Dessa forma, espera que eles permaneçam.

Se, por um lado, o aumento dos juros torna os investimentos mais atraentes, por outro, encarece o crédito para empresas e para os cidadãos.

No entanto, aumentar a remuneração por si só não impede que ocorra uma fuga de capital estrangeiro, principalmente por parte de alguns dos grandes fundos de investimentos, que têm como política investir apenas em países com baixos riscos.

O aumento no risco-país gera muitas consequências ruins para a economia, com efeitos diretos na taxa de câmbio e na inflação.

Como o país tem uma menor capacidade de atrair investidores estrangeiros, a entrada de capital diminui. Com isso, há menos investimentos na economia.

Isso tem impacto na empresas que operam no local, levando a desvalorização das ações na Bolsa e retração econômica.

Se esse ciclo vicioso da alta do risco-país não se romper, pode haver uma degradação da economia com quedas no PIB (Produto Interno Bruto), menor arrecadação fiscal, aumentos na inflação e desemprego, além de problemas políticos e sociais graves.

De forma oposta, uma nação com risco-país baixo, tende a atrair mais capital estrangeiro, o que é excelente para o crescimento econômico e também para as negociações na bolsa de valores.

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Vale lembrar que o risco-país é um indicador dinâmico, sensível a mudanças políticas e econômicas. Por isso, é preciso estar atento a essas movimentações.

Embora o Brasil não seja considerado um país de grande risco para se investir, incertezas políticas e econômicas podem aumentar os riscos.

Para se proteger do Risco-Brasil, além de contar com uma carteira diversificada em ativos nacionais, é aconselhado diversificar pensando de forma globalizada, com investimentos em países desenvolvidos e ativos atrelados à moedas fortes. 

Algumas alternativas são: