Se tem uma coisa unânime no Brasil é o quanto o agronegócio é importante para nossa economia.

Em números, o setor é responsável por quase 30% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

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É impossível negar a dependência do setor para o crescimento do nosso país com a crescente relevância nas contas externas devido ao aumento da exportação nos últimos vinte anos.

Esse contexto é importante ser pontuado, pois os Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagros) chegam para se aproveitar e fomentar ainda mais esse crescimento por meio de seu financiamento.

Primeiramente, vamos ao contexto jurídico:

A Lei 14.130, de 29 de março de 2021, destinada a instituir os Fiagros, alterou a Lei 8.668, de 25 de junho de 1993, responsável por trazer as regras de constituição e regime tributário dos Fundos Imobiliários.

Além dela, a Lei 11.033. de 12 de dezembro de 2004, também foi modificada com o objetivo de tornar isento o imposto de renda aos cotistas no recebimento dos rendimentos dessa nova classe de ativos.

Entretanto, a possibilidade mesmo de registro dos novos fundos se deu somente a partir de julho de 2021 com a resolução 39 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Desde então, vemos um crescimento acelerado do setor em captação líquida (aportes menos resgates), patrimônio e número de cotistas.

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Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), os Fiagros tiveram captação líquida de R$ 888,3 milhões nos primeiros seis meses deste ano.

Entre agosto e dezembro do ano passado, a entrada líquida foi de R$ 500 milhões.

Em relação a patrimônio, até setembro, eram R$ 4,6 bilhões distribuídos entre 25 fundos negociados na bolsa de valores, segundo o último relatório mensal divulgado pela B3 com os dados do setor.

No começo do ano, o tamanho do segmento Agro era três vezes menor: havia somente 9 fundos sendo negociados em bolsa e o patrimônio deles somavam R$ 1,4 bilhão.

O crescimento dos números de cotistas também surpreende: são 116,5 mil investidores com algum fundo em custódia.

No começo do ano, eram apenas 31 mil.

Muito se fala sobre o potencial do setor de Fiagros superar em tamanho os já tradicionais FIIs, porém pouco se fala sobre os seus riscos.

O primeiro deles é o risco de mercado relativo aos ativos financeiros presentes no portfólio dos fundos.

Atualmente, o patamar atrativo dos rendimentos desses fundos se deve à alta da taxa Selic.

O alto retorno mensal não está ligado diretamente ao conhecido potencial do setor.

A maioria dos Fiagros possuem portfólio indexado ao CDI.

Com a Selic em patamar de dois dígitos, é natural que os rendimentos estejam elevados.

No entanto, com uma possível tendência de baixa para o ano que vem – projetada pelo boletim focus - será mesmo que vale a pena se tornar investidor agora e surfar uma possível onda de queda nos rendimentos?

O foco do segmento agroindustrial – intencional ou não - tem sido em retorno nominal, aproveitando-se do ciclo atual da taxa de juros.

Como comparação, nos portfólios dos fundos imobiliários já tradicionais, são poucos os fundos com uma estratégia voltada exclusivamente ao CDI no longo prazo.

E parece-me uma jornada natural de uma nova classe de ativos.

Em busca de captar investidores, a estratégia de investimentos é fundamental para já mostrar retorno aos novos tripulantes.

No entanto, o grande desafio mesmo é buscar o ganho real (retorno bruto menos a inflação) no longo prazo, independentemente do ciclo da política monetária atual.

Como essa transição será feita - ou não - por parte dos gestores dos Fiagros, ainda é uma grande incógnita e somente o tempo para nos dizer.

Uma coisa é o potencial do agronegócio, outra é como os fundos de investimentos se aproveitam disso.

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Voltando ao tema jurídico: ainda não existe uma lei específica para o setor.

A resolução 39, mencionada há pouco, serve de caráter experimental e é temporária.

Em breve, devemos ter uma definição mais clara por parte da CVM. Portanto, as regras podem mudar durante o jogo.

E o risco regulatório aqui é sempre um cenário indesejável de se conviver.

Por último, mas não menos importante: a composição do portfólio das atuais  carteiras de investimentos dos Fiagros ainda carece de diversificação geográfica.

Em um país com tamanha extensão territorial e diversidade em várias esferas, é pouco prudente estar exposto a um fundo concentrado em uma determinada área e, consequentemente, à mercê dos riscos ambientais e desastres naturais naquela região.

Os pontos mencionados acima fazem parte de uma análise quantitativa inicial do segmento de Fiagros e devem servir de alerta.

Ao escolher um determinado fundo para investir, não deixe de realizar uma análise qualitativa.

Quero deixar claro que acredito muito nesse setor, mas me mantenho ainda como espectador desse movimento.

Não é à toa que não recomendei até o momento exposição nessa nova classe de ativos aos clientes do Guiainvest Wealth.

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