O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) proibiu a Ambev (ABEV3) de firmar novos contratos de exclusividade para a venda de cerveja até o fim da Copa do Mundo do Catar, que termina em 18 de dezembro.

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A medida, à qual o Estadão/Broadcast teve acesso, foi tomada em caráter cautelar pelo conselheiro Gustavo Augusto depois de reclamação da concorrente Heineken de que a Ambev estaria fechando diversos acordos de exclusividade com bares, restaurantes e outros pontos de venda de forma a excluir as outras cervejarias e limitar a escolha dos consumidores.

Nesse período, a Ambev poderá renovar ou substituir contratos já existentes com pontos de venda, desde que não ultrapasse o limite de 20% do número de bares, restaurantes e casas de shows de determinado bairro ou município.

Segundo fontes de mercado, no entanto, o domínio da Ambev nesse tipo de contrato ainda está bem abaixo desse patamar.

A limitação a esse porcentual continuará valendo mesmo depois da Copa do Mundo, enquanto a medida preventiva estiver em vigor.

As regras também valerão para a Heineken nas unidades da federação nas quais a cervejaria tenha 20% ou mais de participação de mercado.

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A Ambev tem hoje mais de 60% do mercado de cervejas no País, enquanto a fatia da Heineken está ao redor de 20%.

O conselheiro também determinou que o limite para a exclusividade seja observado em shows, festivais musicais, feiras, eventos culturais e esportivos e apresentações.

"Diante dos indícios analisados, considero haver fundado receio de que o programa de exclusividade da representada (Ambev) possa causar lesão irreparável ou de difícil reparação ao mercado e aos consumidores", afirmou Augusto.

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A medida determina ainda a imediata suspensão de todas as cláusulas contratuais dos contratos deem preferência ou qualquer tipo de vantagem para a Ambev na abertura de pontos de vendas futuros dos contratados.

Caminhos do processo 

De acordo com a diretora jurídica da Heineken, Sirley Lima, a decisão é uma resposta a um recurso ao Cade da Heineken sobre o fechamento de contratos de exclusividade pela Ambev, que é líder de mercado.

A ação foi aberta em março, mas a Superintendência-Geral do Cade entendeu, inicialmente, que não haveria motivos para uma medida preventiva restringindo a atuação da Ambev com bares e restaurantes.

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A decisão agora proferida pelo conselheiro Gustavo Augusto funciona como uma espécie de liminar e é uma resposta a um recurso impetrado pela Heineken em cima da decisão da Superintendência.

A mudança de posicionamento do órgão se deu, segundo a diretora da Heineken, após o Cade ouvir outros nomes no mercado, como o Grupo Petrópolis e a Estrella Galicia.

Embora a decisão do órgão de defesa da concorrência cite também a Heineken, Sirley Lima frisa que a empresa estaria disposta a abrir mão de seus contratos de exclusividade em todo o País.

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"Nós temos contratos de exclusividade em algumas regiões, mas é uma estratégia defensiva", explica.

Embora a própria decisão do Cade afirme que o total de bares e restaurantes em regime de exclusividade com a Ambev não passe de 4% ou 5%, a Heineken vê a prática como uma ameaça: "Daqui a pouco não iríamos ter cerveja Heineken em regiões de São Paulo e Rio de Janeiro", disse a executiva.

Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil), Paulo Petroni, a decisão do Cade que proibiu a Ambev e a Heineken de firmar novos contratos de exclusividade para a venda de cerveja até o fim da Copa do Mundo do Catar, é um bom sinal.

"Vemos com bons olhos. Os órgãos de controle estão colocando luz nesses abusos de poder econômico que tanto danificam o mercado de bebidas frias." 

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Outro lado 

A Ambev informou que recebeu com total surpresa a "decisão monocrática" divulgada hoje, depois da Superintendência-Geral do Cade ter concluído que não havia qualquer evidência para impor medida preventiva.

"Tomaremos as medidas cabíveis. Na Ambev respeitamos a legislação brasileira com seriedade", informou a empresa, em nota.

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Resultado da Ambev no Segundo Trimestre de 2022

resultado da Ambev (ABEV3) no segundo trimestre de 2022 (2t22), divulgado no dia 28 de julho, apresentou um lucro líquido de R$ 3,1 bilhões no 2T22, uma alta de 4,6% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.

O Ebitda ajustado da Ambev atingiu R$ 5,5 bilhões no 2T22, apresentando crescimento de 17,6% na comparação com o 2T21.

A margem Ebitda ajustada da Ambev totalizou 30,8% no 2T22, apresentando retração de -2,9 pontos percentuais na comparação com o 2T21. 

A margem líquida da Ambev atingiu 17,0% no 2T22, apresentando retração de -1,6 pontos percentuais na comparação com o 2T21.

As ações da Ambev (ABEV3) acumulam alta de 2,42% na bolsa de valores nos últimos 7 dias e alta de 3,08% nos últimos 12 meses.

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Fonte: Estadão Conteúdo.