Vamos começar com uma premissa básica do mercado de ações: não há oportunidade sem incerteza.

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Se há incerteza, há oportunidade. Se não há incerteza, não há oportunidade.

Simples assim.

Vamos aos ocorridos da semana.

A decisão do ministro Edson Fachin tornou elegível o ex-presidente Lula.

Do ponto de vista estritamente do mercado financeiro, qual foi a interpretação?

A primeira é a percepção de insegurança jurídica. O investidor, doméstico ou gringo, aumenta a sua percepção de risco ao perceber que até o passado é incerto por essas terras.

Com mais risco, se exige maior prêmio por risco e, para haver mais prêmio por risco, os ativos de risco precisam estar mais descontados.

A bolsa de valores apanha.

A segunda interpretação seria um temor da volta da Nova Matriz Econômica por parte de um eventual governo Lula, com desonerações para setores elegidos à gosto, intervenções em tarifas e uma política monetária leniente com a trajetória inflacionária.

A terceira interpretação seria um temor quanto a reação do governo sobre a notícia.

Dada a falta de convicção liberal do presidente Jair Bolsonaro, será que o ocorrido não abre precedente para uma definitiva guinada populista, abrindo um pacote de bondades que voltaria a elevar a popularidade do presidente em detrimento ao zelo pela trajetória fiscal?

São os tópicos que os gestores colocaram na mesa ontem à tarde.

O mercado global já estava arisco com o aumento dos yields das treasuries americanas (aumento dos juros dos títulos públicos americanos), com forte redução do apetite por risco.

A soma da aversão a risco internacional com o noticiário doméstico azedou de vez o mercado: bolsa em queda, dólar para cima.

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Agora vamos à parte pedagógica e retirar algumas lições que o dia nos deixa.

Não dá mais para ter todo patrimônio exposto somente ao Brasil.

O canal Joias da Bolsa tocado com maestria pelo meu amigo e sócio Eduardo Voglino contempla ações tanto brasileiras quanto internacionais, trazendo a devida diversificação do portfólio.

Isso já é o suficiente para incluir dólar e bolsa americana à carteira de investimentos

Outra lição importante é termos ações de exportadoras, que estão ligadas a outras dinâmicas e que se beneficiam de um dólar fortalecido frente ao real.

Ter ações ligadas ao setor de tecnologia também é escolher uma dinâmica mais imune às intempéries políticas.

No mais, volte sempre ao value investing clássico comprando aquilo que está para trás: shoppings e educacionais são uma boa pedida nesse sentido, mas há de se ter muita paciência, afinal não são ativos que vão começar a desempenhar bem a partir da semana que vem.

Talvez tenhamos que nos conformar que, na verdade, o Brasil é um país previsível e seguro: não temos a menor chance de dar certo.

Mas aparentemente nós nunca demos errado também e estamos fadados às nossas próprias peculiaridades medíocres.

Isso obviamente não quer dizer que não haja dinheiro a se ganhar.

É justamente da descrença que derivam as grandes oportunidades que o mercado nos dá.

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