O que é forward guidance?

Forward guidance refere-se à comunicação de um Banco Central sobre o estado da economia e o provável curso futuro da política monetária. 

Carteira Recomendada? Faça um Diagnóstico Online e Receba uma Carteira Gratuita.

É a opinião que um Banco Central emite ao público sobre o que se está pensando sobre a política monetária e os passos que pretende dar nos próximos períodos.

O forward guidance tenta influenciar as decisões financeiras dos agentes econômicos, como as famílias, empresas e investidores, fornecendo uma orientação para a trajetória esperada das taxas de juros.

Essa orientação futura tenta evitar surpresas que possam perturbar os mercados e causar flutuações significativas nos preços dos ativos.

No Brasil, é possível entender o forward guidance do Banco Central a partir das atas do COPOM, que é um documento emitido a partir das reuniões que decidem como será feita a política monetária.

Ficou na Dúvida Sobre Investimentos? Baixe Grátis o Dicionário do Investidor.

Como funciona o forward guidance?

O forward guidance é uma ferramenta fundamental que os Bancos Centrais de todos os países têm para orientar o comportamento dos mercados. 

Isso porque as flutuações de mercado são fortemente impactadas pelas expectativas que os agentes têm sobre o comportamento da taxa de juros.

Se os agentes esperam, por exemplo, que os juros irão aumentar, então os investidores poderão antecipar este movimento e começar a vender seus ativos mais arriscados, como as ações.

Por outro lado, se é esperado que o Banco Central irá diminuir os juros, as pessoas poderão correr para ativos de maior risco, buscando maior remuneração.

Com isso, o forward guidance deve deixar bem claro ao público as informações sobre como o Banco Central está enxergando o cenário econômico.

Qualquer vírgula no anunciado pode fazer toda diferença.

Dessa forma, o forward guidance consiste não apenas em dizer ao público o que o Banco Central pretende fazer, mas também sobre quais condições o farão manter o curso e quais condições o farão mudar sua abordagem.

Por exemplo, no início de 2014, o Fed (Banco Central dos EUA) disse que continuaria a manter a taxa de juros na faixa entre 0% e 0,5% pelo menos até que a taxa de desemprego caísse para 6,5% e a inflação aumentasse para 2% ao ano. 

O Fed disse também que, uma vez atingido essas essas condições, não elevaria fortemente os juros, mas sim faria ajustes graduais na política monetária para não causar um choque muito forte nos mercados. 

O principal argumento em favor do forward guidance é que isso permite os agentes terem uma melhor noção sobre os rumos futuros da economia.

Com isso em mente, os indivíduos, empresas e investidores podem ter mais confiança em suas decisões de gastos e investimentos, e, consequentemente, tomar decisões melhores e mais eficientes.

Além disso, o forward guidance ajuda a diminuir o nível de incerteza, permitindo os mercados financeiros a funcionarem sem grandes problemas. 

Uma coisa que os agentes dos mercados financeiros não gostam de forma alguma são surpresas.

Forward guidance e a crise da covid-19

Nos Estados Unidos, o Fed tem usado o forward guidance como uma de suas principais ferramentas desde a Grande Recessão de 1929.

Inclusive, este instrumento tem sido de muita utilidade na política monetária atual, para o enfrentamento da crise da pandemia da covid-19.

Por meio do forward guidance, a ata do Fed comunicou sua intenção de manter as taxas de juros baixas pelo tempo que for necessário, a fim de melhorar a disponibilidade de crédito e estimular a economia. 

Da mesma forma, o presidente do Fed, Jerome Powell, comunicou aos mercados financeiros que continuará a apoiar a economia dos EUA até que os efeitos da pandemia tenham diminuído. 

Com isso, o Banco Central dos EUA emite um sinal para os mercados que os juros não irão aumentar até que as condições de mercado estejam normalizadas.

Isso pode ajudar a conter as euforias derivadas do descontrole fiscal e de possíveis choques inflacionários.