As últimas falas do presidente Jair Bolsonaro dão indícios de que a interferência política na Petrobras (PETR4) se manterá baixa, o que ajuda na manutenção da política de preços e anima os mercados.
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Como já é comum, o mercado se mantém atento quanto às possibilidades de interferência do governo na estatal.
Este, inclusive, é um dos principais riscos do ativo, pois afetam a eficiência da administração e os ganhos dos investidores.
Em períodos de inflação elevada, a Petrobras costumava ser utilizada por parte do governo como mecanismo para controlar a subida dos preços.
Entretanto, as recentes declarações de Bolsonaro e do diretor da empresa, Joaquim Silva e Luna, juntamente com as decisões de elevar o preço dos combustíveis, indicam que a Petrobras possui ainda elevado grau de autonomia.
Aumento de preço do diesel
Nesta terça-feira (28/09), a Petrobras anunciou o reajuste do preço do Diesel.
Conforme a empresa, o valor vendido às distribuidoras passará de R$2,82 para R$3,06 por litro. Os R$0,25 representam 8,9% de aumento.
O reajuste entra em vigor na quarta-feira (29).
A alta vem após 85 dias de preços estáveis para o combustível. O último ajuste tinha sido no dia 7 de julho.
O preço de R$ 3,06 corresponde ao valor total cobrado aos postos, incluindo os impostos.
Considerando apenas os valores correspondentes à Petrobras, temos que o valor cobrado apenas pela Estatal será de, em média, R$ 2,70 por litro. Isso representa uma alta de R$ 0,22 em relação ao valor atual.
Segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio do litro do diesel no país estava em R$ 4,707 na semana passada.
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Falas de Bolsonaro e de Silva e Luna indicam novos aumentos
O anúncio de hoje (28/09) se refere apenas ao diesel. A Petrobras não informou qualquer reajuste nos preços dos outros combustíveis.
Porém, os aumentos para os demais são esperados.
Em coletiva realizada na tarde de ontem (27/09), o diretor da Petrobras explicou que existe uma defasagem no preço dos combustíveis.
Dessa forma, a decisão de reajuste será tomada caso o cenário atual permaneça.
Na ocasião, Silva e Luna reafirmou que não fará mudanças em sua política de preços, a qual precifica os combustíveis de acordo com os valores cotados em dólar no mercado internacional.
À princípio, tal política mantém o respaldo do presidente.
Em fala com apoiadores na porta do Palácio da Alvorada na noite de ontem (27/09), Bolsonaro se eximiu de culpa, dizendo que não interfere nos assuntos da petrolífera.
“Eu não sou dono da Petrobras. Não posso falar ‘não aumenta’. Nove instituições regulam a Petrobras”, disse o presidente.
“Subiu lá fora o petróleo, subiu o dólar aqui, o aumento é automático. Não tem como resolver a curto prazo esse negócio aí”.
A perspectiva de manutenção da autonomia anima os mercados. No fechamento de hoje, as ações preferenciais (PETR4) recuaram apenas 0,66%, enquanto o Ibovespa caiu 3,05%.
Riscos à inflação
Os combustíveis são um dos principais componentes da inflação brasileira.
De acordo com o IBGE, que calcula os dados do IPCA, o óleo diesel tem peso de 0,13% no indicador, enquanto que a gasolina tem peso de 3,87% e o etanol de 0,92%.
Ainda de acordo com o IPCA, no acumulado do ano até agosto, o óleo diesel subiu 28,02% no país.
A alta dos preços do petróleo, aliado aos discursos de manutenção à política de preços, indicam que o alívio à inflação dificilmente virá pelos preços dos combustíveis.
Umas das questões que ficam é se a política de preços atual se manterá mesmo com o avanço da inflação e de pressões populares contra a atual administração.
Nesta terça-feira, o barril do petróleo Brent superou a marca de US$80 atingindo a maior cotação desde outubro de 2018.
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