O dono da Marfrig (MRFG3), o empresário Marcos Molina, dobrou sua aposta na empresa que fundou, uma das principais produtoras de carne em todo o mundo.

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Em um ano, desde que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vendeu sua participação na companhia, Molina investiu cerca de R$ 1 bilhão na compra de ações em Bolsa.

Com isso, a participação do empresário no frigorífico foi de aproximadamente 34% para perto dos 50%.

Como consequência, Molina está muito próximo de voltar ao controle inquestionável da empresa que abriu décadas atrás.

A maior compra até aqui ocorreu no fim de 2019, quando o banco de fomento se desfez de sua participação no frigorífico por meio de uma oferta de ações na B3.

À época, a empresa aproveitou e fez uma operação primária de ações para reforçar seu caixa. Molina abocanhou um pedaço da oferta, desembolsando cerca de R$ 400 milhões. De lá para cá, o movimento continuou.

O empresário seguiu com um ritmo mensal de aquisições. Aproveitou, inclusive, para ir às compras quando as ações da empresa despencaram, como todo o mercado, logo no início da pandemia.

Segundo fontes próximas ao executivo, o foco do empresário na compra das ações está exclusivamente na visão de longo prazo em relação ao desempenho do papel, ou seja, na crença é de que há espaço para valorização.

Em 12 meses, a ação teve alta de 26%, enquanto o Ibovespa, principal índice da B3, registrou valorização de 3%. Procurado, Molina não comentou.

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Ajuste dos ponteiros

Com o endividamento em queda e se aproveitando do bom momento operacional, a Marfrig voltou ao radar dos investidores, que também buscaram na crise maior exposição a empresas exportadoras, que se beneficiam do dólar mais alto.

"As vantagens competitivas da Marfrig derivam da ampla escala de suas operações, do acesso aos mercados de exportação a partir do Brasil e dos EUA e de seu relacionamento de longo prazo com fazendeiros, clientes e distribuidores", diz um relatório de janeiro da agência de classificação de riscos Fitch.

O documento continua: "Os fundamentos globais do setor de carne bovina devem permanecer positivos nos próximos dois anos para os produtores da América do Sul e dos EUA, devido ao incremento na demanda e à boa disponibilidade de gado."

Na visão do vice-presidente de finanças e de relações com investidores da Marfrig, Tang David, desde o ano passado a empresa vive um "momento de virada", algo possível com o foco em carne bovina, marcado pela venda da Keystone Foods e pelo aumento da participação na Nacional Beef. Na companhia norte-americana, a Marfrig detém uma fatia de 82%.

Fora, isso, comenta o executivo, no começo do ano passado a empresa afinou sua gestão, o que resultou na eliminação da figura do diretor executivo global, simplificando a estrutura e gerando ganhos de eficiência e mais agilidade na tomada de decisão.

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Essa mudança ajudou a companhia a atravessar o período de pandemia, segundo David.

O grupo também reduziu seu endividamento por meio de geração de caixa e troca de títulos de dívidas emitidos no exterior.

A Marfrig lançou um título de dívida externa no mês passado, para utilizar os recursos para recomprar dívida mais cara. Como houve uma grande demanda, acabou aumentando o tamanho da emissão, que chegou em US$ 1,5 bilhão.

Ao montante, a empresa colocou mais US$ 250 milhões do seu caixa e trocou a dívida por uma mais barata, gerando uma economia da ordem de R$ 1 bilhão.

"Vamos continuar diminuindo a dívida bruta com geração de caixa", destaca David. A Marfrig já tinha conseguido encerrar o terceiro trimestre do ano passado com o menor índice de endividamento da sua história.

No período de julho a setembro, ela apresentou uma receita líquida de R$ 16,8 bilhões, sendo 72% proveniente da América do Norte.

Lá, a Marfrig está presente por meio da National Beef, que exporta para mais de 30 países e tem capacidade de abate de 13,1 mil cabeças de gado por dia.

Molina já deixou clara sua vontade de que as ações da companhia sejam negociadas nos Estados Unidos - uma das alternativas que foram para a mesa para destravar valor.

O vice-presidente de finanças da companhia, contudo, diz que a Marfrig não está trabalhando em uma abertura de capital no exterior neste momento.

"Mas essa é, sim, uma alternativa para destravar valor. Esse é uma decisão do conselho", destaca.

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Resultado da Marfrig no Terceiro Trimestre de 2020

O resultado da Marfrig (MRFG3) no terceiro trimestre de 2020 (3t20), divulgado no dia 12 de novembro, apresentou um lucro líquido de R$ 674 milhões, alta de 571,3% em relação ao mesmo período do ano anterior.

O Ebitda da Marfrig atingiu R$ 2,1 bilhões no 3t20, apresentando crescimento de 46,0% na comparação com o 3t19.

A margem Ebitda da Marfrig totalizou 12,7% no 3t20, apresentando crescimento de 1,2 ponto percentual na comparação com o 3t19. 

A Margem líquida da Marfrig atingiu 4,0% no 3t20, apresentando crescimento de 3,2 pontos percentuais na comparação com o 3t19.

As ações da Marfrig (MRFG3) acumulam alta de 2,86% na bolsa de valores nos últimos 7 dias e alta de 121,45% nos últimos 12 meses.

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Fonte: Estadão Conteúdo.