Com problemas desde meados da década passada, a Rossi (RSID3) já não era considerada relevante para o mercado de capitais há algum tempo, afirmam dois analistas de bancos que não quiseram se identificar, e seus problemas são “esqueletos de ciclos anteriores”, que “nada têm a ver com o mercado de hoje”.

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Para eles, as incorporadoras listadas hoje estão mais conscientes em relação a alavancagem, se esforçam para manter balanço forte, e são mais cautelosas.

“Não tem discussão grande sobre risco de liquidez”, diz uma das fontes.

A companhia publicou na CVM a petição de seus advogados que fundamenta o pedido de recuperação judicial.

No material, é citado que o grupo Rossi enfrenta 24 pedidos de falência e tem mais de 5 mil ações em curso.

Os advogados do escritório E.Munhoz, que assessoram a Rossi no processo, citam ainda que, nos últimos anos, a companhia passou a ter um volume maior de distratos do que de vendas - o valor da devolução de unidades passou de representar 29,3% das vendas brutas, em 2013, para ser 35,3% maior do que o total comercializado em 2021.

O documento confirma ainda o valor total da dívida da companhia, adiantado ao Valor na segunda-feira, em R$ 1,23 bilhão.

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Rossi foi criada em 1980, abriu capital em 1997 e fez uma nova oferta pública primária e secundária de ações em 2006, aderindo ao Novo Mercado.

Para os analistas consultados, os problemas da companhia começaram no início da década de 2010, quando sua expansão geográfica resultou em estouro de custos.

Foi também quando a empresa teve seu melhor ano, com R$ 4,3 bilhões em VGV lançado em 2011. A companhia não realiza mais lançamentos desde 2014, com exceção de um loteamento em Campinas (SP) em 2017.

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O advogado Marcelo Tapai, especializado em direito imobiliário e do consumidor, afirma que já tem 35 clientes com ações contra a Rossi, que agora devem ter seus pleitos paralisados por causa da recuperação judicial.

Rossi informa que não possui empreendimentos em construção e que todas as suas unidades estão entregues, mas Tapai afirma que clientes que fizeram distratos ou entraram com pedidos de indenização por atraso na entrega das unidades serão prejudicados.

“O mais grave é o cliente que fez distrato, porque ele não tem nem o imóvel nem o dinheiro”, diz.

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O escritório do advogado fez um levantamento e apontou possuir outros 424 clientes de mais 13 incorporadoras que entraram com plano de recuperação judicial ou já saíram do processo.

Tapai critica os planos de recuperação firmados pelas empresas do setor, que considera um “calote institucionalizado”.

Como exemplo, cita os casos das empresas Esser e Queiroz Galvão, nos quais os planos concedem deságio de 90% e 80% para o pagamento.

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No plano da PDG (PDGR3), afirma, não há deságio, mas a correção monetária é feita pela Taxa Referencial, com pagamento após 20 anos da homologação do plano, de 2018.

Segundo os analistas, o fato da Rossi ter entrado com o pedido de recuperação judicial pode ser sinal de que sua administração viu uma luz no fim do túnel e decidiu se organizar para atingir esse objetivo, mas o caminho para voltar a ficar saudável e lançar é longo. Também envolve mudanças importantes.

Duas empresas citadas pela Rossi como exemplos de quem conseguiu sobreviver à recuperação judicial, Viver e PDG, trocaram de nome na nova fase. Esse pode ser um caminho para a Rossi no futuro, afirma um dos analistas.

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A Viver era a Inpar, e a PDG anunciou em agosto que mudaria seu nome para ix.incorporadora.

Depois do lado financeiro, o desafio é recuperar a credibilidade com o mercado e os consumidores.

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Fonte: Valor Econômico.