O que é Belíndia

Belíndia é um país fictício criado pelo economista brasileiro Edmar Lisboa Bacha e apresentado pela primeira vez em 1974 em sua fábula O Rei da Belíndia: Uma fábula para tecnocratas.

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A definição etimológica de Belíndia parte da junção das palavras Bélgica e Índia, que são dois países de economias contrastantes.

Edmar criou Belíndia para ilustrar as características de um país desigual quanto a sua distribuição de renda.

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Resumo da fábula sobre Belíndia

Um economista estrangeiro chega à Belíndia. Após conhecer o rei e impressioná-lo com seu conhecimento sobre economia, este solicita que o economista calcule a taxa de crescimento de seu país.

O reino de Belíndia contava com um instituto de estatísticas considerado muito eficiente. O economista então lhes solicitou alguns dados para calcular a estimativa de crescimento do país.

Nos dados apresentados era possível observar uma forte diferença na riqueza entre um indivíduo e os demais. 

Este indivíduo tinha um nível de riqueza maior e havia crescido mais que os outros.

Para contemplar essa realidade, o economista empregou uma metodologia que alcançou três resultados distintos, cada um deles enfatizando uma posição político-ideológica:

  • O primeiro resultado advinha de uma análise mais justa e igualitária;
  • O segundo resultado colocava as pessoas com menos riqueza como a ênfase do cálculo;
  • O terceiro resultado era análogo ao cálculo do PIB.

Ao mostrar essas diferenças contrastantes nos resultados obtidos, o rei ficou curioso e pediu explicações. Logo, o seu instituto de estatística apresentou a sua própria conclusão.

O resultado do instituto de estatísticas e o resultado que o economista chegou ao fazer um cálculo análogo ao do PIB, eram o mesmo. 

Nesse momento o rei compreendeu a importância de considerar as desigualdades sociais e passou a utilizar a metodologia do economista, obtendo sempre as três realidades.

Contexto de Belíndia

Edmar escreveu “O Rei da Belíndia: Uma fábula para tecnocratas”, durante o período da ditadura militar brasileira, mais precisamente em uma época que o país vivia o famoso milagre econômico.

Esse milagre econômico consistia em taxas de crescimento do PIB maiores que 10% anuais, fato que foi muito explorado pelo governo, principalmente para emplacar campanhas ufanistas.

O economista com sua fábula quis, no entanto, demonstrar que essa taxa de crescimento tão lustrosa desconsiderava a forma como o dinheiro estava sendo distribuído.

Na história o escritor exemplificou: um indivíduo com uma grande riqueza e que crescesse mais que outros indivíduos com uma riqueza menor, poderia induzir positivamente o resultado do PIB.

Essa indução positiva do PIB, por sua vez, não seria capaz de representar a realidade da população, que viu a sua riqueza pouco crescer, se comparado àquele único indivíduo rico.

Belíndia e o Brasil atual

Atualmente existem economistas que sugerem que a Belíndia virou “Itajordânia”, junção das palavras Itália e Jordânia, que são dois países de economias distintas, porém menos díspares que Bélgica e Índia.

Essa atualização proposta no termo se deve à melhora no grau de desigualdade, que já não é uma pobreza análoga à da Índia e nem uma riqueza comparável à da Bélgica.

São muitos fatores que corroboraram para a mudança dessa realidade na economia brasileira desde a década de 70. No entanto, é importante ressaltar que essa era a realidade pré-pandemia.

Belíndia e sua crítica

O ponto central na crítica feita pela fábula de Belíndia diz respeito a como indicadores econômicos podem servir para mascarar a realidade de um país.

O quadro geral que se cria de uma realidade distorcida, por sua vez, pode acabar sendo utilizado para justificar decisões injustas ou mesmo errôneas.

E se a tomada de decisão mediante informações não condizentes com os fatos pode ser perigosa para a economia de um país, a lógica também se aplica a decisões individuais.

Um investidor que, por exemplo, baseie-se apenas em um indicador para investir o seu dinheiro pode acabar tendo um resultado desagradável.