Nesta manhã (31), a IRB-Brasil Resseguros (IRBR3) realizou a teleconferência de anúncio dos resultados da companhia no segundo trimestre de 2020.

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Na ocasião, o vice-presidente da IRB para riscos, Wilson Toneto, afirmou em entrevista coletiva que não há um ‘gap’ de solvência regulatória na companhia, mas somente de liquidez.

Segundo a IRB, ao fim do segundo trimestre esse déficit de liquidez era de R$ 3,3 bilhões, mas ainda não considerava o aumento de capital homologado hoje pelo conselho de administração.

Considerando o aumento de capital, o déficit de liquidez cairia para algo em torno de R$ 1 bilhão.

Segundo Werner Süffert, vice-presidente financeiro da IRB, isso é uma “ilação” que ainda não considera por exemplo os resultados operacionais de julho e agosto.

Toneto explicou que a IRB já apresentou à Susep um plano para zerar esse déficit nos próximos meses, que inclui antecipação de recebíveis, colocação de debêntures privadas e outras operações estruturadas.

Ele ressaltou ainda o bom relacionamento com a autoridade e explicou que a fiscalização especial da Susep não é uma interferência administrativa na companhia.

“Quase 70% do problema de liquidez já está resolvido”, disse o presidente Antônio Cássio dos Santos.

Segundo Süffert, o plano da companhia é criar condições para resolver o problema de liquidez e ainda criar um ‘colchão’.

“O objeto não é simplesmente chegar no mínimo, mas termos um colchão para suportar o crescimento, porque com isso teremos mais provisões no futuro”, explicou.

Segundo Toneto, após o aumento de capital o índice de solvência deve subir para 244%, um dos mais elevados do mundo.

Süffert comentou ainda que os prêmios emitidos cresceram 8% no segundo trimestre, mas que eles foram influenciados pela carteira no exterior, com a depreciação do real.

Segundo Santos, a queda do resultado financeiro no período foi algo pontual trazido pela crise macroeconômica.

“Tivemos melhora na geração de caixa operacional e o objetivo é seguir melhorando”, afirmou Süffert.

“Estamos claramente no caminho de geração de caixa, que é um dos nossos grandes objetivos”, acrescentou Santos.

Ele apontou que agosto foi menos deficitário que julho e ratifica a tendência da companhia de caminhar para um breakeven na geração de caixa.

“Em setembro, se não houver algum sinistro anormal, estaremos próximo ao breakeven”, explicou.

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Desempenho

Na entrevista para comentar os resultados da resseguradora, o presidente da IRB, Antônio Cássio dos Santos, afirmou que a qualidade do balanço hoje é “altíssima, incomparável com o que tínhamos no passado”.

Ele também destacou que um parecer autuarial da consultoria EY foi concluído nos últimos dias e atesta que as reservas da companhia estão adequadas.

“Todas as auditorias e investigações estão concluídas, não há mais nenhum trabalho em curso, nenhum ajuste no balanço a ser feito”, afirmou.

A companhia fechou o segundo trimestre com um prejuízo de R$ 685 milhões.

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Sinistros

O índice de sinistralidade da IRB ficou em 135,3% no período, o que prejudicou o resultado no período.

Santos explicou que o índice foi impactado por três efeitos extraordinários, decorrentes da pandemia de coronavírus.

O primeiro foi que, a partir de abril e, em especial em junho, as cedentes aceleraram a confecção de relatórios de regulações de sinistros ocorridos em anos anteriores.

Isso também se deveu ao “risco reputacional” da companhia, conforme admitiu o executivo.

O segundo fator foi que as cedentes e retrocessionárias com contas correntes positivas se anteciparam em cobrar a IRB de maneira mais rápida.

“Como a base da contabilização é a aceitação do acerto de contas pela IRB, a administração seguindo bons padrões de governança, contabilizou-os corretamente”, diz a apresentação usada pela administração da companhia.

O terceiro fator foi a depreciação do câmbio, que exacerbou os efeitos da pandemia nos sinistros provenientes do exterior, que são cerca de 60% dos sinistros da IRB.

Segundo a IRB, a sinistralidade acumulada em 12 meses ficou em 73,1% no período até junho.

Desconsiderando o primeiro efeito extraordinário, ela seria de 70,8%.

E desconsiderando também o segundo, cairia para 65%.

A IRB não faz a conta com o efeito do câmbio, por entender que esse fator é muito volátil.

Segundo Santos, uma sinistralidade mais “normal” da IRB seria algo entre 67,5% e 73,0%.

“Não é uma estimativa, são dados não auditados, mas é uma sinalização que queremos dar do que seria um nível mais normal, tirando efeitos extraordinários”, comentou.

Santos também ressaltou que há uma tendência de aumento da sinistralidade em todo o mundo atualmente, em função da pandemia.

“Temos uma companhia muito mais líquida e solvente, com melhores reservas, do que tínhamos antes”, ressaltou.

Segundo Süffert, no segundo trimestre o aumento de sinistralidade se deveu aos segmentos patrimonial, agro e aviação.

O presidente da IRB ressaltou que a companhia está revendo sua carteira e decidiu sair de três grandes negócios “desagregadores de margens”.

Esses três contratos somam R$ 2,3 bilhões em prêmios e deram um prejuízo de R$ 569 milhões nos últimos 29 meses.

Santos disse que por questões de confidencialidade a IRB não pode revelar quais são esses clientes, mas acrescentou que são estrangeiros.

Ele disse que a companhia “deu sorte” que os três venciam em julho e, assim, não foram renovados, sendo que as carteiras agora serão administradas em run-off, o que deve ser concluído relativamente rápido, já que os contratos não têm prazos muito longos.

“Esses contratos venceram e decidimos não renovar, nem participamos de concorrência”.

Segundo ele, não houve nenhuma irregularidade na assinatura desses contratos, mas podem ter sido tomadas decisões comerciais erradas.

“Esses contratos se desenvolveram muito mal. Houve uma baita concentração nos últimos meses, que foi um grande sinalizador para nós analisarmos melhor, nos aprofundarmos. Isso coincidiu com o vencimento dessas contas e decidimos não renová-las”.

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Fonte: Valor Econômico