A criação de instrumentos financeiros que levem em conta os benefícios de fontes renováveis em meio à transição energética serão um desafio para as empresas de energia, destacou a diretora de estratégia da Enel, Rosana Santos.

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A fala ocorreu durante evento online promovido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nesta sexta-feira (23).

“É um desafio pensar produtos financeiros que tenham a cara da economia verde”, afirmou a diretora.

Rosana lembrou que a valoração das novas tecnologias deve levar em consideração não apenas a baixa emissão de carbono na geração de energia, como também benefícios sociais.

“Os projetos eólicos, por exemplo, vão além de uma tecnologia com baixa emissão de carbono, pois traz benefício sociais para as comunidades onde estão"

"Se paga um arrendamento para as famílias próximas às usinas, o que cria um espaço econômico em regiões onde antes ele não existia, como nos rincões do nordeste”, acrescentou.

Também presente ao evento, o CEO da AES Tietê (TIET11), Ítalo Freitas, concorda que financiamento ainda é um grande desafio para o acesso às fontes renováveis.

"O financiamento é crucial para que a gente leve energia competitiva. É preciso analisar riscos e trazê-los bem mitigados para o mercado financeiro”, explicou o CEO.

O executivo acrescentou que as novas tecnologias sendo incorporadas ao setor elétrico devem ajudar a incorporar novos clientes ao mercado livre de energia e a incentivar o acesso às fontes renováveis.

Segundo Freitas, “a forma de se acessar o cliente de varejo tem que ser digital e fácil, de forma que se consiga migrar o cliente para o mercado livre".

"É essencial fomentar o mercado livre e a sustentabilidade. É a maneira mais rápida de descarbonizar a indústria e o comércio brasileiros”, explicou o CEO.

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Energia na Amazônia

A diretora de estratégia da Enel defendeu que o fornecimento de energia elétrica às regiões isoladas na Amazônia que ainda não estão conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN) tem que combinar custos e preservação da floresta.

“As áreas que sobram a serem eletrificadas não estão conectadas ao SIN ou ao sistema local porque isso custa muito caro", alertou.

"O atendimento longínquo à Amazônia vai funcionar se a gente desenvolver sistemas como green bonds, por exemplo, atrelados a estes investimentos, ou algo como um sustainability bonds."

"Dentro desses financiamentos, é preciso que já seja pensada também alguma forma de se pensar a manutenção destes sistemas, que é muito caro”, defendeu a diretora.

Freitas vê como uma solução para o atendimento elétrico à região o uso de tecnologias de “microgrids”, ou micro-redes, que incluem fontes de energia distribuída e cargas capazes de operar em paralelo com o sistema principal.

“Microgrids são o futuro, vemos belíssimas aplicações desse tipo de sistema fora do Brasil e torço para que a gente consiga trazer isso para a Amazônia, porque o impacto é sensacional”, explicou Freitas.

Dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) apontam que o Brasil tem 270 sistemas isolados de energia ainda não conectados ao SIN, com cerca de 3,3 milhões de habitantes, sendo quase todos na região norte do país.

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Fonte: Valor Econômico