O que é crowding-out?

Crowding-out é um termo bastante utilizado nas ciências econômicas nos estudos referentes à relação entre gastos públicos e investimento privado.

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Mais especificamente, crowding-out se refere ao fenômeno em que um aumento dos gastos do governo gera um efeito negativo no investimento privado. 

Outro termo usado no debate sobre este tema é o crowding-in.

Neste, por sua vez, temos uma relação contrária ao crowding-out

O efeito crowding-in ocorre quando um aumento de gastos governamentais impacta positivamente o investimento privado.

De um lado, o crowding-out se refere à uma relação de rivalidade entre investimentos/gastos públicos e investimentos privados, ou seja, um atrapalha o outro.

Por outro, a abordagem defende o efeito crowding-in argumenta que o investimento/gasto público é complementar ao investimento privado, ou seja, um ajuda o outro.

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Como funciona o efeito crowding-out?

Dentro do contexto da gestão da política fiscal, há essencialmente dois pontos de vista distintos sobre os efeitos do aumento do gasto público no investimento privado.  

A visão econômica tradicional destaca que o aumento das despesas do governo reduziria o investimento privado, provocando, assim, o efeito deslocamento ou crowding-out.  

O efeito crowding-out funciona a partir das seguintes etapas:

  1. Um maior gasto governamental, seja ele financiado com impostos ou com a dívida pública, aumenta a demanda por bens e serviços.
  2. Por sua vez, isso gera uma elevação das taxas de juros, necessário para controlar a inflação resultante deste aumento de gastos.
  3. Em seguida, isso gera um ajuste na parte dos investimentos privados, resultado do encarecimento do crédito e dos bens de capital. 

Por outro lado, há uma abordagem econômica alternativa que afirma poder haver um efeito contrário na relação entre gastos públicos e investimento privado.

Este é o efeito crowding-in, que funciona a partir das seguintes etapas:

  1. Um maior gasto governamental aumenta a demanda por bens e serviços.
  2. O efeito na inflação dependerá do nível de atividade econômica.
  3. Se a economia estiver com pleno uso da capacidade instalada, então os efeitos serão em linha com o crowding-out.

Porém, se a economia estiver com capacidade ociosa, poderá ocorrer de uma elevação na demanda, derivada do aumento de gastos públicos, induzir a um aumento na produção e nos investimentos privados.

  1. Isso ocorrerá porque a demanda adicional não gerará pressão sobre a inflação, o que permitirá a manutenção dos juros em patamar baixo.

Um exemplo de crowding-out é o aumento de gastos correntes, como gastos administrativos, gastos com saúde, educação, políticas sociais, etc.

Estes gastos podem atrapalhar os investimentos privados, pois expande o endividamento do Estado, que, por sua vez, deverá ser financiado com aumento de impostos ou de taxa de juros.

Nestes casos, aumento de gastos públicos causam queda na produtividade para a nação.

Esse aumento de gastos provocará distorções no mercado financeiro e de capitais, uma vez que o financiamento dos gastos públicos irá rivalizar com o financiamento do investimento privado.

Caso os gastos públicos não entreguem uma contrapartida em termos de crescimento da produção, isso implicará em uma economia em pior situação no futuro.

Ou seja, teremos uma economia com demanda elevada e baixa oferta de bens e serviços, impactando, inclusive, a vida dos mais pobres, devido a deterioração de sua renda real.

O debate sobre crowding-in e crowding-out no Brasil

Há um debate recorrente entre os formuladores de políticas públicas sobre se o aumento do gasto público reduz o investimento privado ou se lhe é complementar. 

As pesquisas empíricas apresentam conclusões que apoiam ambas as perspectivas.

Entretanto, há uma ampla gama de estudos que indicam haver um combinado de efeitos entre crowding-in e crowding-out na economia brasileira.

Em linhas gerais, estas evidências indicam que, no curto prazo, há a dominância do efeito crowding-out entre as variáveis macroeconômicas do investimento público e privado. 

Ou seja, no curto prazo os investimentos públicos atrapalham os investimentos privados. 

Porém, o mesmo não ocorre quando olhamos para horizontes de tempo maior.

Neste caso, no longo prazo afirma-se que pode haver uma relação de complementaridade entre os investimentos público e o privado, ou seja, se observa o efeito crowding-in.

De qualquer forma, é difícil excluir esse debate de fatores ideológicos. 

De um lado, há os economistas mais ortodoxos, de direita, que tendem a defender a existência de dominância de um efeito crowding-out.

Enquanto isso, os economistas heterodoxos, de esquerda, entendem que o que predomina é um efeito crowding-in quando se eleva os gastos públicos.