As empresas brasileiras captaram R$ 236,9 bilhões no mercado de capitais doméstico em 2020 até o terceiro trimestre, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

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A cifra representa um recuo de 21,5% comparado ao emitido no mesmo período de 2019.

O grande destaque no terceiro trimestre de 2020 foram as emissões de renda variável.

O volume de ofertas de ações em nove meses neste ano supera em 20,5% o total do mesmo período de 2019.

Foram captados por meio de abertura de capital (IPO) e ofertas subsequentes (follow-on) R$ 69,2 bilhões até o terceiro trimestre ante R$ 57,5 bilhões no ano passado na mesma base de comparação.

Só entre julho e setembro, as companhias fizeram quase metade do volume de 2020, com R$ 32,3 bilhões em ofertas de ações concretizadas.

O montante é muito próximo ao realizado no terceiro trimestre de 2019, quando as companhias captaram R$ 33,2 bilhões, segundo a Anbima.

O vice-presidente do Fórum de Mercado de Capitais e presidente da Comissão de Renda Fixa da Anbima, Sergio Goldstein, afirmou que 2020 deve se consolidar como o segunda maior quantidade de IPOs e follow-ons da série

Os resultados ficam atrás apenas de 2007, quando 64 operações resultaram em uma movimentação de R$ 56 bilhões.

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Apesar dos recordes, os dados da Anbima mostram que a participação de investidores internacionais nas ofertas de ações vêm caindo significativamente.

Em 2018 até terceiro trimestre, os estrangeiros responderam por 63,7% do volume captado.

Já em 2019, no mesmo período, o percentual caiu para 44,6%.

Neste ano, o capital de fora representou apenas 24,4% da captação.

Goldstein classificou como histórica a queda de representação estrangeira nos IPOs e follow-ons, mas ponderou haver uma mudança saudável com o crescimento de participação dos investidores locais nas operações.

“Houve uma queda histórica na participação de estrangeiros nas ofertas de ações, mas o ano está sendo surpreendentemente bom e os recordes mostram que podemos falar que o investidor domestico está entrando mais.”

Para o representante da Anbima, “a vinda menor dos estrangeiros tem a ver com conjuntura, pandemia e preferência por outros mercados com os quais a gente compete”.

Conforme Goldstein, “o interessante é notar que o estrangeiro hoje é menos relevante para as ofertas, diferente do passado em que a gente dependia do investidor de fora para ter sucesso”.

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Renda fixa

Na renda fixa, considerando também o que a Anbima classifica como instrumentos híbridos, como os fundos imobiliários, as empresas brasileiras captaram R$ 167,7 bilhões em 2020 até setembro.

As debêntures, incluindo as incentivadas, representaram 43,8% do total com R$ 73,5 bilhões.

Nesse mercado, chama a atenção a mudança de composição dos participantes.

Os fundos de investimentos que representaram 59,2% em 2019 agora participam com apenas 13,4% das emissões até setembro.

Já o perfil chamado de intermediários e demais participantes ligados à oferta, que são basicamente bancos, saltou de 37,5% em 2019 até o fim do terceiro trimestre para 81,6% neste ano no mesmo período.

Para Goldstein: “os bancos que estão entrando e comprando debêntures para suas carteiras, com uma visão de algum momento poder vender, assim que o mercado de crédito for mais tomador”.

Na visão do executivo, “os bancos estão fazendo esse crédito via valor mobiliário para ter mais liquidez e poder vender”.

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Goldstein explica que em 2019, no terceiro trimestre, os fundos de crédito estavam em um momento de forte participação nas emissões por conta do impulso dos juros baixos para a tomada de risco pelos investidores.

Entretanto, após a crise de gestão de liquidez no fim do ano passado e início deste ano, o apetite recuou.

“No terceiro trimestre de 2019 tínhamos fundos de crédito chegando forte, porque as pessoas estavam acordando para o risco e o primeiro risco que tomaram lá atrás foi por meio da renda fixa no crédito privado.”

O representante da Anbima acredita que a substituição dos fundos pelos bancos em termos de participação mostra um mercado saudável.

“Essa queda da participação de fundos acaba sendo compensada pelos bancos, o que é algo bom porque mostra que é um mercado sadio, porque na hora que um sai outro entra, é um mercado se autorregulando.”

No mercado externo, as empresas brasileiras captaram US$ 20,5 bilhões em 2020 até setembro, acima dos US$ 16,6 bilhões em 2019 no mesmo período.

“Estamos seguindo o volume histórico que a gente faz nas emissões internacionais mesmo em um ano atípico”, diz Goldstein.

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Fonte: Valor Econômico