A agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento emitiu um alerta para o risco de uma recessão global e seus impactos sobre países em desenvolvimento.

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As políticas monetárias e fiscais nas economias avançadas, incluindo aumentos contínuos das taxas de juros nos países ricos, deixam nações em desenvolvimento “expostas a crises em cascata de dívida, saúde e clima”, disse a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).

“Os movimentos da política monetária e fiscal nas economias avançadas correm o risco de empurrar o mundo para uma recessão global e estagnação prolongada", diz a Unctad em seu Relatório Anual de Comércio e Desenvolvimento de 2022.

Segundo a ONU, uma desaceleração global poderia causar danos piores do que a crise financeira em 2008 e o choque do Covid-19 em 2020.

A agência projeta um crescimento econômico global de 2,5% neste ano (diminuição de 0,1 ponto percentual em relação à projeção de março) e de 2,2% para 2023. 

Com as perspectivas piorando, a Unctad calcula que o PIB real ficará abaixo de sua tendência pré-pandemia até o final de 2023 e causará uma queda de mais de US$ 17 trilhões (cerca de 20% da renda mundial), que equivale ao PIB da China em 2021.

O relatório diz que “todas as regiões serão afetadas, mas os alarmes estão tocando mais para os países em desenvolvimento, muitos dos quais estão se aproximando do calote da dívida”.

“Países de renda média na América Latina, bem como países de baixa renda na África sofrerão algumas das mais acentuadas desacelerações neste ano, comparado com outras regiões”, disse a secretária-geral da Unctad, Rebeca Grynspan.

“Na América Latina e no Caribe, muitas economias estão enfrentando uma pressão crescente com a dívida externa, e o aumento do custo de vida é um desafio crescente para os formuladores de políticas”.

A análise da Unctad mostra que o aumento das taxas de juros em países desenvolvidos deverá reduzir a renda futura para nações em desenvolvimento em cerca de US$ 510 bilhões, excluindo a China. 

Esse número é quase três vezes maior que o montante de ajuda anual de países ricos para países pobres.

A estimativa da Unctad é que desde o último trimestre de 2021 os países em desenvolvimento passaram, na prática, a financiar países desenvolvidos em termos líquidos. 

Cerca de 90 países sofreram desvalorização de suas moedas em relação ao dólar este ano, fazendo com que as reservas cambiais caíssem e os spreads aumentassem. 

A agência calcula que, com isso, os países em desenvolvimento já perderam US$ 379 bilhões de reservas na tentativa de defender suas moedas este ano.

“Pedimos, então, uma combinação de políticas mais pragmática que implemente controles estratégicos de preços, impostos inesperados, medidas antitruste e regulamentações mais rígidas sobre especulação de commodities. Repito, uma combinação de políticas mais pragmática... também precisamos fazer maiores esforços para acabar com a especulação de preços de commodities”, disse Grynspan.

Fonte: Valor Econômico

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