Maior concessionária de água e esgoto da América Latina, a Sabesp (SBSP3) se prepara para uma venda pública de ações na qual o estado de São Paulo abrirá mão de seu controle, prevista para um período entre maio e agosto do próximo ano, segundo o presidente da empresa.

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A Sabesp embarcou em uma agenda de corte de custos, incluindo a redução de seu quadro de funcionários em cerca de 15% e o corte de despesas com energia, e está se movendo para reverter o aumento pós-pandemia nas taxas de inadimplência, disse André Salcedo, que assumiu a presidência da Sabesp em janeiro a convite do governador Tarcísio de Freitas.

Há uma “janela potencial” para a oferta de ações a partir de meados de maio de 2024, quando a Sabesp publica seus resultados financeiros do primeiro trimestre, disse Salcedo em entrevista no escritório da Bloomberg News em São Paulo. “Então até meados de agosto é possível realizar a transação.”

O estado de São Paulo divulgou os parâmetros para reduzir sua presença na empresa de água e esgoto em agosto deste ano, e o governador Tarcísio de Freitas negocia agora com os municípios e tenta reunir apoio para a votação do processo na assembleia legislativa estadual em outubro.

A Sabesp, que já tem ações negociadas na bolsa brasileira, a B3, tem um valor de mercado de cerca de R$ 42 bilhões.

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O estado de São Paulo detém uma participação de 50,3%. Na planejada oferta de ações, a Sabesp quer atrair alguns investidores importantes “com visão de longo prazo, conhecimento da dinâmica do setor de infraestrutura e know-how do ambiente regulatório brasileiro”, segundo Salcedo. Ainda não está definido se a empresa também arrecadará dinheiro com a venda, disse.

Ele não é contra a emissão de uma golden share para o governo do estado, mas disse que uma ação que possa dar direito de interferência no comando da empresa e nas decisões econômicas poderia “gerar ruído” para os investidores e prejudicar o negócio.

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Parte do processo de preparar a empresa para os novos tempos, a Sabesp concluiu em junho um programa de demissão voluntária com a adesão de 1.862 funcionários do total de 12,2 mil, o que significará um corte de cerca de 15% nas despesas de R$ 3 bilhões com folha de pagamento.

Outra iniciativa tenta reduzir os custos de energia, hoje em R$ 1,5 bilhão, aumentando a aquisição no mercado livre, assinando novos contratos a preços mais baixos e construindo uma nova usina solar para iniciar operações em 2026.

A venda de ações da Sabesp pode atrair muito interesse de investidores no Brasil e no exterior, disse o seu presidente, já que seu retorno é muito superior ao de outras concessionárias, em torno de 8% mais inflação.

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“A Sabesp é um case ESG, com uma enorme agenda ambiental no tratamento de resíduos de esgoto”, disse.

“Na área social, os impactos são ainda maiores – não há atividade no mundo que gere mais impacto social do que o saneamento. Para a Sabesp, ESG é o core do negócio”.

Ainda assim, para que a venda das ações aconteça, o governo precisa reunir apoio para um novo contrato com todos os 376 municípios atendidos pela Sabesp, e algumas cidades exigem redução tarifária e mais investimentos.

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Uma vez notificadas formalmente sobre o novo contrato, as prefeituras têm um prazo de 180 dias para indicar sua aceitação ou não.

“Embora vejamos a questão do tempo como o principal desafio aqui, dado que as próximas eleições municipais no Brasil ocorrerão no segundo semestre de 2024, acreditamos que o governador do estado tem apoio político suficiente para avançar com esta agenda”, disseram analistas do Itaú BBA em um relatório de setembro.

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