A saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça fez a bolsa de valores brasileira despencar quase 6%. Agora, mercado financeiro teme risco de partida do ministro da Economia, Paulo Guedes.

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Nas últimas duas semanas, dois ministros em grande evidência deixaram o Governo Bolsonaro.

Primeiro, Luiz Henrique Mandetta foi demitido do Ministério da Saúde, em 16/04, segundo consta, por divergências em relação à priorização da saúde acima da economia durante a pandemia de Coronavírus.

Em seguida, Nelson Teich assumiu a pasta.

Depois, Sérgio Moro deixou o Ministério da Justiça. A saída, anunciada ontem, 25/04, teve como principal razão a decisão de Bolsonaro de retirar Maurício Valeixo do cargo de diretor-geral da Polícia Federal.

No entanto, como ficou claro no pronunciamento de despedida de Moro e no pronunciamento em resposta de Bolsonaro, havia outras discordâncias entre os dois.

Logo após os pronunciamentos, a Procuradoria Geral da República já havia solicitado ao STF instauração de inquérito para apurar as acusações nas declarações de Moro contra Bolsonaro.

Mais tarde, o Jornal Nacional divulgou prints de mensagens entre os dois, que confirmariam algumas das alegações.

A situação, que chegou a ser chamada de crise política, trouxe claros efeitos negativos para o mercado financeiro. Nesta sexta-feira, o Ibovespa fechou em queda de -5,79.

Porém, existe o risco de uma piora nos próximos dias, com a possibilidade da saída de outro nome central no Governo: Paulo Guedes, ministro da Economia.

Sem Guedes, situação da economia deve deteriorar

Independentemente da opinião sobre o desempenho de Paulo Guedes à frente do Ministério da Economia, especialistas parecem concordar sobre os efeitos negativos que sua saída traria para a economia, já fragilizada, do país.

Em primeiro lugar, as contas públicas já estão sofrendo um grande rombo em razão das medidas para combater a pandemia de Coronavírus.

Guedes e sua equipe, de posicionamento liberal, mantêm uma preocupação em evitar que a porteira seja aberta completamente para os gastos públicos.

Sem esse esforço, pode aprofundar-se uma situação de endividamento do Estado que levará anos para ser revertida.

Em segundo lugar, com a saída de um nos principais nomes apoiadores de Bolsonaro, a posição política do presidente tende a se enfraquecer.

Conforme ele fica cada vez mais isolado, torna-se mais difícil realizar a aprovação de medidas importantes, seja para proteger a população ou para fortalecer a economia.

A resposta dos investidores é um afastamento dos ativos de risco. Por isso, enquanto paira a dúvida sobre a partida de Guedes, o mercado financeiro pode permanecer em tendência de queda.

Pivô da saída de Guedes pode ser Plano Pró-Brasil

Os rumores sobre a saída de Paulo Guedes do Ministério da Economia giram em torno, principalmente, do recém-anunciado Plano Pró-Brasil.

O plano, cujo ponto central é a previsão de investimento de R$ 30 bilhões em obras de infraestrutura, foi lançado sem a presença de Guedes.

Para muitos, esse já foi um sinal da discordância do ministro com o rumo das decisões do presidente.

A previsão vai contra a linha liberalista que Guedes busca adotar nas políticas econômicas. Entre o ministro e a equipe econômica, o plano foi apelidado de "Dilma 3", aludindo à sua semelhança com o PAC 1 e PAC 2 dos governos petistas.

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