Com os sinais cada vez mais claros de queda da taxa básica de juros (Selic), a equipe de analistas da Guide Investimentos acredita que seja hora de migrar a alocação de renda fixa para renda variável, já que alta no mercado de ações ainda está no começo.

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"Há alguns meses alertamos que era hora de aproveitar os juros altos. Desde então, as taxas de juros de mercado diminuíram de 14% em fevereiro para 10% atualmente. Com os sinais cada vez mais claros de queda da Selic, os ativos de renda fixa já “andaram” bastante. Por outro lado, no mercado de ações, acreditamos que a alta ainda está apenas no começo." 

"Acreditamos que seja hora de migrar a alocação de renda fixa para renda variável, incluindo ações (principalmente small caps) e fundos imobiliários", diz o relatório assinado por Fernando Siqueira, Eduardo Siqueira, Mateus Haag e Lucas Rietjens.

Os analistas da Guide defendem que o mercado brasileiro estaria saindo da fase 1 no ciclo do mercado de capitais, em que os títulos de dívida são mais atraentes, e entrando na fase 2, onde é mais atrativo investir em ações e em fundos imobiliários (veja a figura abaixo).

ciclos do mercado
Ciclos do mercado de ações: Performance recente mostra que estamos saindo da Fase 1 e indo para Fase 2. Foto: Reprodução/Guide.

Para os analistas, o crescimento econômico está sendo revisto para cima: ou seja, a desaceleração este ano deve ser menos acentuada que o esperado anteriormente. 

Além disso, a expectativa de corte da taxa Selic já está bem consolidada e há pouco espaço para valorização dos ativos de renda fixa e "o comportamento dos ativos já parece refletir esta situação", avaliam.

O mercado de ações vem se recuperando nos últimos meses, principalmente por conta da expectativa de queda dos juros, e a elevação do rating (nota de risco) do Brasil é mais um fator positivo para a Bolsa, segundo a Guide.

Como pode ser visto na figura da direita, as taxas de juros de mercado já antecipam um ciclo longo de corte na Selic: as taxas de mercado estão perto de 10% apesar da Selic ainda estar em 13,75%. 

Para a Guide, a relação risco-retorno da renda fixa já é bem pior do que há três meses atrás. Por outro lado, no mercado de ações, a relação risco-retorno ainda é atrativa, com valuations baixos e potencial de recuperação dos lucros nos próximos trimestres.

performance dos mercados
 Foto: Reprodução/Guide

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Mercado de ações ainda no início da valorização

O relatório da Guide apresenta os motivos pelos quais os analistas acreditam que a alta no mercado de ações ainda está no começo.

Como pode ser visto na figura abaixo, a taxa de juros de 2 anos já está bem abaixo da Selic. 

Historicamente, os ciclos de alta e baixa da Selic tiveram duração de aproximadamente dois anos, logo, a taxa de juros para operações de dois anos reflete bem a expectativa de queda dos juros no próximo ciclo. 

A diferença de 3pontos percentuais entre a taxa de 2 anos e a Selic é semelhante àquela vista pouco antes do início do ciclo de queda de juros em 2016, o que reforça a visão da Guide que boa parte da alta nos ativos de renda fixa já foi precificado.

taxa de juros
Foto: Reprodução/Guide

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Por outro lado, no mercado de ações a alta parece ainda no começo. Como pode ser visto na figura abaixo, o valuation do Ibovespa está perto da mínima dos últimos anos ainda. Apesar da alta recente, os resultados do 2T23 foram positivos e geraram revisões positivas nas estimativas. 

Excluindo as produtoras de commodities, como Vale e Petrobras (onde os resultados são mais voláteis), a relação preço/lucro também está perto das mínimas. 

Para os analistas, o grupo mais beneficiado pela queda dos juros são empresas que possuem dívida em moeda local (ganham se os juros menores), vendem principalmente para consumidores brasileiros (que irão se beneficiar de juros menores). 

Historicamente, a relação preço/lucro neste grupo de empresa nunca ficou muito tempo abaixo de 10x, nível que foi observado no final de 2022 e início de 2023, avaliam.

relação preço - lucro
Foto: Reprodução/Guide

Outro sinal de que o mercado de ações ainda está no começo da alta é a performance de ativos de menor qualidade ou de empresas pequenas. 

As small caps historicamente tem desempenho melhor quando os juros estão em queda (figura abaixo, lado direito). 

Contudo, nos últimos 12 meses a performance das small caps ainda é inferior à do Ibovespa como pode ser visto na figura abaixo (lado esquerdo). 

Para os autores, este é outro sinal de que a alta do mercado ainda está no início em nossa visão. 

"Por mais que a alta das small caps tenha sido forte nos últimos dias, particularmente em Maio, o movimento ainda é pequeno quando comparado com eventos similares ocorridos no passado", avaliam. 

small caps
Foto: Reprodução/Guide

Outro indicador do momento do mercado é a performance das empresas de maior qualidade (maior rentabilidade, menor endividamento) em relação ao índice. 

Para isto, os analistas usaram como referência o MSCI Brazil Quality Index e comparamos com o MSCI Brazil. 

Os dois índices são calculados pelo mesmo provedor de dados, com metodologia semelhante, exceto pelo fato do índice de “qualidade” dar mais peso às empresas com menor endividamento e margens e rentabilidade (ROE) maiores. 

Normalmente, empresas de “qualidade” vão melhor em momentos de juros altos, baixo crescimento econômico: nestes momentos, as empresas com dívida alta e rentabilidade tendem a sofrer mais (resultados/lucro cai com maior intensidade).

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quality vs non-quality
 Foto: Reprodução/Guide

Outro ponto que eles destacam é a captação dos fundos. Até agora, o mercado de ações subiu sem que tenha ocorrido captação nos fundos de ações e multimercados. Pelo contrário, os fundos tiveram resgates em maio e nos últimos doze meses. 

Segundo a Guide, é provável que a captação aumente nos próximos meses, já que historicamente a captação foi influenciada por juros e performance passada. 

"Nos dois casos, a janela está melhorando (bolsa subindo e juros caindo)", avaliam.

captação dos fundos
Foto: Reprodução/Guide

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Onde investir, segundo a Guide

Para a Guide, o momento é melhor para investir em ações e fundos imobiliários.

"No mercado de ações, mantemos nossa preferência por small caps: como já destacado anteriormente, este grupo de ações tem melhor performance em momentos de queda da Selic", traz o relatório.

Com a visão de que a janela na renda fixa está se fechando, na renda fixa a equipe prefere operações de “crédito privado”, que ainda apresentam opções com spreads (rendimentos) elevados.

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