A controversa oferta de Elon Musk para comprar o Twitter pode ser uma má notícia tanto para ele quanto para o público em geral, disse um especialista de Harvard à CNBC.
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A aquisição pendente de US$ 44 bilhões da plataforma de mídia social pode prejudicar financeiramente as outras empresas de Musk, manter seus olhos longe de esforços cruciais de pesquisa e desenvolvimento e impactar negativamente o discurso público do país.
É a opinião de Bill George, membro sênior da Harvard Business School e ex-CEO da empresa de tecnologia médica Medtronic.
“O Twitter é uma distração que pode impedir [Musk] do que é realmente importante”, disse George, à CNBC Make It. “E isso pode fazer mais mal à sociedade do que bem.”
O histórico de Musk parece ser um bom presságio para o Twitter. Do PayPal à Tesla e SpaceX, o bilionário da tecnologia ajudou na construção de algumas das empresas mais influentes e valiosas do mundo.
Musk também pode representar um novo começo para a plataforma que no ano passado, lidou com uma denúncia federal sobre privacidade e moderação de conteúdo.
George discorda, dizendo que os chefes que perdem de vista suas crenças e valores muitas vezes estão a caminho de falhar de alguma forma.
Ele acrescenta que Musk corre o risco de cair nessa categoria.
Veja os motivos que fazem o especialista achar que a compra do Twitter por Elon Musk pode ser ruim:
O acordo pode prejudicar Musk
Até o momento, o trabalho de Musk na Tesla e na SpaceX tem sido extraordinário, diz George.
O conjunto de veículos elétricos da Tesla empurrou a indústria automobilística para um futuro mais verde, e a SpaceX fez história ao lançar o primeiro voo espacial totalmente civil do mundo no ano passado.
Adicionar o Twitter à mistura pode impedir que o bilionário da tecnologia se concentre no que faz de melhor: “ser o maior inventor de nossa era”, diz George.
Segundo ele, Musk já passou os últimos seis meses “se distraindo” com a amarga aquisição do Twitter desde a primeira proposta até meses tentando sair do acordo e sua retomada.
As ações da Tesla caíram para US$ 223,07 na sexta-feira, marcando sua pior semana desde a pandemia de Covid-19 em março de 2020. O valor de mercado da empresa é de US$ 674,11 bilhões na tarde de quarta-feira, abaixo dos US$ 1,14 trilhão no início de abril, segundo dados da CNBC.
“É um sinal de que ele precisa se concentrar mais na Tesla. Seu valor de mercado depende do rápido crescimento da empresa e de sua capacidade de inventar”, diz George.
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O acordo pode ser uma má notícia para todos nós
As invenções de Musk “ajudam genuinamente a sociedade e o mundo em geral”, diz George.
Conforme ele, o Twitter pode atrapalhar isso, impedindo Musk de refinar seus produtos mais antigos e inventar novos, acrescenta.
A visão relatada do bilionário para o Twitter como uma plataforma de liberdade de expressão também pode prejudicar o público, diz George.
Em abril, Musk disse que queria reduzir drasticamente a moderação de conteúdo do Twitter para permitir qualquer discurso que não viole as leis de um determinado país, aumentando potencialmente a quantidade de discurso de ódio na plataforma, mesmo nos EUA, dizem alguns especialistas.
O discurso de ódio que começa nas plataformas de mídia social nem sempre permanece online: pode se transformar em violência, racismo e discriminação na vida real, como observa o site das Nações Unidas .
Musk também disse que prefere “tempo limite” a proibições permanentes na plataforma, anunciando em maio que reverteria a suspensão do ex-presidente Donald Trump pelo Twitter. Trump foi banido do Twitter logo após a insurreição no Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021.
“A liberdade de expressão é a base de uma democracia em funcionamento, e o Twitter é a praça da cidade digital onde são debatidos assuntos vitais para o futuro da humanidade”, disse Musk em comunicado em abril.
George diz que permitir a liberdade de expressão no Twitter sem qualquer “restrição razoável” é um erro, observando que a retórica depreciativa pode prejudicar os usuários que a plataforma atualmente pretende proteger. Ativistas de direitos humanos ecoaram essa preocupação.
“A última coisa que precisamos é de um Twitter que deliberadamente feche os olhos para discursos violentos e abusivos contra usuários, particularmente aqueles mais impactados desproporcionalmente, incluindo mulheres, pessoas não-binárias e outros”, Michael Kleinman, diretor de tecnologia da Anistia Internacional nos EUA e direitos humanos, disse em um comunicado em abril.
Em última análise, George diz que espera que Musk se concentre principalmente em Tesla e no trabalho que já está à sua frente, independentemente de o acordo com o Twitter ser aprovado ou não.
“Gostaria de vê-lo voltar a inventar coisas e focar nisso”, diz George. “Ele fez uma enorme diferença na sociedade com as empresas que administra agora, e é aí que deve aplicar seu dom de inventar.”
Fonte: CNBC
