O que é viés da taxa de juros?

Viés da taxa de juros é um termo que designa a tendência para a taxa de juros básica da economia nos próximos períodos.

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É uma forma que a autoridade monetária pode usar para ancorar as expectativas dos agentes do mercado financeiro, indicando qual a tendência da taxa de juros para as próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (COPOM).

Por exemplo, quando a reunião do Copom divulga a taxa básica de juros (Selic), divulga também o viés da taxa (de alta, baixa ou neutra). 

Ou seja, define qual a tendência que a taxa de juros poderá seguir até a próxima reunião. 

Não há um compromisso por parte do Banco Central de alterar os juros nesta direção, mas não deixa de ser um indicativo de tendência para o mercado. 

Para saber como funciona o viés de juros, é preciso entender como o funciona a política monetária e as decisões da autoridade monetária, que no caso é o Banco Central.

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Copom e o viés da taxa de juros

A taxa de juros (Selic) do Brasil são definidas nas reuniões do Copom, o qual é um órgão pertencente ao Banco Central do Brasil (BCB).

As reuniões do Copom ocorrem a cada 45 dias, em dois dias seguidos, e são compostas pelo Presidente do BCB e seus diretores.

A reunião do Copom serve para que se discuta uma série de fatores para que a tomada de decisão da política monetária seja realizada da melhor forma possível. 

Por ser a definição da taxa de juros uma decisão de grande relevância para a economia, o Comitê utiliza um amplo conjunto de informações para embasar sua decisão.

A decisão é tomada com base na avaliação do cenário macroeconômico e os principais riscos associados. 

Terminada a reunião, é reservado um tempo para a discussão das opiniões dos membros e decidirem o que será feito. 

A decisão é tomada com base numa votação realizada entre os membros do Copom

Quando a decisão é tomada, o Copom faz a divulgação no mesmo dia, através de comunicado na internet. 

As atas das reuniões do Copom são publicadas em até seis dias úteis após a data da realização das reuniões.

Normalmente, as reuniões do Copom ocorrem em dias de terças e quartas-feiras, sendo a ata divulgada na terça-feira da semana seguinte, por volta das 8 horas da manhã.

As atas do Copom são muito aguardadas pelos agentes do mercado financeiro, pois elas contém informações relevantes sobre quais poderão ser os rumos futuros da política monetária.

Ou seja, além de divulgar a taxa de juros, o Copom também anuncia o seu viés para as próximas reuniões.

O viés da taxa de juros pode ser de alta, baixa ou neutra.

Para que serve o viés de juros?

O viés da taxa de juros serve para ancorar a expectativa dos agentes econômicos.

Como sabemos, o mercado financeiro é um ambiente permeado de incertezas.

Essas incertezas podem causar vários problemas para a economia, como restrição do crédito e instabilidades financeiras.

Para amenizar esta incerteza, os Bancos Centrais buscam anunciar suas possíveis ações futuras.

Ao sinalizar isso, os Bancos Centrais estão dando dicas sobre o viés dos juros no futuro, e com isso ajudando os demais agentes do mercado a se prepararem para os próximos períodos.

Ao afirmar que o viés de juros é de alta, então os agentes buscarão diminuir suas posições em alguns ativos, o que afeta o crédito e a demanda da economia.

Já se o viés é de baixa, então o efeito será o contrário.

O objetivo do viés de juros, portanto, é o de ajudar os agentes econômicos a anteciparem os eventos futuros, diminuir a incerteza, movimentos bruscos nos preços dos ativos e evitar crises provenientes de fatores surpresas.

Como funciona a política monetária do Brasil?

A política de juros do BCB é atrelada ao Regime de Metas de Inflação (RMI).

O RMI é um regime monetário no qual o BCB se compromete a atuar de forma a garantir que a inflação efetiva esteja em linha com uma meta pré-estabelecida e anunciada publicamente.

A meta de inflação é definida pelo Comitê Monetário Nacional (CMN).

Assim, as decisões do Copom são tomadas visando com que a inflação, mais especificamente o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), fique dentro da meta estabelecida pelo CMN.

Na teoria, quando a inflação está elevada, o BCB deve elevar a taxa Selic, para diminuir as pressões de demanda que causam a elevação nos preços.

Já quando a taxa de inflação está baixa, deve o BCB avaliar a possibilidade de baixar os juros para permitir a economia acelerar até o ponto em que a inflação não ultrapasse a meta.

A importância de administrar a taxa de juros Selic é que ela serve de referência para os demais juros da economia. 

A Selic nada mais é do que a taxa média cobrada em negociações com títulos emitidos pelo Tesouro Nacional, registradas diariamente no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic).

Ademais, para que a política monetária atinja seus objetivos de maneira eficiente, o BCB deve se comunicar de forma clara e transparente.

Além do comunicado e da ata da reunião, o BCB publica, a cada trimestre, o Relatório de Inflação.

Este relatório analisa a evolução recente e as perspectivas da economia, dando ênfase sobre as perspectivas para a inflação.