O que é Regra Pico-Fim?

Regra Pico-Fim (do inglês Peak-End Rule) é uma regra psicológica em que uma experiência é lembrada e avaliada com base no ponto máximo (mais intenso) da experiência e/ou no final da experiência. 

Carteira Recomendada? Faça um Diagnóstico Online e Receba uma Carteira Gratuita.

Essa regra também pode ser vista como um viés cognitivo.

A ideia é que as lembranças de eventos são fortemente impactadas pelas interpretações de partes separadas dos eventos experimentados, e não pelo resultado geral da experiência como um todo.

A teoria do Pico-Fim foi criada pelo psicólogo israelense Daniel Kahneman, ganhador do Prêmio Nobel de economia em 2002. 

Ficou na Dúvida Sobre Investimentos? Baixe Grátis o Dicionário do Investidor.

Entendendo a Regra Pico-Fim

A melhor definição da Regra Pico-Fim é definida pelo seu próprio autor:

A regra de pico-fim é uma heurística psicológica em que as pessoas julgam uma experiência em grande parte com base em como se sentiram em seu pico (ponto mais intenso) e em seu final, em vez de com base na soma total ou média de cada momento da experiência."

Dessa forma, quando as pessoas avaliam uma experiência, tendem a esquecer ou ignorar sua duração. 

Em vez disso, se avalia a experiência com base em dois momentos-chave: 

  1. o melhor ou pior momento, conhecido como o pico;
  2. o final, quando temos o resultado.

Com isso, quando avaliamos nossas experiências, não o fazemos a partir do cálculo da média de nossas sensações a cada instante. 

Conforme a literatura que avalia este efeito psicológico, um momento de pico requer pelo menos um dos quatro elementos abaixo:

  1. Elevação: são momentos de felicidade que transcendem o curso normal dos acontecimentos por meio dos prazeres sensoriais e da surpresa.
  2. Orgulho: são momentos que nos capturam no nosso melhor; sejam momentos de conquistas ou momentos de coragem.
  3. Insight: são momentos de descoberta; eles mudam nossa compreensão de nós mesmos sobre o mundo e nos dão um momento de clareza.
  4. Conexão: são momentos de natureza social, como em casamentos, quando nos identificamos com um determinado sentimento evocado por outros.

Importância da regra Pico-Fim

A regra Pico-Fim é útil para o nosso cérebro pois é a partir dela que se consegue armazenar parte das informações que ocorreram em um determinado evento.

Estudos sugerem que a regra Pico-Fim nos permite maximizar nossa capacidade cerebral e conservar energia cognitiva. 

Ajuda-nos a evitar gastar a capacidade do cérebro com memórias irrelevantes e desnecessárias. 

Entretanto, essa regra nos induz a algumas avaliações enviesadas, visto que a regra Pico-Fim contribui para que várias outras informações sejam negligenciadas.

Além disso, as descobertas que apóiam a teoria do Pico-Fim sugerem que uma pequena melhoria perto do final de uma experiência pode mudar radicalmente a percepção do evento.

Experimentos sobre a Regra Pico-Fim

A regra de pico-fim é baseada em pesquisas conduzidas por Daniel Kahneman e Barbara Frederickson. 

Seu estudo de 1993 descobriu que a memória humana raramente é um registro perfeitamente preciso de eventos. 

A equipe de pesquisa pediu aos participantes do estudo que suportassem uma condição experimental desconfortável, mas não perigosa:

  • Os participantes do estudo deveriam colocar as mãos em uma banheira com água fria. 

A partir dessa experiência, uma série de testes curtos foi conduzida.

Neste teste os participantes mudaram qual mão foi submersa entre as tentativas e alternaram a condição inicial. 

Ao todo, o experimento consistiu em três rodadas:

  • Rodada 1: 60 segundos a 14 graus Celsius
  • Rodada 2: 60 segundos a 14 graus Celsius seguidos por 30 segundos a 15 graus Celsius 
  • Rodada 3: opção de escolher entre repetir a Rodada 1 ou Rodada 2

A escolha mais lógica teria sido repetir a Rodada 1. 

A água ainda está desagradavelmente fria a 15 graus Celsius, então seria racional escolher 60 segundos de desconforto em vez de 90 segundos. 

Acontece que os 30 segundos finais um pouco menos desconfortáveis ​​do experimento mudaram a forma como as pessoas percebiam a totalidade da Rodada 2.

Como resultado, ocorreu que 80% dos participantes do estudo preferiram a Rodada 2 e optaram por repetir essa condição no teste final.

Ou seja, uma pequena melhora perto do final de uma experiência mudou radicalmente a percepção das pessoas sobre aquele evento.