É. Voltamos à Taxa Selic de dois dígitos.

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Depois da morte da renda fixa, vem a ressurreição.

No dia 2 de fevereiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa básica de juros em 1,50 ponto percentual, marcando agora 10,75% ao ano.

Segundo o colegiado, nas próximas reuniões deve haver aumentos, no entanto, em menores magnitudes.

A Taxa Selic deve convergir para algo entre 11,5% e 12% ao ano em aumentos que podem variar entre 0,25 e 0,75 pontos percentuais nas próximas duas ou até 3 reuniões.

Ao longo do segundo semestre começaremos a sentir na pele os efeitos do aumento de juros, com crédito e consumo caindo e atividade econômica mais fraca.

Isso deve ajudar o BC a interromper o ciclo de alta dos juros até o mês de julho, no máximo.

Mas para o ciclo ser interrompido logo, ficou uma condição: as políticas de redução de tributos sobre os combustíveis podem gerar um alívio imediato para inflação com um efeito colateral mais danoso do que o benefício do remédio.

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Ou seja, a condição é o governo não mexer nisso agora, ainda que haja interesses eleitorais na pauta, já que o preço do combustível é algo que mexe diretamente no bolso da população.

Explico aqui…

Se por um lado reduzir tributos sobre os combustíveis afetaria diretamente o bolso do consumidor, por outro, o buraco fiscal causado por tal medida acabaria por aumentar a percepção de risco por parte dos investidores.

Isso pressiona o dólar para cima, o que, consequentemente, acarreta em um maior custo final do combustível, já que parte dos custos de produção são dolarizados.

O preço acabaria por subir de qualquer maneira e realimentar a inflação.

Isso exigiria ainda mais juros e ainda mais desaquecimento na economia, podendo, aí sim, colocar o país em recessão.

Não existe almoço grátis.

O dilema aqui é se escolhemos pagar caro à vista ou pagar parcelado com juros altos.

A conta virá de qualquer maneira. 

Depois do “meteoro” dos precatórios em 2021, do Auxílio Brasil e agora uma redução dos tributos sobre os combustíveis, pouco restaria do regime fiscal.

O Banco Central acertadamente já entregou sua carta de intenções, afinal do lado de política monetária, já há bastante pressão.

O governo terá de se desdobrar para, ao mesmo tempo, ajustar o fiscal e não perder popularidade em um ano eleitoral.

A missão parece difícil.

E o cenário parece obrigar, quem quer que seja eleito, a iniciar o ano de 2023 com ajustes, cortes de gastos e, sim, aumento de impostos.

Politicamente, isso sugere um governo mais voltado ao centro, com uma maior união entre os Poderes Executivo e Legislativo.

Pensando em resultado das urnas eleitorais, vai ganhar quem conseguir capturar melhor o centro político, afinal a esquerda e a direita já decidiram os seus votos.

E sim, isso talvez signifique que tenhamos um “estelionato eleitoral”, com uma plataforma prometendo bondades (à direita ou à esquerda), mas sendo obrigado a entregar um remédio amargo desde o primeiro dia de governo.

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E qual a boa notícia? A boa notícia é que já está ruim e não há muita margem para piorar muito mais.

Esse é o quadro que está refletido nos preços da bolsa de valores brasileira e, mesmo com uma recuperação vigorosa do Ibovespa nesse início de ano, ainda temos muito espaço para a bolsa brasileira convergir para as médias.

Lembre que bolsa e Produto Interno Bruto (PIB) são coisas diferentes e que comprar bolsa em momentos de cenário macro crítico se mostra uma estratégia vencedora no Brasil (vide 2003, 2008, 2015 e 2020).

O Brasil é uma caixinha de surpresas, quase sempre desagradáveis, mas isso é útil ao investidor mais atento.

O fluxo financeiro internacional veio e está vindo. Fundos tradicionais estão reabrindo.

O smart money foi às compras na bolsa brasileira. Você deveria fazer o mesmo.

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