O presidente da Gol (GOLL4), Paulo Kakinoff, afirmou que a empresa não tem na agenda hoje uma recuperação judicial diante da pandemia do coronavírus.

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Com a crise, algumas companhias tiveram até 100% dos seus voos suspensos. A retomada começou a acontecer agora, mas muitas estão sem caixa para conseguir fazer frente aos seus passivos.

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Kakinoff, entretanto, foi detalhista: "Quando a pergunta se é possível uma recuperação judicial, a resposta é que ninguém pode responder impossível. Tudo é absolutamente possível.”

“Porém, respondendo claramente, não temos nenhuma discussão, não enxergamos cenário que nos coloque nessa posição assumindo as variáveis que temos hoje, de recuperação de demanda, câmbio e custos de combustível.”

“Dentro desse horizonte de variáveis que assumimos como mais prováveis, descartamos possibilidade de recuperação judicial", disse, durante evento promovido pelo jornal O Estado de S. Paulo, nesta quarta-feira.

Questionado sobre a necessidade de caixa da empresa para conseguir atravessar esse período de turbulência, Kakinoff destacou que a Gol está em uma posição confortável até o final do ano.

"Mas a questão principal não é quanto o caixa dura e sim nossa capacidade para reduzir a velocidade de queima de caixa, independentemente da duração da pandemia.”

“Temos de redesenhar a companhia para uma relação de receita e custos para voltar ao equilíbrio em um cenário de demanda ainda arrefecida de maneira considerável pelo menos até o final do ano", disse.

Demanda

Apesar das dificuldades de se traçar um cenário para a recuperação do setor aéreo, o presidente da Gol estima que o mercado doméstico brasileiro deverá voltar a patamares anteriores à pandemia do covid-19 em meados de 2021.

"Mas quando digo ao normal, não necessariamente aos níveis de 2019. É um normal comparável ao que foi 2017, 2018 e 2019, períodos em que as aéreas tiveram margem acima do breakeven (ponto de equilíbrio)", destacou nesta quarta-feira.

Em dezembro, a estimativa é que a demanda no mercado doméstico será entre 65% e 75% do que foi antes da pandemia. Com a volta aos poucos dos voos, dentro do cronograma da malha essencial, costurada pela Agência Nacional de Aviação Civil, a Gol espera sair de 50 voos diários no ápice da crise, em meados de abril, para algo entre 200 e 250 voos por dia em julho.

Hoje, a empresa opera com 120. "Já vemos um maior nível de procura por bilhetes", disse o executivo. O cenário para o mercado internacional é mais desafiador.

Ele destacou que alguns analistas apostam em recuperação apenas no fim de 2022 ou até em 2023. "Hoje é positivo que nossa dependência (de voos internacionais) seja pequena. Justamente porque analistas preveem recuperação para patamares pré-crise levará anos", disse.

Antes da pandemia, cerca de 15% da receita da aérea vinha de voos internacionais. Mesmo com as dificuldades, a Gol tem conseguido manter suas operações e a segurança de funcionários e tripulantes.

Do total de 16 mil funcionários, Kakinoff disse que 14 estão com o vírus ativo. Desse total, apenas seis são tripulantes.

"Desses seis, somente três voaram nos últimos 20 dias", disse.

Tarifa

Diante das incertezas, o executivo não foi muito direto ao responder se a pandemia poderá trazer preços maiores ou menores para as passagens aéreas no curto prazo. Tudo vai depender da retomada dos voos e demanda, assim como dólar e petróleo.

Resultado da Gol no Primeiro Trimestre de 2020

O resultado da Gol (GOLL4) no primeiro trimestre de 2020 (1t20), divulgado no dia 04 de abril, apresentou um prejuízo líquido de R$ 2,2 bilhões, contra um lucro líquido de R$ 35,2 milhões no mesmo período do ano anterior.

O Ebitda da Gol atingiu R$ 1,4 milhão no 1t20, apresentando crescimento de 51,3% na comparação com o 1t19.

A margem ebitda foi de 45,7%, uma retração de 16,1 p.p. quando comparado ao 1t19.

As ações da Gol (GOLL4) acumulam queda de 15,67% na bolsa de valores nos últimos 7 dias e queda de 48,67% nos últimos 12 meses

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Fonte: Estadão Conteúdo.