A disparada de quase 15% das ações do Grupo Pão de Açúcar no pregão desta quinta, 10, da B3, a Bolsa paulista, deixou uma coisa clara: o interesse do investidor pela divisão de atacarejo Assaí - a mais rentável do grupo - é grande.

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Entre analistas e fontes de mercado, porém, está claro que o entusiasmo com a divisão chamada multivarejo, que reúne supermercados e hipermercados, é bem menor.

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A reação veio na esteira de uma mudança anunciada na noite de quarta-feira: o GPA deverá separar o atacarejo do restante da companhia.

"Agora, os investidores veem a oportunidade de comprar GPA descontado para ganhar Assaí descontado lá na frente", diz o analista do Brasil Plural, Antonio Castrucci.

Desta forma, os investidores inflaram a valorização do GPA para 14,8% no fim do dia. O papel da companhia fechou cotado a R$ 71,35.

"Com a saída do Assaí, o GPA deve valer em torno de R$ 7 bilhões e R$ 8 bilhões. É um marketcap (valor de mercado) pequeno e de crescimento baixo. Hoje, o grande atrativo do papel é o Assaí", diz.

Os analistas Guilherme Assis e Felipe Reboredo, do Safra, dizem, em relatório, que a nova empresa, a ser listada na B3 e na Bolsa de Nova York (Nyse) poderia ter valor de mercado de R$ 16,6 bilhões, praticamente o mesmo registrado ontem pela varejista ainda "agregada".

O mercado financeiro diz estar em dúvida sobre o destino da bandeira Extra. A questão é se o controlador Casino vai colocar a bandeira premium Pão de Açúcar e as operações do Éxito à venda, fechando ou eliminando as mais problemáticas - ou seja, o Extra.

Essa tese ganha força com o fato de que a holding do Grupo Casino - controlador do GPA - está em uma espécie de recuperação judicial na França.

Assim, a agenda de venda de ativos ganha força, uma vez que o conglomerado precisa de recursos. De qualquer forma, a separação de negócios parece ter sido bem recebida.

"Reconhecemos o potencial valor a ser destravado pela separação dos negócios", escreveu o analista Pedro Fagundes, da XP, em relatório. A decisão também foi um bom sinal, na opinião dos analistas do Bank of America.

Para eles, o GPA vinha apresentando uma deterioração da rentabilidade, e a compra do Éxito destinava recursos para áreas de pouca atratividade. 

Defesa

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Varejo, Eduardo Terra, o Assaí cumpriu a missão de auxiliar a reestruturar o multivarejo.

"Por um período, os números do Assaí permitiram a reestruturação. Hoje não existem sinergias. Há a ideia de que o multivarejo conseguiria andar sozinho", disse.

De acordo com André Pimentel, sócio da consultoria Performa Partners, a decisão é estratégica para destravar os valores do Assaí. Ele rechaçou a hipótese de que o Casino poderia vender a bandeira Extra.

"A holding opera mais alavancada. Pode estar mais estressada, mas está longe de viver em um mau momento", afirmou.

Resultado do Pão de Açúcar no Segundo Trimestre de 2020

O resultado do Pão de Açúcar (PCAR3) no segundo trimestre de 2020 (2t20), divulgado no dia 29 de julho, apresentou um lucro líquido de R$ 333 milhões, queda de -20,3% em relação ao mesmo período do ano anterior.

O Ebitda do Pão de Açúcar atingiu R$ 1,5 bilhão no 2t20, apresentando crescimento de 94,9% na comparação com o 2t19.

A margem Ebitda do Pão de Açúcar totalizou 7,4% no 2t20, apresentando crescimento de 1,4 ponto percentual na comparação com o 2t19. 

A Margem líquida do Pão de Açúcar atingiu 1,6% no 2t20, apresentando retração de -1,5 ponto percentual na comparação com o 2t19.

As ações do Pão de Açúcar (PCAR3) acumulam alta de 13,67% na bolsa de valores nos últimos 7 dias e queda de 28,02% nos últimos 12 meses.

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Fonte: Estadão Conteúdo.