Como se proteger de golpes ao negociar em DApps? À medida que mais pessoas se interessam por aplicativos descentralizados, os golpistas estão encontrando maneiras de causar prejuízo aos investidores.
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O mercado de criptoativos vem se expandindo desde o desenvolvimento do Bitcoin em 2008. Nos últimos tempos duas novas soluções estão em evidência: os DeFi e DApps.
O termo “Decentralized Application” (DApp) são aplicativos descentralizados que operam sem depender de uma autoridade central.
Desenvolvidos na tecnologia blockchain, esses programas são usados no para aplicativos de jogos, navegadores da web, armazenamento e verificação de identidade, educação, uso financeiro (DeFi), entre outros.
Os DApps surgiram na rede Ethereum e, desde então, expandiram para outras redes que usam contratos inteligentes para automatizar transações, como Binance Smart Chain, Solana e Avalanche.
O ecossistema de DApp vem se expandindo em uma ampla gama de indústrias e vários protocolos têm aumentado seu valor de mercado.
Com mais dinheiro em circulação, aumentou também os golpes, desde hacks a puxões de tapete.
Mesmo que os crimes e golpes financeiros tenham crescido em menor proporção do que o ecossistema dos DApps, esses casos podem causar insegurança nos investidores.
Mais de US$ 10 bilhões foram roubados de protocolos DeFi em 2021, de acordo com a agência de gerenciamento de riscos Elliptic. Isso representa um crescimento de 600% em relação a 2020.
Embora os golpes existam, há maneiras de se proteger.
Veja o que são os aplicativos descentralizados, sua importância e como se proteger de golpes ao negociar em DApps.
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O que são aplicativos descentralizados (dApps)?
Aplicativos descentralizados (dApps) são programas digitais executados com contratos inteligentes em uma rede blockchain.
A tecnologia blockchain permite que os aplicativos sejam transparentes, imutáveis e descentralizados, ou seja, não dependem de uma autoridade central.
Os DApps podem ser desenvolvidos para uma gama de finalidades, incluindo jogos, redes de compartilhamento de arquivos e mídia social.
Porém, seu uso mais discutido é em serviços financeiros, que recebe o nome de finanças descentralizadas (DeFi).
Assim, podemos resumir um DApp como um aplicativo de código aberto hospedado em blockchain que recompensa os usuários com tokens.
Segundo "A Teoria Geral dos Aplicativos Descentralizados", publicado por David Johnston em 2014, existem três tipos de dapps.
- Tipo I: Aplicativos descentralizados que possuem sua própria blockchain, como o Bitcoin (BTC), Litecoin (LTC) e outras “altcoins”;
- Tipo II: Aplicativos descentralizados que utilizam a blockchain de um DApp tipo I e que necessitam de tokens para seu funcionamento;
- Tipo III: Aplicativos descentralizados que são protocolos e possuem tokens, mas utilizam o sistema de um DApp tipo II.
Como funcionam os DApps
A maioria dos programas tradicionais são centralizados, ou seja, são controlados por uma entidade central responsável pelo aplicativo e seu funcionamento.
Dessa forma, mesmo que haja vários usuários, como o Twitter, o Facebook ou o Uber, por exemplo, ele é controlado por uma única organização.
Por outro lado, os DApps são executados em uma rede descentralizada, de código aberto, sem uma autoridade em particular no controle.
As alterações só são executadas depois que se atinge um consenso entre os participantes e os protocolos e informações são armazenados em blockchain.
A maioria dos protocolos DApps são construídos, protegidos e incentivados por meio de um mecanismo de consenso de Prova de Trabalho (PoW) ou Prova de Participação (PoS).
Normalmente eles são projetados para dar aos usuários um incentivo por meio de tokens.
Vantagens dos DApps
Os aplicativos descentralizados podem fazer tudo que um programa comum faz, com a vantagem de utilizarem a tecnologia blockchain que permite executarem sem uma autoridade central.
Além disso, são mais rápidos, acessíveis e eficientes de processar grandes volumes de dados.
As principais vantagens dos DApps são:
Mais seguro
Sua natureza descentralizada proporciona um nível de segurança mais elevado, já que as informações são distribuídas em um registro compartilhado.
Dessa forma, um hacker mal-intencionado precisa acessar todas as máquinas conectadas à rede para conseguir um ataque.
Transparência
Todas as transações realizadas em uma blockchain podem ser verificadas com facilidade.
Recompensas
No ecossistema, o envolvimento da comunidade é encorajado e todos podem contribuir para a gestão de um DApp e serem recompensados por isso.
Privacidade
Como aplicativos descentralizados, possuem a capacidade de proteger a privacidade dos usuários. Estes não precisam enviar suas informações pessoais para usar o que o aplicativo oferece.
Flexíveis
Os DApps podem ser implantados em uma variedade de setores, incluindo finanças, jogos, mídia social, compras online, entre outros.
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Desvantagens dos DApps
O uso de DApps ainda está nos estágios iniciais e, portanto, é comum que surjam alguns problemas e dúvidas quanto sua eficácia, bem como a aceitação de usuários mais tradicionais.
Veja as principais desvantagens dos aplicativos descentralizados:
Transição
Fazer com que as pessoas façam a transição para DApps exigirá paciência e esforço dos desenvolvedores para criarem uma experiência de usuário final e um nível de desempenho que rivalize com programas já populares e estabelecidos.
Dificuldade de mudanças no código
Se por um lado a dificuldade de mudanças no código pode trazer mais segurança, por outro é uma limitação, visto que, provavelmente, um DApp novo precisará de mudanças contínuas para melhorar ou corrigir bugs.
Como se proteger de golpes ao negociar em DApps
Grandes hacks esse ano envolveram DApps e projetos DeFi. Foram mais de US$ 10 bilhões perdidos em roubos e fraudes, mostrou o relatório da empresa de análise de blockchain Elliptic.
O principal problema não é o fato de ser construído com base em uma tecnologia relativamente nova, mas sim, no componente humano.
Embora os aplicativos descentralizados sejam projetados para serem independentes, é preciso confiar nos criadores do protocolo.
As falhas humanas podem ser provenientes de erros no design ou na implantação de um código imperfeito capaz de ser explorado por pessoas mal intencionadas.
Mas também há casos de "erros" intencionais, no qual desenvolvedores lançam projetos fraudulentos ou enganosos para que os fundos possam ser facilmente desviados.
Mesmo com tantos golpes e armadilhas, é possível identificar alguns padrões comuns que separam os projetos DApps legítimos dos enganosos.
Veja algumas dicas de como se proteger:
1. Pesquise exaustivamente
Seja um DApp, DeFi ou não, você sempre deve fazer sua pesquisa antes de investir em qualquer projeto.
Examine-o com cuidado a fim de determinar se este é legítimo e se, a longo prazo, tem o potencial de lhe render um bom retorno.
Comece examinando o site do projeto ou token. Ele é completo ou foi desenvolvido apenas em algumas horas?
Leia o whitepaper, o material deve explicar com clareza os benefícios do projeto, desafios do mercado e como planejam enfrentá-los.
Quem são seus desenvolvedores ou fundadores? Eles expõem seus nomes? Possuem experiência em projetos assim?
Onde o token está disponível para compra? É um local confiável, uma exchange de criptomoedas?
Embora esses não sejam os únicos indicadores de que um projeto é legítimo ou não, eles podem revelar mais sobre detalhes que você não estava atento em um primeiro momento e te ajudar a decidir se deve investir ou não.
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2. Qual o objetivo do projeto?
Se por um lado há muitas inovações interessantes no universo dos DApps, por outro existem muitos projetos que apenas pegam carona no entusiasmo do setor, sem trazer nada de novo.
Então, sempre se pergunte se o projeto tenta fazer algo inovador. Está tentando contribuir para a nova economia digital?
No que ele difere de seus concorrentes? Sua proposta é viável e tem valor?
Com perguntas simples e conscientes você já pode eliminar alguns golpes.
3. O projeto está em constante desenvolvimento?
Outro ponto a ser observado para se proteger de golpes é a atividade de desenvolvimento.
Os desenvolvedores estão envolvidos com o projeto e trabalhando continuamente para melhorá-lo?
Caso você conheça um pouco sobre codificação, pode dar uma olhada no código por conta própria, uma vez que ele é aberto.
4. Confira o contrato inteligente
Projetos DApps são baseados em contratos inteligentes que executam um conjunto de instruções no blockchain.
Embora possam ser bastante técnicos, vale a pena verificar sua autenticidade se ele for público ou pedir a alguém que conheça o espaço para fazê-lo.
Se os contratos inteligentes forem privados, tenha como regra só investir se a equipe por trás deles seja totalmente verificada, confiável e com histórico comprovado.
Se houver algum problema com o código, pode haver pontos fracos no projeto, como aconteceu com a plataforma DeFi Poly Network.
O hacker explorou um problema com a codificação da rede e roubou os fundos no que ficou conhecido como um dos maiores roubos de criptomoedas de todos os tempos.
Por isso, procure projetos que tomem precauções de segurança e sejam bem auditados.
5. Auditoria de contrato inteligente
Algo muito utilizado com contratos inteligentes é uma auditoria. Elas visam descobrir se há problemas no desenvolvimento de um projeto e certificam-se de que o código é seguro.
Embora sejam uma parte essencial, alguns desenvolvedores implantam seu código sem qualquer auditoria.
Note que as auditorias são caras. Projetos legítimos não se importam de pagar, pois prezam pela segurança.
Se você for um trader comum, que não domina as linguagens de programação, é preferível não investir em projetos que não tiveram seus contratos inteligentes auditados.
Porém, não confie somente na auditoria. Embora seja necessária, ela não significa segurança total.
Mesmo que o projeto seja auditado, ainda é possível que algo passe despercebido.
Por isso, esteja sempre ciente dos riscos e invista apenas aquilo que puder perder.
6. Quem são os fundadores?
Projetos com fundadores anônimos podem representar um risco adicional a ser considerado.
Embora o mundo dos criptoativos seja baseado no pseudonimato, desenvolvedores de projetos responsáveis não verão muito problema em expor sua identidade.
Já os golpistas não vão querer ter sua reputação em jogo. Caso permaneçam no anonimato, há uma boa chance de não serem responsabilizados.
Isso não quer dizer que todos os projetos liderados por equipes anônimas sejam ruins.
O Bitcoin é um exemplo disso. Provavelmente nunca saberemos a identidade de Satoshi Nakamoto, mas o projeto se provou legítimo.
Mesmo assim, o anonimato da equipe é algo a ser analisado.
7. Como os tokens são distribuídos?
Antes de investir em um projeto DApp ou DeFi, verifique como os tokens são distribuídos.
Uma alocação significativa de tokens pelo fundador pode ser considerado um sinal de alerta.
Uma das maneiras de um golpista ganhar dinheiro é inflar o preço do token, e, em seguida, despejá-lo no mercado, fazendo que seu preço caia.
Considere também a maneira como os tokens são distribuídos ao público.
É feito por meio de uma pré-venda exclusiva, uma oferta inicial de moeda (ICO), uma oferta de troca inicial (IEO)?
O modelo de distribuição de token deve ficar claro para todos.
8. Mantenha sua carteira segura
É extremamente importante que suas chaves privadas permaneçam seguras.
Existem diferentes opções de carteira disponíveis para proteger seus investimentos em criptoativos.
Embora ainda existam riscos, as carteiras frias (cold wallet) ou carteiras de hardware são consideradas a opção mais segura para armazenar chaves privadas.
Resumidamente, para se proteger de golpes, pergunte-se se a proposta é boa demais para ser verdade.
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