Circuit breaker é uma espécie de trava de segurança da Bolsa de Valores onde todas as operações são interrompidas a fim de conter a volatilidade excessiva do mercado. 

Carteira Recomendada? Faça um Diagnóstico Online e Receba uma Carteira Gratuita.

Fazia tempo que não se ouvia tanto a palavra circuit breaker no mercado de ações.

Circuit breaker nada mais é do que uma ferramenta de segurança da Bolsa de Valores acionada quando as ações sofrem grandes quedas consideradas atípicas em seus preços.

Esse mecanismo tem o intuito de proteger os investidores e o próprio mercado acionário e interromper todas as operações da Bolsa por um período determinado.

Apesar de soar como algo ruim, o mercado em baixa pode ser visto como uma excelente estratégia para valorizar seu capital.

Grandes investidores não se deixam abalar pelo circuit breaker e continuam investindo.

Para o guru dos investimentos, Warren Buffett, ao investir em ações não se deve esquecer que se compram empresas.

Portanto, se você possui ações de empresas com bons fundamentos não há porque se deixar levar pela maré de desespero ou euforia do mercado.

“A grande pergunta é: as perspectivas dessas empresas para os próximos 10 a 20 anos mudaram nessas 24 ou 48 horas?”

Essa perspectiva de longo prazo foi reforçada por Buffett ao analisar o bear Market nas Bolsas de Valores.

Então, você está pronto para saber o que é circuit breaker e como esta ferramenta funciona?

Leia até o final e veja a melhor estratégia para se sair bem de um circuit breaker.

O que é Circuit Breaker

O circuit breaker é um mecanismo da Bolsa de Valores para frear a queda dos preços das ações.

É acionado em momentos de quedas atípicas dos preços das ações interrompendo todas as operações no mercado acionário.

Em ciclos de Bear Market é comum o medo e euforia tomarem conta do mercado.

Com isso, mais pessoas vendem suas ações na esperança de reduzir o prejuízo causado pela baixa dos preços.

Em momentos atípicos do mercado, os preços apresentam uma volatilidade excessiva por conta do pânico generalizado e as ações sofrem quedas bruscas em seus preços.

Para balancear as ordens de compra e de venda, o Circuit Breaker é ativado.

Ou seja, ninguém pode realizar nenhuma negociação na bolsa, seja de ações individuais, fundos de investimentos ou fundos de índice (ETFs) durante determinado período.

Assim, os investidores podem repensar suas estratégias e evitar o efeito manada.

Na B3 isso acontece quando o Ibovespa atinge um limite de baixa de 10% em relação ao índice de fechamento do dia anterior.

Nesse primeiro momento as negociações são interrompidas por 30 minutos.

Se ao reabrir, a variação atingir uma oscilação negativa de 15%, as negociações são interrompidas novamente por uma hora.

Caso essa oscilação negativa persistir e ultrapassar 20% as negociações podem ser interrompidas por prazo indefinido.

Como os Milionários Investem? Baixe Grátis o Livro Digital "Onde Investir R$ 1 milhão".

Como surgiu o Circuit Breaker

O circuit breaker é um mecanismo de segurança que surgiu após o crash da Bolsa de Nova York, em 1987, no dia conhecido como Black Monday.

No dia 19 de outubro de 1987 a bolsa de valores americana teve sua segunda-feira negra quando um dos principais índices de ações do país, o Dow Jones caiu 22,6%.

Essa foi a maior queda percentual do índice em um único dia. 

Quando isso ocorreu, o mercado de ações não possuía nenhum mecanismo de proteção contra grandes quedas e volatilidade que pudesse amenizar o pânico e evitar uma queda tão drástica.

Então, após o colapso, a SEC (Securities and Exchange Commission), passou a adotar o circuit breaker como o objetivo de acalmar os ânimos dos investidores.

Para que assim, eles pudessem pensar e tomar decisões mais racionais após a pausa forçada do mercado.

Aqui no Brasil, esse foi implantado em 1997 e já foi acionado 23 vezes na história da bolsa.

Nesses momentos o principal índice de ações do Brasil, o Índice Bovespa (Ibovespa), caiu mais de 10% em relação ao valor do fechamento do dia anterior.

Funcionamento do Circuit Breaker nas Bolsas

O circuit breaker é acionado quando o mercado sofre movimentos bruscos de quedas.

Contudo, não há um percentual padrão entre todas as bolsas para que suas negociações sejam interrompidas.

Cada Bolsa de Valores determina seus próprios limites para acionar o circuit breaker, porém, o motivo é sempre o mesmo: atenuar o pânico no mercado.

No caso da bolsa brasileira (B3) o primeiro circuit breaker acontece com a oscilação negativa de 10% do Ibovespa.

Por outro lado, as bolsas americanas NYSE e NASDAQ acionam a interrupção ao atingir 7% de queda e interrompem as negociações por 15 minutos.

Caso atinja os 13% negativos, para novamente por 15 minutos. Se a variação atingir o patamar negativo de 20% o pregão é cancelado durante todo o dia. 

Veja abaixo o percentual de queda necessário para o primeiro circuit breaker em algumas bolsas pelo mundo:

  • Bolsa Brasileira (B3): - 10%;
  • Bolsa de Nova York (NYSE): - 7%;
  • Bolsa Americana (NASDAQ): - 7%;
  • Bolsa do México (BMV): - 7%;
  • Bolsa da China (SSEC): - 5%.

Quer Investir na Bolsa com Segurança? Veja a Melhor Ação de Dividendos Hoje.

Como funciona o Circuit Breaker na Bovespa

O circuit breaker na B3 está atrelado ao percentual de queda do Ibovespa, que varia em 3 níveis: -10%, -15% e  -20%. 

Queda de 10% do Ibovespa

O primeiro circuit breaker é acionado quando o índice Ibovespa apresenta uma queda de 10% ou mais sobre o valor do fechamento do dia anterior.

Neste momento, todas as negociações da Bolsa de Valores são suspensas por 30 minutos.

Queda de 15% do Ibovespa

Se após reabrir para negociações o Ibovespa continuar em queda e acumular um percentual de 15% de desvalorização em relação ao fechamento do dia anterior, um novo circuit breaker é acionado.

Nesta parada, todas as negociações ficam interrompidas por 1 hora.

Queda de 20% do Ibovespa

Se mesmo assim o Ibovespa continuar em queda e chegar a 20% em relação ao fechamento do dia anterior, o terceiro gatilho do Circuit Breaker é acionado.

Nesse momento as negociações ficam suspensas e a B3 fica responsável por definir um novo prazo para reabertura do mercado.

Percentual do IbovespaTempo de paralisação
- 10% em relação ao dia anterior30 minutos
- 15% em relação ao dia anterior1 hora
- 20% em relação ao dia anteriorParada por tempo indeterminado

Essas regras possuem apenas duas ressalvas:

  • O Circuit Breaker não pode ser acionado nos últimos 30 minutos de funcionamento do pregão da B3. Este período serve para que compradores e vendedores ajustem suas posições.
  • Caso aconteça um circuit breaker na última hora do pregão, será possível realizar apenas uma nova paralisação de 30 minutos na reabertura do mercado.

Para que serve o Circuit Breaker

O circuit breaker serve principalmente para acalmar a volatilidade excessiva do mercado e frear as quedas.

Assim, ao realizar essa interrupção nas negociações, espera-se que ocorra um rebalanceamento do mercado e se equilibre o número vendas e de compras.

Esse fechamento forçado pode parecer algo ruim, porém, evita que negócios sejam realizados por impulso e por medo.

Ao dar tempo para o investidor respirar e repensar suas estratégias, o circuit breaker evita que aconteça uma queda descontrolada nos preços dos ativos.

A tendência é que, após a pausa, o mercado se equilibre e volte ao seu movimento natural.

Este mecanismo de segurança desenvolvido pela Bolsa de Valores e serve para proteger os investidores e evitar que acontecimentos repentinos prejudiquem toda a Bolsa de Valores.

Circuit Breakers Históricos

Ao longo dos anos de operação, a Bolsa de Valores Brasileira entrou algumas vezes em Bear Market e teve quedas históricas.

Veja na tabela a seguir as principais quedas e circuit breakers da B3 e o tempo que a Bolsa levou para se recuperar:

AnoCausaQuedaRecuperação
1997Crise Asiática42,90%2 anos, 4 meses e 22 dias
1998Crise Russa56,41%7 meses e 25 dias
1999Câmbio Flutuante44,39%3 meses e 2 dias
2001Atentado 11/0912,73%1 mês e 25 dias
2008Crise Subprime43,82%8 meses e 15 dias
2017Joesley Day8,80%3 meses e 5 dias
2020Coronavírus43%*?

* de 03/01/2020 a 18/03/2020.

Já o circuit breaker foi acionado 23 vezes em 6 anos diferentes.

Circuit Breaker na Bovespa
AnoMêsDia
1997OutubroNovembro287, 12
1998AgostoSetembro214, 10(2x), 17
1999Janeiro13, 14
2008SetembroOutubro296(2x), 10, 15, 22
2017Maio18
2020Março9, 11, 12(2x), 16, 18

1997 – Crise Asiática

Em 1997, os chamados tigres asiáticos, o conjunto de países emergentes do Sudeste Asiático que se destacavam pelo forte crescimento, foram surpreendidos por um período de recessão econômica.

Em outubro de 1997, a Bolsa de Valores de Hong Kong caiu 10,4%  e derrubou outras Bolsas em todo mundo, inclusive no Brasil.

A bolsa brasileira realizou 3 paralisações, acionando o circuit breaker nos dias: 27 de outubro, e 07 e 12 de novembro.

1998 – Crise Russa

A crise nas bolsas asiáticas, em 1997, atingiu também o mercado financeiro russo.

Com a queda no preço do petróleo, principal fonte de renda para a Rússia, o país passou por uma forte crise financeira em setembro de 1998.

E se viu sem condições de pagar dívidas externa e interna.

Os efeitos dessa crise foram sentidos em várias economias do mundo.

No Brasil, a Bolsa de Valores registrou queda de 56,41% e acionou o circuit breaker em 5 momentos:

No dia 21 de agosto, 04 de setembro, 2 vezes em no dia 10 de setembro e outra vez no dia 17.

1999 – Câmbio Flutuante

O início de 1999 foi marcado por uma forte queda do real após o Banco Central mudar o regime cambial e passar a operar em regime de câmbio flutuante.

Com isso, o preço das ações da Bolsa de Valores despencaram e o circuit breaker teve que ser acionado nos dias 13 e 14 de janeiro de 1999.

2001 – Atentados de 11 de setembro

Quando as torres gêmeas em Nova York foram atacadas, no dia 11 de Setembro de 2001, os negócios foram interrompidos na Bovespa, mas o circuit breaker não foi acionado.

Naquele dia, o Ibovespa caiu 12,73%, mas antes que as negociações fossem interrompidas, a bolsa fechou, seguindo a maioria das bolsas do mundo.

2008 – Crise do subprime

Motivada pela concessão desenfreada de créditos imobiliários e posterior falta de pagamento, os Estados Unidos registraram uma das maiores crises econômicas da sua história.

Isso gerou um colapso na economia mundial, inclusive na Bolsa de Valores brasileira que acionou o circuit breaker 6 vezes:

Em 29 de setembro, duas vezes no dia 6 de outubro e nos dias 10, 15 e 22 de outubro.

2017 – Joesley Day

Em 18 de maio de 2017, o mercado acionário brasileiro sofreu as consequências da divulgação de um áudio da delação premiada de Joesley Batista, dono da companhia JBS.

Na gravação, acusava o então presidente Michel Temer de dar o aval para compra do silêncio do deputado Eduardo Cunha.

Neste dia, a B3 acionou o circuit breaker e interrompeu as negociações por 30 minutos. 

2020- Coronavírus

Só em março de 2020 o “circuit breaker” já foi acionado seis vezes em apenas em oito pregões.

Com isso, se iguala a 2008, ano da crise financeira mundial, onde o mecanismo também foi acionado seis vezes, mas ao longo de todo o mês de outubro.

Os motivos do circuit breaker na B3 hoje são as preocupações com impacto do coronavírus na economia global e a queda do preço do petróleo.

O circuit breaker foi acionado pela primeira vez no dia 09 de março de 2020 após cair 12,17%.

No dia 11, a B3 acionou o seu 2º circuit breaker. No dia seguinte, as negociações tiveram que ser paradas duas vezes.

Na semana seguinte, o pregão da B3 já iniciou a segunda-feira (16/03) com um novo circuit breaker.

O último acionamento do circuit breaker foi nesta quarta-feira (18).

No total a bolsa já acumula uma queda de 43% em 2020.

Como os Milionários Investem? Baixe Grátis o Livro Digital "Onde Investir R$ 1 milhão".

O que fazer com as Ações no Circuit Breaker?

A queda repentina da Bolsa causa momentos de pânico, desespero e medo, mas o Bear Market é a hora de refletir sobre alguns conceitos.

Bem como rever suas estratégias para lidar do jeito mais adequado com seus investimentos em bolsa.

Primeiramente, renda variável se chama assim justamente porque tem oscilações.

A dinâmica da Bolsa de Valores é marcada por ciclos de alta e de baixa, sendo que nenhum deles dura para sempre.

Crises financeiras, preços em queda, pânico generalizado nas bolsas e notícias assustadoras por todo o lado são coisas que de tempos em tempos vão acontecer.

Se quer investir em ações, se acostume com isso.

É justamente por essa volatilidade do mercado acionário não é para todos.

As estratégias e os melhores investimentos variam de acordo com o seu perfil de investidor, ele definirá o percentual de cada classe de ativos que você deve investir.

A melhor forma de você descobrir o seu perfil é fazer um teste online de investidor.

Dito isso, ninguém sabe o que vai acontecer com a bolsa amanhã, daqui a 7 dias, 1 mês, 1 ano, 10 anos. 

Por isso, a abordagem mais apropriada realizar movimentos lentos e graduais e continuar aportando todo mês em ações de boas empresas.

A visão de longo prazo é a melhor para ganhar dinheiro na bolsa e reduzir os riscos.

Para isso, compre ações de boas empresas e reinvista os dividendos.

As ações de empresas com bons fundamentos tem como característica reportar lucros positivos consistentes e crescentes ao longo dos anos. 

Você precisa acreditar no processo.

No longo prazo os resultados tendem a ser bons.

Independente de circuit breaker, de crise do petróleo, de Coronavirus, seja lá o que for...

Quem investiu em ações de boas empresas e fez uma boa alocação de ativos não tem motivo para se preocupar com os circuit breakers.

Diversificar a carteira comprando ações de empresas de vários setores é uma das principais estratégias para reduzir os riscos.

Se ainda não diversificou, é hora de começar.

São também nos momentos de crise que grandes investidores se posicionam para fazer verdadeiras fortunas. 

Warren Buffett já dizia:

“Seja ganancioso quando os outros estão com medo e seja medroso quando os outros são gananciosos.”

Como os Milionários Investem? Baixe Grátis o Livro Digital "Onde Investir R$ 1 milhão".