A crise provocada pelo Coronavírus derrubou o Ibovespa em 30% no mês de março, mas os fundos Alaska Black caíram o dobro, chegando a -70% em três meses.

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O que você faria se o seu patrimônio derretesse 70% no intervalo de dois meses?

Pois foi isso que aconteceu com os cotistas dos fundos de Investimento Alaska Black entre os dias 23 de janeiro e 23 de março:

a geleira derreteu em meio à crise provocada pelo Coronavírus e a guerra no preço do petróleo.

Quem tinha R$ 50 mil aplicados, por exemplo, viu esse montante cair para R$ 15 mil. 

Não é novidade que a renda variável oscila.

Também não é novidade que a bolsa sofreu e o Ibovespa despencou nesse período. 

Eu lembro e você também lembra:

em apenas oito pregões, foram seis circuit breakers acionados, com fechando o mês de março com uma queda de 30%, a pior para um mês em 22 anos.

Mas, enquanto o Ibovespa caiu 30% em março, dois dos fundos Alaska Black caíram quase 60% no mês.

Há um motivo simples por trás dessa queda: uma estratégia desastrosa envolvendo juros e dólar.

Com mais de 200 mil cotistas, os fundos de ações da gestora Alaska Asset Management estão entre os mais populares do Brasil. 

Neste artigo, você vai entender como a geleira derreteu justamente no momento quando os cotistas mais precisavam da sua solidez.

Vou responder as dúvidas de muitos investidores dos fundos hoje:

  • Por que o Alaska caiu tanto na crise;
  • O que mudou com o Alaska depois do Coronavírus;
  • Como funciona o fundo Alaska;
  • Quais são os fundos Alaska;
  • Em quais ações o Alaska investe;
  • Como investir no Alaska;
  • O Alaska pode quebrar;
  • Vale a pena investir no Alaska.

Vamos juntos?

Motivos da Queda dos Fundos Alaska

Antes de explicar por que o Alaska caiu tanto no impacto do Coronavírus na ações da bolsa e pela guerra no preço do petróleo, vale a pena relembrar como a bolsa de valores se comportou no mês de março.

Tenho certeza de que você se lembra: 

começamos o mês com o índice Ibovespa na casa dos 104 mil pontos e terminamos nos 73 mil pontos.

Foram dias de pânico entre os investidores, com a bolsa caindo mais de 10% por mais de um dia, e seis circuit breakers no intervalo de apenas oito pregões.

A pandemia se espalhava pelo mundo e, enquanto os bancos centrais injetavam dinheiro, ficava cada vez mais claro para os investidores que o isolamento social, única medida para frear o contágio, iria impactar os lucros das empresas.

As ações que mais caíram na bolsa com o Coronavírus foram aquelas ligadas aos setores de aviação aérea e varejista.

E faz todo sentido, porque até agora os voos não retomaram o mesmo volume, as varejistas estão com as lojas fechadas, fraca operação online e os shoppings seguem fechados por todo o país.

Mas, enquanto a bolsa caía, outro fenômeno afetava o mercado financeiro brasileiro: o dólar disparou.

Em março, a moeda norte-americana começou o mês cotada em R$ 4,47 e fechou o período em R$ 5,21, valorização superior a 16%, chegando a passar os R$ 5,80 no início de maio.

Há vários fatores que explicam essa desvalorização do real, como a busca por ativos mais seguros em meio à crise e a queda da taxa básica de juros, rebaixada pelo Banco Central para 3,75% a.a. no dia 18 de março e atualmente a Selic hoje está em 3% a.a.

E é aqui que começamos a entender o desempenho fora da curva dos fundos Alaska Black.

Para entender melhor, veja o desempenho dos fundos de investimentos divulgado pela gestora na carta enviada aos cotistas no fim do mês:

Março 2020Renda VariávelJurosCâmbioCaixaCustos*Total
Alaska Range-4,66%0,31%1,40%0,21%-0,17%-2,92%
Alaska Black FIC-36,48%-13,96%-9,31%0,07%-0,04%-59,72%
Alaska Black FIC II-36,48%-13,96%-9,31%0,07%0,06%-59,62%
Alaska Black Institucional-32,06%--0,01%-0,14%-32,19%
Alaska 70 Icatu Previdenciário FIM-20,82%--0,10%-0,10%-20,82%

* Aqui estão incluídas as taxas de administração e performance. Fonte: Alaska Asset Management, carta de março de 2020

Peço que você observe com atenção a diferença de desempenho entre o fundo Alaska Black FIC e o fundo Alaska Black FIC II com o fundo Alaska Black Institucional

Quase 30% de diferença de desempenho entre os fundos, que possuem critérios muito parecidos para a escolha das ações.

O que explica essa diferença?

A resposta está nas características dos fundos

Enquanto o Alaska Black Institucional é um fundo de ações puro, conhecido como “Long Only”, que investe apenas em ações, os outros dois fundos são caracterizados como fundos multimercado, porque investem também em derivativos.

Assim, o desempenho desastroso se deve a uma estratégia de juros e câmbio que o Alaska vinha carregando desde 2015. 

Na prática, o fundo estava vendido em dólar e comprado em juros.

Ou seja: apostando na queda do dólar e na valorização dos juros, como um mecanismo de proteção.

Com o mercado se tornando disfuncional naqueles dias de circuit breaker, a gestora se viu obrigada a liquidar essas posições em derivativos, como Ney Miyamoto, Henrique Bredda e Luiz Alves Paes de Barros, explicaram em uma live transmitida aos cotistas na conta da gestora no Instagram, no dia 12 de março.

Um dos nomes mais populares do “fintweet”, com mais de 150 mil seguidores o perfil do Henrique Bredda no Twitter tomou a palavra na transmissão para explicar a situação aos cotistas.

“Se você tem posições em derivativos, eventualmente você vai ter uma correria, uma série de stops.

Seja isso por medo ou resgate, vai ter um monte de gente querendo comprar dólar ou comprar juros no mesmo momento.

No Alaska Black, embora ele esteja 100% comprado em ações, ele não está 100% comprado em ações via ações diretamente.

Mais ou menos 25% do fundo fica em dinheiro vivo. Está em caixa. O que fica no lugar disso: puts vendidos e algumas calls”, discorreu Bredda.

Em seguida, ele explicou que o fundo zerou essa posição em derivativos devido ao caos que se instalou no mercado.

“O que a gente faz em uma situação extremamente caótica, que é o que a gente está vivendo agora: se o mercado perdeu a referência de preços completamente e você está envolvido com derivativo, a gente zera tudo.

Acrescentando que se tratou de um movimento “tático” e que, quando o mercado começasse a normalizar e encontrar o seu ponto de negociação, o fundo iria retomar as posições e convicções.

De fato, a gestora repetiu a estratégia em abril, como ficou claro na carta enviada aos cotistas.

“No mercado de câmbio, os fundos Alaska Black FIC’s montaram pequena posição vendida no dólar contra o real e sofreram com a desvalorização da moeda local”, explica a carta.

Bredda ainda afirmou que o fundo não estaria vendido em dólar se não tivesse a proteção dos juros.

Foi uma combinação que a gestora vinha carregando desde setembro de 2015.

“Lá atrás a gente imaginava que o dólar em R$ 3,15 iria chegar perto de R$ 5? Não. A gente mantém ele vendido porque tem juros.”

“Uma coisa foi compensada a outra. Mas, quando o mercado fica disfuncional, a gente sai”, detalhou Bredda.

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Rentabilidade Fundos Alaska

Como resultado dessa estratégia, o retorno dos fundos ficou prejudicado, principalmente no horizonte de tempo de 2020:

FundoAno
Alaska Black FIC FIA - BDR Nível I-63,28%
Alaska Black FIC FIA II - BDR Nível I-63,21%
Alaska Black Institucional FIA-31,07%
Alaska 70 Icatu Previdenciário FIM-17,83%
Alaska Black 70 Advisory XP Seg Prev FIC FIM-20,24%
Alaska Black 100 Advisory XP Seg Prev FIC FIM-29,26%
Alaska Range FIM1,47%
Alaska Cash RF FI Crédito Privado-0,69%

Fonte: Informativo Diário 10/05/20 Alaska Asset Management.

Perceba que o Alaska Institucional, que apenas investe em ações, sem derivativos, está com prejuízo de -31,13% neste ano, enquanto os FICs perderam mais do que o dobro disso.

Estratégia da Alaska na Crise

Já podendo assimilar os impactos do mês de março sobre o desempenho dos fundos, na live do Henrique Bredda com Renato Breia, da casa de análise Nord Research, no dia 8 de abril

Naquela oportunidade, ele explicou as mudanças que a crise gerada pelo impacto do Coronavírus na economia provocou na gestora.

Bredda começou explicando que, na escolha das empresas que compõem a carteira do fundo, nenhuma alteração foi feita. 

“O que a gente faz é tentar ver o preço, o que o mercado está pagando, por quanto topa vender. Olhamos esse preço e comparamos com o que se imagina de fluxo de caixa nos próximos 30 anos. Sempre um horizonte muito longo e as empresas mudaram muito pouco o fluxo de longo prazo”, disse.

Bredda ainda acrescentou que é possível que em 2022 e em 2023 as empresas que sobreviverem à crise estejam mais fortes do que entraram, em termos de competitividade. 

“Vão ganhar muito espaço em cima do pequeno e médio, como em todas as crises. Ocorre um processo de oligopolização.

Se não ficar no meio do caminho, acaba ganhando espaço em cima das que morrem”, explicou.

Já no que diz respeito à estratégia de juros e câmbio, que provocou o desastre no resultado de março, Bredda disse que a gestora está revendo as maneiras que se expõe a esses ativos. 

“O dólar tirou dinheiro todos os anos, praticamente, mas os juros mais que compensaram. Quando isso deixou de ter relação lógica, e a gente viu isso acontecendo, zeramos.

O que a gente fez foi rever os instrumentos. Dificilmente a gente volta nos mesmos formatos.

O fundo não vai se furtar a usar outros instrumentos para tentar ajudar na composição de retorno, mas o que ficou de lição para o Black BDR foi rever o instrumento e rever tamanhos”, reconheceu o gestor.

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Como Funciona o Fundo Alaska?

A gestora Alaska Asset Management é uma asset criada em 2011 que controla, atualmente, sete fundos de investimento focados em ações. Alguns são compostos apenas por ações, outros possuem derivativos, e outros possuem outras estratégicas, com foco em previdência. 

A filosofia da gestora é simples: investir o patrimônio dos cotistas em empresas com alto potencial de retorno com foco no longo prazo. 

São fundos para o investidor com perfil arrojado, que aceita a volatilidade do mercado financeiro e mira ganhos consistentes no futuro.

A gestora tem mais de 200 mil cotistas e quase R$ 4 bilhões sob gestão, sendo comandada pelo CEO Luiz Alves Paes de Barros, um dos maiores investidores brasileiros da história da bolsa.

Alaska Fundos

Listei, a seguir, os fundos da Alaska, sendo os três primeiros os principais da gestora, com capital somado em torno de R$ 3,3 bilhões:

Nome do FundoEstratégia
Fundo Alaska Black Institucional FIAexposição somente em ações
Fundo Alaska Black FIC FIA BDR Nível Ifundo de ações com estratégia de moedas e juros, para investidores qualificados
Fundo Alaska Black FIC FIA II BDR Nível Ifundo de ações com estratégia de moeda e juros, para investidores em geral
Fundo Alaska 70 Icatu Previdenciário FIMfundo que aplica 70% em ações e o restante em renda fixa
Fundo Alaska Black 100 Advisory XP Seg Prev FIC FIMfundo multimercado previdenciário, com exposição de -100% a + 100% em ações
Fundo Alaska Black 70 Advisory XP Seg Prev FIC FIMfundo multimercado previdenciário, com exposição em ações de -70% a +70%.
Fundo Alaska Range FIMfundo multimercado com estratégias direcionais e de arbitragem

Ações Alaska Black

Nos últimos anos, o Alaska ficou famoso por apostar na ascensão da Magazine Luiza (MGLU3), quando a empresa era apenas uma small cap.

O fundo foi um dos únicos a capturar boa parte do crescimento da empresa, o que contribuiu muito para o resultado da gestora.

A seguir, listamos as nove principais posições do fundo Alaska Black Institucional, que representam quase 70% da exposição em ações, de acordo com as informações de janeiro de 2020.

EmpresaCódigoExposição*
Magazine LuizaMGLU314,04%
Cogna EducaçãoCOGN312,64%
BraskemBRKM39,5%
SuzanoSUZB39,45%
PetrobrasPETR49,18%
AliansceALSC37,83%
ValeVALE37,71%
RumoRUMO37,37%
Log-inLOGN34,57%

Exposição referente a janeiro de 2020*

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Como Investir no Alaska

Para investir nos fundos controlados pela Alaska Asset Management, a orientação da gestora é procurar algum canal de distribuição, como corretoras de valores e bancos de investimento. 

Os fundos estão disponíveis nas seguintes plataformas:

Basta selecionar a corretora na qual você tem conta, consultar a disponibilidade dos fundos e comparar as características para descobrir se vale a pena investir, dentro do seu perfil de investidor.

Alaska pode Quebrar?

Na live da Alaska com os cotistas, os sócios afirmaram que é muito improvável que a gestora quebre.

Mesmo assim, Bredda discorreu sobre a possibilidade de os fundos que têm exposição a derivativos perderem 100% do capital, ele citou:

“Existe uma possibilidade que é a seguinte: se você tem derivativos, como você quebra nessa posição:

você acorda num dia e o dólar sai de R$ 4,50 para R$ 9,00. Aí você tem prejuízo de 100 do patrimônio.

Como você faz pra se proteger: com outras estruturas que também te dão ganho caso o dólar dispare.

O que a gente faz: uma combinação de algumas proteções para esse evento, e muita liquidez”.

Com as proteções, portanto, o fundo não corre esse risco.

Mas Bredda ainda salientou que, mesmo em um cenário improvável em que todos os cotistas saiam, um terço do patrimônio dos fundos pertence aos sócios.

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Fundo Alaska Vale a Pena?

A resposta para esta pergunta é clara: depende

Depende do seu perfil de investidor, que revelará os seus objetivos e a maneira que você administra o seu dinheiro.

Os fundos de investimento costumam ser recomendados aos investidores que possuem um capital para investir, mas não possuem tempo, paciência ou dedicação para tomar as próprias decisões de investimentos.

Em muitos casos, quando a sua hora de trabalho vale muito, isso pode fazer todo sentido.

Afinal, você tende a ganhar mais com uma tarde de trabalho do que analisando as empresas nas quais vai investir e acompanhando o mercado.

Mas quem assume essa responsabilidade – e esse risco – conta com uma enorme vantagem no longo prazo: não precisa pagar taxa de performance e nem taxa de administração

Em geral, os fundos de ações no Brasil cobram 2% de taxa de administração e 20% de taxa de performance sobre o que exceder o benchmark.

Imagine, agora, que você tenha investido 100 dólares nas ações escolhidas pela Berkshire Hathaway, empresa de Warren Buffett, na década de 70, teria hoje US$ 1,6 milhão.

E se você investisse nas mesmas ações, em um fundo que cobra 2% de administração e 20% de performance?

O resultado cairia para US$ 200 mil.

Essa comparação foi trazida pelo empresário e investidor Thiago Nigro em uma de suas lives com seguidores no Instagram, e mostra como as taxas podem corroer a rentabilidade dos seus investimentos.

Por isso, é você quem precisa decidir.

Se você não quer estudar o mercado financeiro, aceita pagar as taxas e que terceirizar a gestão do seu dinheiro, investir parte do patrimônio no Alaska pode ser uma boa opção, lembrando que deve aceitar os riscos aos quais a gestão do fundo se expõe.

Agora, se você busca encurtar o tempo para sua independência financeira, ter o controle total dos seus investimentos e identificar oportunidades no mercado de ações, talvez a melhor alternativa seja montar sua própria carteira de ações.

A boa notícia é que você não precisa fazer isso sozinho.

Existem diversos portais focados na análise fundamentalista, diminuindo o tempo na sua tomada de decisão, como o GuiaInvest, que exibe todos indicadores fundamentalistas e possui um indicador próprio chamado GI Score Line System.

Além das ferramentas, caso queira o meu acompanhamento para investir em ações com ótimos fundamentos e que estão sendo negociadas com desconto em relação ao seu preço justo, garanta a sua vaga na minha Carteira Jóias da Bolsa.

E aí, gostou do texto? Agora eu quero saber a sua opinião.

Você é cotista do Alaska?

Se não é, você investiria no fundo? Escreva nos comentários.