Nada é bom para sempre, que não possa ficar ruim um dia.

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Assim como nada é ruim para sempre, que não possa um dia ficar bom. 

O investimento em ações tem muito disso.

Quero voltar ao caso da IRB Brasil (IRBR3). Afinal eu prometi que acompanharia o caso até o fim, né.

Bem, depois de tudo que se sucedeu, a empresa se desvalorizou muito. Mas muito mesmo.


Da primeira vez que escrevi sobre ela, no dia 4 de fevereiro, a ação estava a R$ 38.

Não quero aqui roubar os créditos deste caso, como se eu tivesse descoberto a América. Não é o caso.

Quem “descobriu a América” neste caso foi a Squadra Investimentos, que divulgou uma carta falando sobre os problemas que ela via na IRB.

Eu mesmo só fiz meu julgamento sobre o que a Squadra escreveu e transmiti minha opinião para vocês.

Minha maior motivação foi ver amigos, conhecidos e seguidores me dizendo que estavam comprando “de lote” ações da empresa pois acreditavam que tinham caído muito.

Eles corriam incrivelmente motivados em direção a um precipício

Eu precisava fazer algo.

Era um caso clássico de viés comportamental de ancoragem

Quando a memória recente dos preços do papel, bem mais altos do que o atual, te faz acreditar que neste patamar ele esteja extremamente barato e que logo voltarão “ao normal”.


Esse viés era reforçado pelo (não mais) excelente histórico de resultados da empresa.

Quando a ação deu aquela estacionada ali pelos R$ 10, novamente eu vi muita gente comprando e acreditando que ela voltaria se não tudo, pelo menos boa parte do que caiu.

Recebi até um e-mail desaforado por que um leitor deixou de comprar o papel aos R$ 9 e viu ele subir para 11 poucos dias depois. 

Isso tudo porque ele ficou desencorajado pelas minhas palavras sobre a empresa.

E que bom que eu o desencorajei.

Quero que você ganhe dinheiro com empresa boa, com responsabilidade.

Enfim, pouco mais de seis meses desde meu primeiro texto (este é o quarto), cá estamos com a IRBR3 sendo negociada por volta de 7 a 8 reais.

Novamente a Squadra publica outra carta, na qual fala, novamente, sobre a IRB Brasil.

Nela, a gestora elogia a atual gestão da empresa mas lista alguns motivos para continuar vendida (apostando na queda) nas ações da resseguradora.

Dentre os motivos, está o múltiplo que a ação está sendo negociada atualmente, cerca de 1,8 vezes o seu valor patrimonial, sendo que a média do setor de resseguros está na casa de 1,2 vezes.

Um dos argumentos para não ver sentido pagar mais caro do que a média é porque a empresa ainda não tem certeza dos seus resultados passados

Apesar de ter republicado os balanços de 2018 e 2019, eles não passaram por uma auditoria atuarial, o que seria o normal de se fazer. 

Portanto, podem ainda ter esqueletos neste armário.

Outro ponto é que a empresa possivelmente precise recolher suas fichas dos seguros internacionais. 

Isso quer dizer que a empresa vai deixar de fazer novos resseguros e vai deixar os atuais vencerem. 

Isso até faz sentido que ocorra, uma vez a atuação internacional da empresa é deficitária.

Isso é algo bom, mas também é um remédio amargo. 

Este encolhimento é caro para a empresa, pois ela vai ter que pagar vários sinistros nesse período e não terá a receita de novos prêmios de apólices emitidas. 

É uma digestão extremamente difícil.

A gestora vai além e cita que vários itens apontados por ela como inconsistentes no balanço patrimonial da IRB ainda não foram depurados e continuam lá.

Se você não for ler a carta, pelo menos saiba que a gestora elogia muito o trabalho dessa nova gestão da empresa e acredita que ela vá se recuperar (no sentido de não quebrar).

Não quer dizer também que agora é hora de entrar no papel.

No final das contas, a IRB não era tão boa que não pudesse ficar ruim.

Ela também não é tão ruim, que não possa ficar boa de novo.

Por enquanto, eu continuo acreditando que a hora do “ficar boa de novo” ainda não chegou para a IRB Brasil.

Para a carteira do Seleção de Dividendos, que vem colocando generosos proventos na conta dos assinantes, ela só entraria depois de muita, mas muita mesmo, convicção de que ficou boa. 

Mesmo que tenhamos que pagar um pouco mais caro para isso. Está longe disso.

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