Os investimentos no exterior são uma estratégia de diversificação que pode reduzir o risco e melhorar a rentabilidade. Como não estão correlacionados com o Brasil, não sofrem os efeitos de crises domésticas.

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Por muito tempo, investir no exterior era visto como algo trabalhoso e um privilégio para os investidores de alta renda.

Com algumas mudanças regulatórias e o desenvolvimento de novos produtos, as aplicações fora do Brasil entraram no radar de todos os tipos de investidores.

As alternativas para a alocação internacional incluem uma variedade de fundos de investimento, ETFs, BDRs até o investimento direto nas Bolsas de Valores estrangeiras.

Além da democratização dos investimentos no exterior, a crise causada pelo coronavírus e a taxa Selic nas suas mínimas históricas contribuíram para que mais brasileiros buscassem alternativas fora do país.

Os papéis negociados na Bolsa Brasileira (B3) representam apenas 1% das ações globais e o nosso PIB não chega a 3% do produzido no mundo.

Isso significa que ao investir apenas localmente o investidor terá muito menos chance de diversificar o portfólio em setores variados.

Mas antes de investir no exterior é importante conhecer as alternativas e a importância da alocação internacional. 

Continue a leitura e veja como aplicar uma parte do patrimônio fora do Brasil.

Por que diversificar globalmente os investimentos?

A alocação internacional é uma forma de expor seus investimentos a diferentes fatores de risco e assim, mitigá-los. 

Embora a economia brasileira tenha deixado os dias de instabilidade extrema para trás, ainda ficamos atrás de países com mercados sólidos e moedas fortes, como os Estados Unidos, por exemplo.

Boa parte da economia do Brasil é baseada em serviços e exportação de matéria-prima (commodities).

Por isso, nossa economia e nossa moeda estão expostas aos ciclos econômicos.

Junte isso a crises políticas e poderá ver parte do patrimônio se deteriorar com épocas difíceis dos mercados locais.

Alocar uma parte do patrimônio em investimentos no exterior pode ajudar a balancear os resultados da carteira.

Colocando em perspectiva, o mercado brasileiro corresponde a apenas 1% do mercado global de ações.

Mesmo com boas opções de investimento, o Brasil não concentra todas as oportunidades.

O PIB brasileiro é cerca de 3% do PIB mundial. Alocando seus investimentos todos no Brasil, significa que está ignorando os outros 97%.

Sem contar que parte das nossas despesas é global. As economias mundiais estão interligadas.

Parte dos produtos que consumimos aqui vem parcialmente ou na sua totalidade do exterior.

Assim como importamos, também exportamos muita coisa.

Dessa forma, mesmo diversificando em investimentos locais, sempre vai existir uma parte inerente ao risco Brasil.

Investir globalmente pode melhorar a relação risco x retorno, já que os ativos no exterior estão expostos a diferentes fatores de risco.

Baixa correlação com os ativos brasileiros 

A exposição internacional ajuda na estabilidade da carteira mesmo frente a um problema doméstico.

A baixa correlação dos ativos internacionais com os brasileiros é a principal vantagem de investir no exterior. 

Pois, mesmo diversificando entre empresas de setores diferentes, se elas forem de um mesmo país, de uma forma ou de outra estão expostas aos mesmos fatores de risco inerentes ao país.

Veja, por exemplo, os diversos eventos políticos que o país enfrentou nos últimos anos ou a greve dos caminhoneiros que pararam o país em 2018.

Foram eventos exclusivamente locais e que influenciaram os movimentos da bolsa.

Ao alocar uma parte do capital no exterior, esta não sofre os abalos das crises locais e podem balancear a carteira.

Mesmo diante de um evento global, tal como a crise do coronavírus, os mercados emergentes sofreram mais que os desenvolvidos, reafirmando a importância dos investimentos no exterior.

Exposição a diferentes momentos de ciclo econômico

A bolsa de valores é uma espécie de termômetro da atividade econômica de um país.

Cada país possui sua própria realidade e se encontra em um momento do ciclo econômico.

Por isso, investir em ações de diferentes países significa estar exposto a diferentes expectativas de crescimento das empresas.

Viés doméstico dificulta os investimentos no exterior

Com tantas empresas com potencial de valorização pelo mundo, o brasileiro insiste em construir barreiras para o dinheiro e aloca mais de 99% no próprio Brasil!

Mesmo o PIB do Brasil representando aproximadamente 3% do PIB mundial e o mercado de renda variável brasileiro apenas 1% do mercado de ações globais, somente 1% do dinheiro dos brasileiros investem no exterior.

Esta preferência desproporcional em investir no próprio país é o chamado Viés Doméstico, ou Home Bias.

O viés doméstico nada mais é do que a tendência em investir a maior parte do portfólio em ações do país onde vivem.

Esse é um fenômeno mundial, uma vez que o ser humano tende a buscar o que lhe é familiar.

Porém, esta propensão parece ser maior entre os brasileiros.

Enquanto cerca de 1% do dinheiro dos investidores brasileiros está no exterior, na Colômbia esse percentual é de 20%, 25% no México 25% e 40% no Chile.

Além da preferência por investir naquilo que é conhecido, outros motivos desse viés são as dificuldades extras associadas ao investimento em ações estrangeiras, como restrições legais e custos adicionais de transação.

Investir em ações no exterior tende a diminuir os riscos e proteger a carteira das mudanças no mercado doméstico.

A alocação internacional deveria representar, em média, 15% da carteira, mas para isso acontecer, antes deve haver uma mudança de mentalidade do investidor.

Formas de investir no exterior

Os investimentos no exterior podem ser divididos em dois grandes grupos.

O primeiro contempla as alternativas disponíveis na própria B3 (Brasil, Bolsa, Balcão). 

Dessa forma, não exige a abertura de conta no exterior nem o envio de dinheiro para fora.

O segundo são os investimentos diretos nas Bolsas do exterior.

O investimento no exterior pela bolsa brasileira é a opção mais prática. Basta escolher um investimento cuja rentabilidade esteja atrelada à variação de uma moeda estrangeira.

Seja através de fundos cambiais indexados ao dólar ou ao euro, fundos de investimento no exterior, ETF, BDR, entre outros.

Veja os principais tipos de investimento para uma alocação internacional:

Fundo de investimento

Os fundos de investimento são uma maneira mais simples de diversificar os ativos e investir no exterior sem precisar mandar dinheiro para fora do Brasil.

Todos os fundos destinados aos investidores de varejo podem destinar até 20% do seu patrimônio para ativos financeiros no exterior.

Porém, isto deve estar previsto na sua política de investimento.

Já o investidor qualificado possui mais opções de fundos que podem destinar até 40% dos recursos para aplicações no exterior.

Ou ainda carteiras com 100% do patrimônio aplicado lá fora que devem obrigatoriamente conter a nominação “investimento no exterior”.

Existe ainda os fundos temáticos, aqueles que possuem um “tema” de investimento, como fundo de ouro, criptomoedas, entre outros.

Fundos de investimento no exterior

Como o próprio nome sugere, são fundos de investimento que aplicam em ativos financeiros negociados fora do Brasil.

As principais aplicações são títulos de renda fixa, ações e cotas de fundos estrangeiros.

Fundos cambiais

Esse tipo de fundo de investimento aplica 80% do capital em ativos ligados à moeda estrangeira e variação cambial.

O restante normalmente é aplicado em fundos de renda fixa e títulos mais conservadores.

Ele é muito usado para proteger o patrimônio das oscilações das moedas que o compõem e ganhar com a variação.

BDR

Os Brazilian Depositary Receipts (BDR) são certificados de ações estrangeiras negociados na B3.

Ao comprar um BDR o investidor não está investindo diretamente nas ações, mas sim em títulos lastreados nessas ações.

Existem dois tipos de BDRs.

Os BDRs patrocinados são aqueles em que a empresa emissora participa da distribuição dos títulos no mercado brasileiro.

A própria empresa é responsável pela divulgação de informações e concessão dos direitos.

Já nos BDRs não patrocinados, a iniciativa não parte da empresa emissora, mas sim de uma instituição depositária.

Nesse caso, é ela quem assume a responsabilidade por divulgar informações da empresa emissora.

Recentemente uma nova regra permitiu que qualquer investidor invista em BDRs.

Antes, esta era uma opção exclusiva para investidores qualificados, ou seja, aqueles com mais de R$ 1 milhão investido.

ETF

Exchange traded funds (ETF) ou fundos de índices, são fundos que replicam índices.

O mais tradicional é o ETF que replica a composição do Ibovespa, mas na B3 também é possível investir em fundos que replicam o S&P 500, por exemplo.

COE

Os Certificados de Operações Estruturadas (COEs) são um tipo de investimento que

mescla características de renda fixa com renda variável.

Como se utiliza de derivativos, eles permitem diversas combinações seja atrelados a índices de ações, moedas, ouro, entre outros.

Conta em corretora no exterior

Para investir diretamente na Bolsa de Valores no exterior é preciso abrir conta em uma corretora de valores fora do Brasil.

Atualmente o processo para abrir conta no exterior é muito mais fácil, pois diversas corretoras permitem a abertura de conta por estrangeiros.

Dessa forma o investidor tem acesso a todos os produtos diretamente da bolsa estrangeira, com muito mais liquidez.

Investimentos no exterior vale a pena?

A alocação internacional é fundamental para uma carteira diversificada. Só assim é possível reduzir os riscos locais.

Já que não estará exposto a apenas aos riscos de um único país, uma eventual crise no Brasil pode não repercutir tanto no seu patrimônio, já que parte dele estará em dólar, por exemplo.

Os ativos de empresas brasileiras representam somente uma pequena parcela dos produtos globais. 

Com um número cada vez maior de produtos e procura pelos investimentos no exterior, é

preciso estar atento às oportunidades.

Porém, para uma alocação eficiente, assim como faz com os produtos do mercado brasileiro, no exterior também deve diversificar e não comprometer recursos que poderá usar no curto prazo.