Entenda nesse artigo como o coronavírus está impactando as bolsas de valores do mundo todo e quais são as perspectivas para o mercado financeiro e a economia

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Com a rápida disseminação do coronavírus para além das fronteiras asiáticas, o mercado financeiro aumentou seu grau de incertezas quanto ao futuro da economia global.

O vírus vem se alastrando e já atingiu países como a Coreia do Sul, o Irã, a Itália e o Brasil, com seu primeiro caso confirmado na última terça-feira.

Roberto Castello Branco, presidente da Petrobras (PETR4), explicou o que já sabemos: 

Os mercados antecipam os efeitos na atividade econômica. 

O Ibovespa reagiu ao surto do vírus despencando 7% na quarta-feira, maior queda na bolsa desde o fatídico Joesley Day.

Será que há motivos suficientes para entrarmos em pânico? 

Leia até o final para entender os desdobramentos dos últimos acontecimentos e saber a opinião dos especialistas do mercado quanto a o que deve ser feito neste momento. 

Quedas nas Bolsas Mundiais

Com a B3 fechada até a manhã de ontem (quarta-feira) por conta do feriado de carnaval, foi possível criarmos expectativas sobre quais seriam os impactos em nossas ações observando as reações das bolsas ao redor do mundo. 

Na quarta-feira, o Xangai Composto, principal índice de ações da China, chegou a ter variação negativa de 0,83%. 

Apesar disso, fechou com leve de alta de 0,31% devido aos estímulos do governo na economia doméstica, como injeção de liquidez e encorajamento ao crédito. 

Por outro lado, índices acionários do Japão, como o Nikkei, e da Coreia do Sul, como o Kospi, se mantiveram em queda.

Na terça-feira, o Centro de Controle de Doenças e Prevenção dos Estados Unidos (CDC) apontou o risco de pandemia gerado pela difusão do coronavírus.

Com isso, o índice Dow Jones, da bolsa de valores de Nova York, fechou a quarta-feira com variação negativa de 3,84% se comparado ao seu patamar na abertura do pregão de terça feira.

Além dele, os índices Standard & Poor's 500 (S&P 500) e Nasdaq Composite seguiram o mesmo caminho com quedas de 3,77% e 3,23%, respectivamente. 

Esse fator também alarmou os investidores das bolsas de valores europeias.

Os índices das bolsas de Paris, Milão, Frankfurt e Londres apresentam, nesta quinta-feira, as seguintes quedas em relação a seus valores de abertura na terça-feira:

  • Paris (CAC-40): - 5,03%;
  • Milão (Ftse/Mib): - 1,54%;
  • Frankfurt (DAX-30): -5,17%;
  • Londres (FTSE 100): -3,70%.

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Alta do Dólar

Desde sexta-feira, os investidores vêm se mostrando mais cautelosos com suas aplicações, buscando opções mais seguras como o ouro e os títulos do tesouro americano (treasuries), por exemplo.

Com esse movimento migratório da renda variável à renda fixa, percebe-se uma alta do dólar

Nesta quinta-feira, a moeda norte-americana bate em R$ 4,50, atingindo um novo recorde de valor nominal

Gráfico impacto coronavirus no dólar
Gráfico impacto coronavirus no dólar

Na tentativa de conter a aceleração na valorização da moeda, o Banco Central vem, desde ontem (quarta-feira), pouco antes do início do pregão às 13h, leiloando contratos de swap cambial.

O mercado espera que, assim como Banco do Povo da China, o Federal Reserve (FED) e o Banco Central (BCB) venham a reduzir suas taxas de juros básicas.

Esse fator deve aliviar o susto nas bolsas de valores.

Isso se explica pois, com juros menores, os investimentos em títulos públicos se tornam menos atraentes e a economia tende a se aquecer, com estímulo à produção e ao consumo. 

No entanto, pode-se dizer que as autoridades norte-americanas ainda se mostram tranquilas em relação à situação do coronavírus.

Larry Kudlow, diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, afirmou que "O vírus ainda não provocou interrupções em fornecimento da cadeia produtiva do país".

Kudlow ainda disse que “Os EUA podem evitar uma recessão se houver impacto global na economia”.

Em seu Twitter, Trump afirmou que o mercado de ações está começando a lhe parecer muito bom. 

O presidente norte americano também alegou, em entrevista coletiva, que a imprensa está descrevendo a situação pior do que ela realmente é, causando pânico no mercado.

Alta do Ouro

Além do dólar, outro ativo de menor risco está chamando a atenção dos investidores: o ouro

Após salto na segunda-feira, o valor do metal vinha recuando no últimos dois dias. 

Contudo, nesta quinta-feira, ele mostra novo movimento de alta, chegando aos US$ 1.690,00 por onça-troy, unidade de medida de metais equivalente a aproximadamente 30 gramas.

Gráfico impacto coronavirus na alta ouro
Gráfico impacto coronavirus na alta ouro

A explicação para isso está na declaração de uma  autoridade da Food and Drug Administration, agência reguladora de medicamentos e alimentos nos Estados Unidos.

Peter Marks disse: 

Para todos os efeitos, acho correto dizer que estamos à beira da pandemia. Isso definitivamente vai acontecer? Não, mas há uma preocupação significativa, já que da noite para o dia temos casos em seis continentes.

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Queda nas Empresas

Desde o início da epidemia, há aproximadamente um mês, as exportadoras brasileiras de commodities tiveram seu valor de mercado reduzido em R$ 47,709 bilhões. 

O motivo disso é que Brasil tem a China como principal cliente de suas exportações. Em 2019, por volta de 30% de tudo o que exportamos teve o país asiático como destino.

Somente nos primeiros 16 dias de fevereiro, as vendas de automóveis no varejo chinês caíram 92%. 

Não só a demanda por carros como também sua oferta está "parada". Com isso, o preço do minério de ferro permanece em queda. 

Assim como o preço do minério de ferro, ao da soja e do petróleo registram quedas. Estas commodities representaram 78% das vendas externas brasileiras no ano passado.

Além de exportarmos grandes quantidades de matéria prima aos chineses, também importamos insumos de lá para a fabricação de produtos como medicamentos e eletroeletrônicos. 

Com a paralisação das fábricas que lá ocorre, esses materiais estão se tornando cada vez mais escassos. 

Todos esses fatores levam os especialistas a estimarem menor crescimento econômico para o Brasil, assim como no mundo todo. 

Queda no PIB Brasileiro

No Boletim Focus, relatório que resume as projeções do mercado para a economia, a expectativa de crescimento do PIB baixou pela segunda vez consecutiva. 

Há 4 semanas, esperava-se que o Brasil viria a ter 2,31% de crescimento no PIB. Na última semana, esse valor baixou para 2,23%, e hoje se encontra em 2,20%. 

Na última ata do Copom, a questão do coronavírus foi observada e os integrantes informaram que alterações na política monetária dependerão de fatores como a magnitude disso na economia mundial e da reação do mercado financeiro.

Queda do Ibovespa

Falando em mercado financeiro, já vínhamos observando resultados negativos através dos ADRs de empresas brasileiras nas bolsas estrangeiras. 

Os ADRs (American depositary Receipt) da Vale registraram uma das maiores quedas na última terça-feira (24), tendo uma variação de -9,63%. Os papéis da Petrobras, por sua vez, recuaram 9% e os da Gerdau 8,22%.

Entre as empresas com papéis listados na bolsa de valores de Nova York que também obtiveram perdas estão a Suzano, a Usiminas e a Embraer. 

No Brasil, as ações ordinárias da Vale (VALE3) apresentaram queda no último mês de 12,53%, as preferenciais da Gerdau (GOAU4) 14,89% e as ordinárias da Companhia Siderúrgica Nacional (CSNA3) 17,67%. 

A Petrobras (PETR4), por sua vez, teve queda menos expressiva de 9,17% (PN).

Pedro Galdi, analista da Mirae Asset, afirmou ao Estadão que empresas como a Vale possuem grande margem de lucro, e quedas nos preços como as que vêm sendo observadas não devem gerar grandes problemas.

O que atinge mais a ação é a aversão ao risco generalizada, uma vez que os investidores estrangeiros saem primeiro das blue chips.

Menores que as perdas das exportadoras brasileiras, mas ainda significantes, foram as de bancos como o Itaú e o Bradesco. Suas quedas em relação a janeiro foram de 6,51%, 9,42%, respectivamente.

Os papéis do Santander, apesar de recuarem 8,92% desde a semana passada, acumulam alta de 4,14% no último mês. 

O setor aéreo é o que mais vêm sofrendo na bolsa de valores brasileira, tendo em vista as restrições de viagens impostas pelos governos. 

Se comparamos suas cotações com as do dia 27 de janeiro deste ano, as ações preferenciais da Azul e da Gol registram queda de 21,24% e 22,1%, respectivamente. 

Com todas essas quedas geradas pelo pânico dos investidores, o Ibovespa obviamente despencou. 

O índice fechou a última sexta feira em 113.681,42 pontos. 

Após o feriado de carnaval, iniciou a quarta-feira em queda de 5,7 mil pontos, refletindo os efeitos da disseminação do coronavírus para além das fronteiras chinesas e da confirmação do primeiro caso do vírus no Brasil. 

O índice fechou o dia em queda de 7% (105.718 pontos), tendo todos seus papéis caindo abaixo de 2,5%. No momento, ele ainda opera em queda, porém menos brusca. 

Gráfico impacto coronavirus na bolsa de valores (Ibovespa)
Gráfico impacto coronavirus na bolsa de valores (Ibovespa)

Assim como o Ibov, o IFIX também caiu. Sua mínima negativa na quarta-feira foi de 2,43%, mas fechou o dia em - 1,58%, refletindo a diferença de volatilidade que tem dos índices acionários. 

Gráfico impacto coronavirus no IFIX
Gráfico impacto coronavirus no IFIX

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Governo Brasileiro

Outro fator que também impacta o índice da Bolsa de Valores é o a crise institucional entre os poderes Executivo e Legislativo. 

A instabilidade se dá pelo vazamento da informação de que o presidente Jair Bolsonaro vinha repassando mensagens de WhatsApp que apoiavam manifestações contra o Congresso no dia 15 de março. 

Mapa Coronavírus em Tempo Real

O Centro de Ciência e Engenharia de Sistemas da Universidade Johns Hopkins está monitorando o avanço mundial do Coronavírus, conhecido no meio médico como Covid-19.

A universidade atualiza o Mapa do Coronavírus regularmente, através da coleta de dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), do CDC (Controles de Controle e Prevenção de Doenças), da Comissão Nacional de Saúde da China e do Ding Xiang Yuan.

Acompanhe os surgimentos de novos caso e o total de morte até o momento com o Mapa do Coronavírus:

Conclusão

O mercado está, de fato, antecipando os efeitos do surto do vírus. 

De qualquer maneira, esses fenômenos se repetem e por isso é importante que estejamos preparados, tanto emocionalmente quanto com reservas estratégicas

Warren Buffett afirmou à rede de TV CNBC que, apesar do surto de coronavírus ser algo assustador, as ações continuam sendo boas opções para investidores com foco no longo prazo.

Buffett ainda declarou que não irá se desfazer de suas participações:

Se você olhar para a situação atual, obtém mais dinheiro em ações do que em títulos.

Axel Christensen, estrategista-chefe de investimento na América Latina da BlackRock, afirmou que o principal aspecto que gera as volatilidades no mercado são as cadeias produtivas cada vez mais interligadas, e não o número de casos da doença.

Christensen também disse: 

Ao analisar experiências passadas, como a do SARS, vemos recuperações econômicas em forma de “V”, um padrão esperado também para esta vez.

Sendo assim, devemos nos manter atentos aos movimentos do mercado mas não é preciso entrar em pânico.

Ainda vale lembrar que, dependendo do ativo, pode ser que valha pena aproveitar o momento de preços baixos para realizar mais aportes, inclusive em fundos imobiliários

Fernando Ferreira, estrategista-chefe da XP Investimentos, disse ao Valor Econômico que a corretora projeta um Ibovespa em 140 mil pontos até dezembro. 

Isso representa um potencial de lucros de 35% em relação ao nível atual, que é de 103.671 pontos.

Como a sua carteira reagiu aos últimos acontecimentos?

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