Para alguns, heranças são inúteis, pois não transmitem bem o dinheiro. Para outros, é um desejo de deixar os filhos financeiramente confortáveis. 

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Herança é um assunto delicado, pois envolve dinheiro, família e morte. 

Quase sempre, deixar um legado para as próximas gerações está envolvido nessa escolha extremamente pessoal.

Para aqueles que recebem uma herança é a riqueza que chega em um momento terrível e um quebra-cabeça burocrático. Para aqueles que deixam, foram muitas vezes anos de planejamento sucessório.

Alguns pais acabam deixando algo para os filhos não por desejo profundo, mas por obrigação, tradição ou ideias de legado.

Existem pessoas de baixa renda que adorariam poder dar algo a seus filhos, mas não podem. 

Esse desejo de deixar dinheiro para os filhos pode ser alcançado restringindo fortemente os gastos, o que significa que eles não poderão desfrutar dos frutos de seus anos de trabalho árduo. 

Existem também pais ricos que poderiam dar muito a seus filhos, mas optam por não fazê-lo. Seja pelo desejo de vê-los ter sucesso por conta própria ou por outros inúmeros motivos.

Os autores do livro 'Die Broke' disseram que as heranças eram inúteis há mais de 20 anos e ainda são hoje.

Para Stephen M. Pollan e Mark Levine, heranças não transmitem dinheiro bem.

Para o destinatário, o dinheiro chega tarde demais. Para quem quer deixar, o aumento dos custos com saúde também pode diminuir o valor

Além disso, fornecer a expectativa de que seus filhos herdarão uma grande soma de dinheiro algum dia no futuro configura alguns problemas potenciais. 

Haverá rivalidade entre irmãos? Eles vão saber usar bem esse dinheiro? Não é difícil encontrar histórias de herdeiros que perderam tudo.

Warren Buffett já disse que não deixará sua fortuna para os filhos. Ele e outros bilionários concordam que dar a eles um suprimento vitalício de dinheiro é prejudicial.

Oferecer dinheiro mais cedo pode ser uma alternativa melhor. 

Ajude-os a obter educação e treinamento adequados para que possam ter uma vida independente e financeiramente bem-sucedida. Apoie (financeiramente ou não) ações que promovam o sucesso.

Obsessão por herança

Há um obstáculo para viver bem agora e no futuro: a obsessão por herança. 

Assim como o desejo por uma aposentadoria tranquila, a obsessão de estabelecer um patrimônio para as gerações futuras leva a sacrifícios desnecessários que superam em muito quaisquer benefícios futuros. 

A decisão de deixar uma herança para seus filhos impacta na quantia que você economiza, nos seus planos de aposentadoria e em como você aproveita seus dias.

Somos moralmente obrigados a deixar aos nossos filhos um legado de amor, integridade e autoconfiança.

Não existe nenhum decreto moral ou legal que exija deixar aos filhos uma herança financeira substancial. 

Em muitos casos, deixar uma grande quantidade de dinheiro seria a pior coisa que poderia fazer por eles e por você.

Quando você estiver nos anos de aposentadoria, sua principal preocupação financeira será fazer com que seu dinheiro dure tanto quanto você.

Não se engane ao considerar parte do dinheiro da aposentadoria intocável porque é para os filhos. Esse dinheiro é seu. Seu verdadeiro legado serão os valores que você ensinou.

Os escritores Stephen M. Pollan e Mark Levine escreveram "Die Broke" 24 anos atrás e alguns de seus conselhos de finanças pessoais são duradouros. 

O livro deles examina maneiras de usar o seu dinheiro da melhor forma possível durante a vida, e isso inclui uma opinião controversa: Não deixe uma herança para seus filhos.

Eles afirmam que "cada dólar que fica em sua conta bancária depois que você morre é um dólar desperdiçado".

Então, eles traçam um plano que permite que você morra falido, ao mesmo tempo que garante que não viverá mais do que seus ativos. 

Isso inclui investir nos melhores ativos para um fluxo máximo de renda e as melhores maneiras de dividir seu dinheiro com seus entes queridos enquanto você ainda está vivo.

Tudo isso, sem descuidar dos cuidados de longo prazo e do aumento das despesas no final da vida.

Morrer sem dinheiro parece assustador, quando na verdade pode ser sua melhor opção para uma vida sem medo. Sem medo do fracasso, da privação e do empobrecimento no longo prazo.

Tanto que diversos bilionários já aderiram ao The Giving Pledge, que incentiva as pessoas e famílias com grandes fortunas em todo o mundo a distribuírem a maior parte de suas fortunas ainda em vida.

Pollan e Levine sugerem  que você faça algo semelhante com seus filhos: dê dinheiro ao longo de suas vidas, conforme necessário. 

Para eles, há dois grandes motivos pelos quais essa estratégia é melhor do que deixar uma herança:

1. Heranças não chegam às pessoas quando elas precisam do dinheiro

Pollan e Levine argumentam que a maioria das heranças é recebida tarde demais. A idade média para quem recebe uma herança era de 51 anos em 2016, relatou o Business Insider.

Nessa fase da vida, espera-se que a pessoa já tenha se estabelecido financeiramente.

Em vez de esperar até o fim da vida para repassar dinheiro, os autores sugerem fazer isso antes. 

“Quando seu filho tem 25 anos, US$ 10.000 de você pode significar a diferença entre alugar um apartamento e comprar uma casa. Quando seu filho tem 50 anos, esses US$ 10.000 podem acabar financiando duas semanas de férias na Europa”, escreveram eles. 

Com o aumento da expectativa de vida e, consequentemente, a idade em que as pessoas recebem heranças aumentando, seus conselhos ainda são verdadeiros no século 21.

O autor Bill Perkins desenvolveu essa ideia em seu livro de 2020, "Die with Zero". 

Ele diz que espera não deixar uma herança para os filhos, porque provavelmente os estaria presenteando com o dinheiro quando eles já estivessem financeiramente estáveis. 

Em vez disso, ele prefere dar a eles durante sua vida, quando eles precisarem. 

Ele acha que qualquer pessoa que queira construir um legado financeiro para sua família deveria considerar fazer o mesmo.

Pesquisando seus seguidores no Twitter, Perkins escreve que mais da metade escolheram as idades de 26 a 35 como a melhor idade para receber uma herança. 

Isso é o oposto de quando as pessoas realmente os recebem aos 50, 60 anos. Nesse ponto, o dinheiro vem tarde demais para ser usado quando for necessário e não tem muito tempo para crescer durante a vida do destinatário.

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2. As heranças podem ser consumidas pelos custos de saúde

Os gastos com saúde se tornaram uma grande preocupação para os aposentados e podem comprometer o orçamento.

Despesas com plano de saúde, médicos e remédios pesam mais depois dos 60 anos.

Quando Pollan e Levine escreveram o livro em 1997, esperavam que isso fosse um problema para sua própria geração. 

“Eu acho que é duvidoso que o dinheiro estará lá depois que a propriedade foi devastada pelos custos de saúde durante os últimos anos de seus pais”, eles escrevem. 

Isso é ainda mais verdadeiro hoje. 

O Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade (IPC-3i), que mede a evolução do custo de vida para indivíduos com mais de 60 anos de idade, fechou 2020 como o índice mais alto em 4 anos.

“Tudo o que eles conseguiram salvar provavelmente acabará indo para médicos, lares de idosos e hospitais, não para você”, escrevem os autores.

Por isso, além do desejo de deixar alguma riqueza para seus filhos, existem algumas questões financeiras pessoais essenciais a serem consideradas.

Antes de dar presentes a outras pessoas, é importante avaliar quanto você precisa gastar consigo mesmo.

Considere suas próprias necessidades de renda e o aumento de gastos que terá com o passar da idade.

Certifique-se também de levar em consideração o impacto da inflação e dos impostos.

Para isso, mantenha um portfólio diversificado de investimentos em crescimento e renda. Além disso, considere fazer um planejamento sucessório.

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Considerações sobre passar uma herança para os filhos

Se você é pai ou mãe e se preocupa com o que sua riqueza fará para seus filhos, você não está sozinho.

Muitos até querem deixar dinheiro para seus filhos, mas se preocupam se os filhos estão preparados para lidar com um dinheiro repentino.

Alguns temem que, ao fornecer muito dinheiro, isso irá roubar de seus filhos a ambição e o trabalho árduo que eles precisaram para acumular a riqueza. 

E não são apenas os pais que se preocupam. 

Para quem recebe uma herança após a morte de seus familiares, a transferência de riqueza pode ser muitas coisas: libertadora e sufocante, um alívio e um fardo, uma sorte inesperada e uma armadilha. 

Enquanto alguns usam o dinheiro como uma ferramenta para criar uma vida melhor e mais plena, a herança pode fazer com que outros percam seu ímpeto e ambição.

Antes de pensar em dinheiro, os pais deveriam se preocupar em deixar um legado de educação financeira. Assim, com o trabalho e a estrutura adequados, aqueles que herdam podem para criar suas próprias vidas e fortunas significativas.

Porém, quando os pais deixam suas esperanças e sonhos ao acaso, as chances de um resultado mal-sucedido são grandes.

70% das famílias ricas perdem sua riqueza na segunda geração e impressionantes 90% na terceira, de acordo com a consultoria de fortunas do Williams Group.

As principais razões pelas quais há uma taxa de falha tão grande entre as heranças de famílias ricas, seja por herdeiros falidos e conflitos familiares, são:

  • Falta de conversas sobre dinheiro: A principal causa de insucesso estava relacionada à capacidade da família de ter conversas significativas, produtivas e honestas sobre o impacto do dinheiro e o propósito da riqueza.
  • Relação dos herdeiros com a riqueza: A maioria deles não tinham um rumo na vida, não entendiam sobre finanças pessoais básicas ou seu papel no plano de herança.
  • Falta de alinhamento de expectativas: O restante foi atribuído à família não ter um entendimento comum do propósito da riqueza. 

Em 2016 o US Trust fez uma pesquisa com indivíduos de alto patrimônio líquido, com mais de US$ 3 milhões em ativos de investimento, para descobrir como eles estão preparando a próxima geração para lidar com uma riqueza significativa.

O resultado mostrou que 78% achava que a próxima geração não era financeiramente responsável o suficiente para lidar com a herança.

E 64% admitiram que revelaram pouco ou nada sobre sua riqueza aos filhos.

Por que os ricos são tão pobres em transmitir educação financeira e por que os herdeiros de segunda e terceira gerações não tem ideia do valor do dinheiro ou de como administrá-lo?

A pesquisa lista vários motivos para isso:

  • As pessoas foram ensinadas a não falar sobre dinheiro;
  • Temem que seus filhos se tornem preguiçosos;
  • Temem que a informação vaze.

Segundo pesquisa da consultoria PwC, 75% das empresas familiares no Brasil fecham após serem sucedidas pelos herdeiros. Apenas 7 em cada 100 empresas chegam à terceira geração.

As estatísticas podem ser sombrias, mas só porque a maioria das famílias vê sua fortuna evaporar em algumas gerações, não significa que a sua irá. 

Para evitar que isso aconteça, converse desde cedo sobre dinheiro com seus filhos, os envolva no planejamento financeiro. Assim, se decidir deixar dinheiro, eles saberão como aproveitar bem.
Mais do que dinheiro, deixe de herança valores para que eles possam promover o sucesso e a independência financeira por conta própria.

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