O grupo francês Casino contratou o banco brasileiro BR Partners para começar a estruturar a venda de sua fatia no GPA (PCAR3), dono da marca Pão de Açúcar, apurou o Estadão com fontes de mercado.

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Por ora, não há negociação efetiva em curso, pois o objetivo do Casino, conforme as fontes, é se desfazer primeiro da CNova, seu braço de comércio eletrônico, e do Grupo Éxito, com presença na Argentina, na Colômbia e no Uruguai.

A participação do Casino no GPA é de 41,2%. O negócio como um todo vale pouco mais de R$ 4 bilhões na Bolsa - mais do que o dobro do que há um ano.

A saída se refere somente ao grupo dono da bandeira Pão de Açúcar, e não ao atacarejo Assaí, que é um negócio mais rentável e no qual o Casino quer permanecer. Esse ativo tem valor de mercado bem maior do que o do GPA: R$ 22,8 bilhões.

O Casino entrou no GPA nos anos 1990, em uma época em que o grupo, então controlado pela família Diniz, enfrentava dificuldades financeiras. O contrato previa que, em 2012, Abilio Diniz passaria aos franceses o controle da companhia.

Um ano antes, no entanto, Abilio tentou costurar a união do GPA com o Carrefour (CRFB3), sem passar o comando do negócio ao sócio francês. A tentativa não deu certo e azedou a relação entre o empresário e Jean-Charles Naouri, do Casino.

A negociação foi tensa e incluiu mediação de um dos maiores especialistas do mundo em resolução de conflitos, o antropólogo americano Wiliam Ury. O fim da guerra, em 2017, foi selado com a saída de Abilio da empresa fundada por seu pai.

O empresário hoje é um dos principais acionistas do Carrefour no Brasil e na operação global. 

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Estrutura 

Apesar de a operação brasileira não ser a primeira na fila para ser vendida, o banco chegou a sondar o empresário Michael Klein, da família fundadora da Casas Bahia, sobre eventual interesse na aquisição no GPA, segundo fontes.

A ideia seria replicar a mesma estrutura utilizada há dois anos, com a XP, na qual o empresário comprou a participação do GPA na Via Varejo (VVAR3), recentemente rebatizada de Via.

Nessa operação, o GPA, que era o principal acionista da companhia, vendeu suas ações em um leilão na Bolsa.

Klein entrou como comprador e voltou à posição de principal sócio da varejista de eletrodomésticos. A empresa, que à época vivia dificuldades, está desde então em um processo de reestruturação, tendo mostrado recuperação em seu balanço.

O empresário teria chegado a participar de algumas reuniões, mas o assunto não andou, ao menos até o momento. Segundo fontes, haveria mais interessados no GPA.

A exemplo do que ocorria com a Via, há a noção de que as lojas do Pão de Açúcar estão precisando de investimentos em modernização.

A venda da fatia do Casino no GPA começou a ganhar força diante da valorização das ações da companhia na B3, algo impulsionado pela cisão do atacarejo Assaí.

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A mudança ajudou a destravar o valor do GPA, que subiu cerca de 130% apenas neste ano. Nesta segunda, 21, os papéis do grupo subiram 7,88%, a R$ 40,38.

Procurados, Casino e Klein não responderam. BR Partners não retornou o contato da reportagem. O GPA não retornou até o fechamento desta edição.

Resultado do Pão de Açúcar no Primeiro Trimestre de 2021

O resultado do Pão de Açúcar (PCAR3) no primeiro trimestre de 2021 (1t21), divulgado no dia 05 de maio, apresentou um lucro líquido de R$ 113 milhões no 1t21, contra prejuízo de R$ 246 milhões em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.

O Ebitda do Pão de Açúcar atingiu R$ 875 milhões no 1T21, apresentando crescimento de 84,6% na comparação com o 1T20.

A Margem Ebitda do Pão de Açúcar totalizou 7,0% no 1T21, apresentando crescimento de 3,0 pontos percentuais na comparação com o 1T20. 

A Margem Líquida do Pão de Açúcar atingiu 0,9% no 1T21, apresentando crescimento de 2,9 pontos percentuais na comparação com o 1T20.

As ações do Pão de Açúcar (PCAR3) acumulam alta de 5,64% na bolsa de valores nos últimos 7 dias e queda de 26,26% nos últimos 12 meses.

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Fonte: Estadão Conteúdo.