Apesar da estagnação econômica inibir os investimentos produtivos, várias companhias estão apostando nas fusões e aquisições (F&A) para alavancar os negócios e superar a crise da pandemia da Covid-19.

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A combinação de liquidez em alta, transformação digital e empresas atraentes, têm contribuído para um crescimento surpreendente do movimento de F&A no país.

De janeiro a agosto deste ano, o mercado brasileiro de fusões e aquisições movimentou US$ 59,4 bilhões.

Esse valor é bem maior do que o registrado em todo o ano de 2020 (US$ 45,8 bilhões). Também supera o recorde de 2017 (US$ 52,7 bilhões). Os dados são da consultoria Dealogic.

Recentes fusões e aquisições que agitaram o mercado

O recente boom de F&A no Brasil tem sido verificado nos mais diversos setores.

Na saúde, o destaque fica por conta da fusão da NotreDame Intermédica (GNDI3) e Hapvida (HAPV3), dando origem a um grande conglomerado de saúde. O acordo entre as duas é de US$ 9,6 bilhões.

No setor químico, temos a compra da Qxíteno, do grupo Ultra (UGPA3), pelo grupo Indorama por US$ 1,3 bilhão.

Já no varejo a Magazine Luiza (MGLU3) vem liderando as compras.

Recentemente, a empresa comandada por Luiza Helena Trajano adquiriu a plataforma de multimídia Jovem Nerd e a empresa de comércio eletrônico KaBuM!.

No setor alimentício, a M. Dias Branco (MDIA3) comprou a Latinex, produtora de comida fit. Os valores exatos ainda não foram divulgados, mas acredita-se que giram em torno de mínimo R$ 180 milhões.

Fusões e aquisições geram oportunidades no mercado

As recentes movimentações dão indícios que a onda de F&A não irá parar por aqui.

Segundo Marcelo Godke, especialista em direito empresarial e societário, professor do Insper e da FAAP e sócio do escritório Godke Advogados, ainda há muita liquidez no mercado.

Isso indica que as companhias continuam com forte poder de captação e devem usar isso para novos negócios.

Neste caso, pode ser uma boa estratégia de investimento na bolsa ficar de olho em ações que possam protagonizar futuros movimentos de F&A.

Um dos casos interessantes é o da Itaúsa (ITSA4). A empresa está ampliando sua área de fusões e aquisições e avaliando oportunidades de investimentos em várias áreas.

As principais são de transmissão de energia, saúde e agronegócio.

O objetivo da holding é focar na estratégia de diversificação e diminuir sua dependência do Itaú (ITUB4), cujo resultado é 90% atrelado ao banco.

Com este cenário em mente, o Banco Safra elevou o preço-alvo para as ações preferenciais da holding, de R$ 14,50 para R$ 15,00, com recomendação de compra.

A Lojas Renner (LREN3) é outra que está preparada para crescer a partir da estratégia de aquisições.

Em julho a empresa de varejo adquiriu a Repassa, loja online especializada em vendas de brechó.

A compra foi apenas a primeira após a captação de quase R$ 4 bilhões no mercado de ações, através de oferta secundária.

Diante disso, a Ativa Investimentos reiterou a sua recomendação de compra para as ações da Renner, com preço-alvo em R$ 56,30.

Outra companhia que vale a pena ficar de olho é a Totvs (TOTS3).

Em março deste ano a empresa brasileira de softwares adquiriu a RD Station, empresa de programas de automação de marketing, por R$ 1,86 bilhão.

Com a recente oferta subsequente de ações (follow-on), na qual a Totvs captou R$ 1,44 bilhão em recursos, é esperado que novas aquisições estratégicas estejam por vir.

Para a XP Investimentos, que iniciou recentemente a cobertura das ações da Totvs, a recomendação é de compra, com preço-alvo de R$ 48.

Desinvestimentos da Petrobras abre leque de possíveis aquisições

O crescimento das fusões e aquisições no mercado brasileiro tem ocorrido na esteira dos desinvestimentos das estatais.

A Petrobras (PETR4) tem figurado como destaque neste quesito. De acordo com o Plano Estratégico 2021-2025, a petroleira planeja vender entre US$ 25 bilhões e US$ 35 bilhões de ativos.

Ao todo, a Petrobras deve vender 209 campos em terra ou águas rasas. Estes ativos estão na Argentina, Bolívia, Colômbia e Estados Unidos, além do Pólo de Marlim (50%), os campos de Albacora e Albacora Leste e Frade.

Inclui no pacote de desinvestimentos, 8 refinarias e vendas das participações na Braskem, PBio, BSBios, BR, entre outras. 

Por fim, no setor de gás, a empresa listou as vendas dos gasodutos, Gaspetro, Ansa, térmicas e a produtora de fertilizantes UFN III.

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O que esperar do movimento de F&A?

Avaliando este cenário, temos que os movimentos de fusões e aquisições servem como importante vetor de crescimento para a bolsa de valores.

Com as expectativas de subida da Selic para 8,25% até o fim do ano, conforme relatório Focus, o custo de capital aumenta.

Entretanto, as F&A, quando bem planejadas, podem gerar sinergias importantes para a expansão das empresas.

Além de permitir o crescimento da própria produção, esse instrumento também ajuda a criar barreiras à entrada

Consequentemente, a limitação da concorrência ajuda no aumento das margens de lucro e no potencial de crescimento.

Portanto, vale a pena ter o foco em empresas que estejam planejando realizar fusões e aquisições nos próximos meses e ficar atento quanto aos ganhos potenciais desta estratégia.

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