As empresas de locação de veículos Localiza (RENT3) e Unidas anunciaram na quarta-feira, 23, um acordo de fusão que pode dar origem à maior companhia do segmento no mundo, com valor de mercado de cerca de R$ 50 bilhões, segundo cálculos da Economática.

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O negócio, no entanto, precisa passar pela aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o maior desafio apontado por analistas para a operação, além de receber o sinal verde dos acionistas dos dois lados.

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Com o anúncio, as ações ordinárias da Localiza registraram a maior alta do Ibovespa (13,97%). O papéis da Unidas, que não fazem parte do índice da B3, se valorizaram ainda mais: 17,27%.

"Com a combinação dos negócios complementares das partes, prevemos a criação de uma companhia referência mundial em mobilidade a partir da oferta de aluguel de veículos, gestão de frotas corporativas e carros por assinatura", disse o presidente da Localiza, Eugênio Mattar, em entrevista ao Estadão/Broadcast.

Questionado sobre o futuro das marcas, Mattar afirmou que ainda não há uma decisão.

"Entendemos que ambas são individualmente fortes e reconhecidas por clientes. As companhias permanecerão independentes até a obtenção das aprovações necessárias para a operação. Com isso, serão definidas as estratégias para cada linha de negócio", explicou.

Caso o negócio seja aprovado, os acionistas da Localiza vão deter aproximadamente 76,8% do capital social total e votante da nova empresa e os acionistas da Unidas passariam a ser donos, em conjunto, de cerca de 23,15%.

O Bradesco BBI calcula que, combinadas, as empresas podem captar R$ 5 bilhões em sinergias entre seus negócios, a maior parte em descontos na compra de carros. 

Tamanho 

Juntas, as duas empresas terão quase 470 mil veículos, praticamente a metade da frota administrada pelas locadoras no Brasil no fim de 2019, de 998 mil, segundo a Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (ABLA). Em 2019, o País contava com 10.812 empresas de locação.

Segundo cálculos de Alexandre Kogake, da Eleven Financial, a nova empresa terá 65% do mercado brasileiro de aluguel e 29% do mercado de frotas, isso sem considerar as franquias.

Para o analista, ainda é cedo para tirar alguma conclusão. "Por enquanto as companhias continuarão trabalhando de forma independente", lembrou.

Na visão de Marcel Zambello, analista da Necton Corretora, há um risco regulatório alto, porque o Cade pode impor pesadas restrições à união devido ao tamanho da empresa combinada em um mercado ainda fragmentado.

"O Brasil ainda tem muitas locadoras pequenas, com frotas de 30 carros. O risco Cade é grande." Em relatório, analistas do Santander reforçaram a mesma opinião. "Juntar as duas maiores do setor representa uma pá de cal na competição".

A equipe destacou que a notícia é ruim para outra empresa do segmento listada na Bolsa, Movida (MOVI3), que pode ter dificuldades para crescer.

Fontes do Cade ouvidas pelo Estadão/Broadcast em caráter reservado apontaram que o negócio pode levar a uma concentração muito alta em alguns mercados e, a princípio, é preocupante. 

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Internacionalização 

De acordo com analistas e especialistas, o foco da Localiza com a operação está no mercado externo. Em agosto, a empresa anunciou o fim da parceria com a Hertz, que entrou em recuperação judicial nos Estados Unidos nesse ano, em função do impacto da pandemia.

O aceno internacional fica mais forte com as características da Unidas. A empresa hoje tem como um dos sócios a Enterprise Holdings, com cerca de 8% das ações.

A Enterprise, a maior de seu setor do mundo, opera mais de 1,5 milhão de carros e tem duas outras marcas no Brasil, a National Car e a Alamo.

Além da janela para a expansão, o acordo com a Unidas ajudaria a Localiza a reforçar seus negócios em países como Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai e Uruguai.

Em teleconferência, o presidente da Unidas, Luis Fernando Porto, traçou um panorama ousado para o futuro.

"O nosso sonho é sermos referência global em soluções de mobilidade", disse.

Ele destacou que esse ainda é um mercado de baixa penetração no Brasil e que o novo grupo apostará na tecnologia para crescer. Antes da crise, o segmento de locação apresentava taxas de crescimento de 15% ao ano.

Resultado da Localiza no Segundo Trimestre de 2020

O resultado da Localiza (RENT3) no segundo trimestre de 2020 (2t20), divulgado no dia 29 de julho, apresentou um lucro líquido de R$ 89,9 milhões, queda de 52,7% em relação ao mesmo período do ano anterior.

O Ebitda da Localiza atingiu R$ 434,8 milhões no 2t20, apresentando retração de -13,0% na comparação com o 2t19.

A margem Ebitda da Localiza totalizou 27,7% no 2t20, apresentando crescimento de 6,0 pontos percentuais na comparação com o 2t19. 

A Margem líquida da Localiza atingiu 5,7% no 2t20, apresentando retração de -2,5 pontos percentuais na comparação com o 2t19.

As ações da Localiza (RENT3) acumulam alta de 11,94% na bolsa de valores nos últimos 7 dias e alta de 43,08% nos últimos 12 meses.

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Fonte: Estadão Conteúdo.