O que é focalismo?

Focalismo é o nome dado a um tipo específico de viés cognitivo que nos induz a dar um peso maior às primeiras informações recebidas na hora de realizar nosso julgamento.

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Este viés cognitivo pode estar presente em todas as ocasiões de nossa vida, desde a avaliação de investimentos até a aceitação ou recusa de uma oferta de emprego. 

O focalismo é um viés cognitivo que resulta de heurísticas que utilizamos para a tomada de decisão.

Heurísticas são atalhos mentais utilizados pelas pessoas para resolver questões complexas, como cálculos de probabilidade, avaliação de eventos incertos e realizar previsões.

As heurísticas, portanto, atuam reduzindo a complexidade e nos permitindo organizar as informações para a tomada de decisão.

Neste caso, as heurísticas nos ajudam a agir. O problema é que estes atalhos criam decisões enviesadas, que, muitas vezes, nos induzem ao erro.

Esse é o caso do focalismo.

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Como funciona o focalismo?

O focalismo é o hábito de dar atenção demasiada a uma informação ou ponto ao tentar entender uma coisa ou pessoa. 

Para não forçar muito o cérebro, deixamos de enxergar o todo, e focamos nossa mente em apenas um aspecto da situação em questão. 

Ao focar nossa visão a um aspecto limitado de algo maior, negligenciamos as outras informações que podem ser tão ou mais importantes. 

Com isso, perdemos a capacidade de entender corretamente a questão e ficamos incapazes de fazer uma avaliação lúcida, podendo tomar decisões totalmente equivocadas.

O focalismo é por vezes chamado de ancoragem, uma vez que o foco excessivo em um ponto específico é uma forma de ancorar nossas expectativas em alguma coisa.

Experimento sobre focalismo

O focalismo pode ser evidenciado por uma série de experimentos. Um dos mais famosos é o que foi feito pelos autores Daniel Kahneman e Amos Tversky.

Estes cientistas são psicólogos que ganharam o Nobel de Economia em 2002, e que fazem muitos trabalhos sobre a aplicação de atalhos mentais na economia.

Conforme o viés do focalismo, ou ancoragem, em muitas situações as pessoas fazem estimativas começando por um valor inicial que é ajustado para produzir a resposta final.

O valor inicial, ou ponto de partida, talvez seja sugerido pela formulação do problema, ou talvez seja o resultado de um cálculo parcial. Tanto num caso como no outro, ajustes são tipicamente insuficientes.

Ou seja, diferentes pontos de partida produzem diferentes estimativas, que são enviesadas na direção dos valores iniciais.

Tentemos entender o focalismo com um exemplo prático.

Foi proposto para dois grupos de estudantes estimarem o resultado de uma expressão numérica que lhes foi apresentada. Eles deveriam responder em 5 segundo o resultado da operação.

Para o primeiro grupo foi dado a seguinte operação:

8 x 7 x 6 x 5 x 4 x 3 x 2 x 1

Já para o segundo grupo foi dado esta outra operação:

1 x 2 x 3 x 4 x 5 x 6 x 7 x 8

Em ambas operações o resultado correto é 40.320, mas a média das respostas dos dois grupos diferiram consideravelmente, tanto em relação à resposta correta, quanto em relação à resposta do outro grupo.

A média de respostas do primeiro grupo foi de 2.250, enquanto que a média do segundo foi de 512.

Para responder rapidamente a essas perguntas, as pessoas podem realizar alguns passos de cálculos e estimar o produto por extrapolação ou ajuste. 

Como os ajustes são tipicamente insuficientes, esse procedimento deve levar a uma estimativa muito diferente do resultado real.

Podemos perceber que o primeiro grupo tendeu a dar uma resposta média maior do que o segundo.

Isso porque, como não dava para realizar todo o cálculo antes do tempo, a resposta era estimada com base nos primeiros cálculos realizados, gerando, assim, uma avaliação enviesada.

Focalismo em investimentos

O focalismo é um atalho mental que pode influenciar em várias ações na nossa vida, principalmente nos investimentos.

Um dos equívocos que esta heurística pode provocar é o de induzir as pessoas a avaliarem o potencial de valorização e desvalorização dos ativos com base no seu valor passado.

Muitos investidores ainda decidem comprar ou vender uma ação ancorados pelos valores máximos e/ou mínimos do passado. 

Dessa forma, quanto mais uma ação cai em relação ao seu passado, mais atraída a pessoa acometida pelo viés do focalismo estará pelo ativo. 

Como muitos já sabem, nem sempre uma ação fica barata ao cair de preço, pois isso pode ser sinal de que algo ruim está acontecendo com a empresa.

Ao focar muito nos preços passados, o investidor estará negligenciando outras informações que podem indicar muito mais sobre o seu futuro.