O que é flutuação suja?

Flutuação suja é uma taxa de câmbio flutuante em que o Banco Central de um país intervém ocasionalmente para mudar a direção ou a volatilidade do valor da moeda nacional. 

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Na maioria dos casos, o Banco Central em um sistema de dirty float atua como um amortecedor contra um choque econômico externo antes que seus efeitos se tornem perturbadores para a economia doméstica. 

A flutuação suja também é conhecida como câmbio administrado ou híbrido.

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Como funciona a flutuação suja

Dentre todos os ativos existentes no mercado, a taxa de câmbio é o que apresenta uma das maiores taxas de flutuação

Isso porque há várias formas do câmbio ser manipulado, ou pelo mercado financeiro como um todo ou pelas autoridades monetárias dos países, por meio de seus Bancos Centrais.

A manipulação da taxa de câmbio pode ser feita, por exemplo, por meio de compra ou venda de contratos de Swap.

Outra forma de manipulação é quando há vendas ou compras de grandes quantidades de uma moeda feitas por fundos cambiais.

Quando a flutuação das taxas de câmbio começa a ficar muito elevada, ou seja, quando há uma elevada volatilidade no câmbio de um país, é comum haver controle por parte do Banco Central.

Quando isso acontece, temos o que se chama de flutuação suja (dirty float) no mercado de câmbio.

Para entender como funciona a flutuação suja, devemos mencionar o conceito econômico de bandas cambiais, que são os limites (máximo e mínimo) para os quais a moeda poderá flutuar.

Esses limites são determinados pelo Banco Central, de modo que ele definirá, de maneira explícita ou não, quais os preços máximo e mínimo que uma moeda poderá alcançar.

Sempre que o preço estiver próximo de passar por um desses limites (bandas) o Banco Central deverá intervir no mercado, comprando ou vendendo moeda, para fazer a manipulação desejada.

Para que serve a flutuação suja?

Um dos motivos para a adoção da flutuação suja do câmbio pelo Banco Central é a busca por depreciar a própria moeda nacional e, assim, viabilizar condições melhores para as exportações.

Entretanto, em países com elevada inflação, pode ocorrer o contrário, ou seja, o Banco Central administra o câmbio para valorizar a moeda nacional e, assim, diminuir os preços dos importados.

No geral, o objetivo da flutuação suja é o de suavizar a volatilidade no mercado de câmbio. 

Isso porque uma grande flutuação no preço da moeda estrangeira pode gerar prejuízos importantes para a economia, como:

  • Inflação;
  • Incerteza para a administração dos negócios;
  • Custos com hedge para as empresas ligadas ao mercado externo (importadoras e exportadoras);
  • Fuga de capitais de investidores estrangeiros;
  • Entre outras coisas mais.

Tipos de regimes cambiais

A flutuação suja, ou câmbio administrado, ou ainda, câmbio híbrido, é apenas um tipo de regime cambial possível dentro da política econômica.

No geral, podemos elencar três regimes cambiais básicos que determinará a flutuação cambial, que são:

  1. Câmbio flutuante: nesse modelo, a regulação da moeda é determinada pelo próprio mercado de acordo com as oportunidades de oferta e demanda. Não há interferência do Banco Central.
  2. Câmbio fixo: é um regime em que o governo, via Banco Central, fixa o valor do câmbio, tirando do mercado o poder de sua determinação. 
  3. Câmbio Híbrido: é semelhante à flutuação suja. Neste caso, o mercado faz a regulagem normal da moeda, mas o governo pode agir com intervenções sempre que necessário. 

Discussão sobre os tipos de câmbio

Não há na literatura econômica um consenso sobre qual o melhor regime cambial, embora a opinião dominante seja a preferência pelos câmbios flutuante e híbrido.

A vantagem destes regimes é que eles permitem que o mercado faça a gestão do nível ideal de câmbio com base na estrutura da economia.

Por exemplo, se uma moeda nacional se desvalorizar muito pode ser positivo para que o país possa equilibrar sua balança comercial, aumentando as exportações e diminuindo as importações.

Entretanto, uma elevada oscilação no câmbio, com valorizações e desvalorizações diárias excessivas, pode ser ruim para o equilíbrio econômico.

Dessa forma, o regime de câmbio híbrido (flutuação suja) pode ser o mais indicado para suavizar estes movimentos. 

Dessa forma, o Banco Central não exclui o papel dos mercados em equilibrar a economia, mas controla os suas ações para que não haja movimentações muito bruscas.

o câmbio fixo é muito criticado por inibir a ação dos mercados, podendo gerar distorções negativas na economia caso a administração do câmbio seja feita pelo governo.

Entretanto, há casos na história em que esse artifício teve sua importância, como no Plano Real. 

O que ocorreu neste caso foi que o câmbio fixo foi um mecanismo muito importante, usado pelo governo brasileiro, para controlar a inflação.

Por outro lado, o uso do câmbio fixo gerou custos para a economia brasileira, no sentido de gerar grandes déficits na balança comercial, uma elevada taxa de juros e aumento no endividamento público.