As companhias do setor de construção no Brasil não devem ser impactadas de forma direta por um eventual calote da incorporadora chinesa Evergrande, que vem expressando receio quanto à capacidade de pagamento de dívidas.

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Analistas ouvidos pelo Valor indicam, porém, nova pressão sobre o preço do minério de ferro. A maior cautela de investidores também deve frear o mercado brasileiro.

“O contágio deve ser mais direto para outras economias que têm exposição grande na Evergrande. Mas é importante saber que o mercado espera um posicionamento do governo chinês”, afirma a especialista em ações da Clear Corretora, Pietra Guerra.

A analista diz que a Evergrande possui forte poder de influência sobre a economia chinesa. A companhia é segunda maior incorporadora da China e a mais endividada do setor em todo o mundo.

Pietra lembra que parte das dívidas de curto prazo da Evergrande vence nesta quinta-feira (23) e ainda não se sabe se o governo da China vai prestar algum socorro à incorporadora. 

Enquanto durar o impasse, segundo ela, os mercados devem potencializar o sentimento de aversão ao risco visto hoje, impactando indiretamente o cenário brasileiro.

Essa também é a análise de Pedro Serra, gerente de Research da Ativa Investimentos. O analista destaca, porém, que as siderúrgicas e mineradoras brasileiras podem ser afetadas por uma eventual queda no preço do minério de ferro.

De acordo com Serra, o mercado imobiliário da China foi muito inflado, pois os imóveis acabam sendo uma forma de investimento diante da dificuldade em enviar recursos para outros países.

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Se houver um problema no mercado imobiliário chinês, e a Evergrande representa uma parte relevante disso, você tem uma transferência direta na demanda por aço para novas construções, o que pode impactar as siderúrgicas e mineradoras daqui”, explica.

Pietra Guerra destaca ainda que o setor de construção é responsável por cerca de 25% do produto interno bruto da China e que, portanto, uma eventual falência da Evergrande representaria de fato uma queda importante de demanda.

Quando a gente vê uma empresas de um setor tão relevante e consumidor da matéria-prima passando por dificuldades, isso traz preocupação com o setor e pesa ainda mais no preço do minério de ferro”, afirma.

O mercado financeiro não aposta em uma quebradeira generalizada na China, incluindo prejuízos aos bancos, de acordo com a avaliação de Pietra Guerra e Pedro Serra.

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Fonte: Valor Econômico e Abecip.org.