O dólar avançava contra o real nesta terça-feira, chegando a registrar seu maior patamar intradiário desde maio do ano passado ao superar R$ 5,87, com os investidores elevando a busca por segurança após a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin de anular condenações impostas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de olho nos próximos passos do presidente Jair Bolsonaro.

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Às 10:31, o dólar avançava 1,46%, a R$ 5,8628 na venda, depois de chegar a tocar R$ 5,8720 na máxima do dia, maior patamar intradiário desde 14 de maio de 2020.

O contrato mais negociado de dólar futuro tinha queda de 0,42%, a R$ 5,8575.

A medida -- que abateu todas as condenações impostas a Lula pela 13ª Vara Federal de Curitiba no âmbito da operação Lava Jato -- devolve ao petista seus direitos políticos e poderá, se mantida, embaralhar a sucessão presidencial de 2022, gerando entre alguns investidores temores de polarização e, entre outros, de fortalecimento ainda maior de uma agenda populista.

"Como consequência da derrocada, logo surgiram várias teses de como a decisão poderia impactar o investidor negativamente. O efeito do abrupto advento de um forte rival político sobre (o presidente Jair) Bolsonaro foi uma das teorias mais citadas", escreveu em nota Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.

"O temor é de que, com o espectro de Lula pairando sobre a sua reeleição, Bolsonaro poderia agir de forma ainda mais errática e tomar ações populistas que comprometem a frágil situação fiscal do Brasil."

Daniel Herrera, analista da Toro Investimentos, disse que os investidores temem que Bolsonaro "pise no acelerador na frente intervencionista" diante do contexto político, chamando a atenção ainda para sinais de que Bolsonaro estava negociando a desidratação da PEC Emergencial na Câmara dos Deputados.

"A notícia sobre Lula vem num contexto em que o dólar já estava em disparada desde a decisão de Bolsonaro de interferir na Petrobras. O mercado já estava avaliando se o governo estava dando uma guinada para o lado intervencionista."

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Fornecendo outra perspectiva sobre a situação, Beyruti, da Guide, destacou sua avaliação de que o "mercado foi surpreendido e o episódio confirmou a completa imprevisibilidade do Judiciário brasileiro, que tem demonstrado que, a qualquer momento, as regras do jogo podem ser alteradas."

Enquanto isso, analistas da Genial investimentos opinaram que, "se for mantida a decisão, a tendência é polarização entre Bolsonaro e PT com enfraquecimento de candidatos de centro para as eleições de 2022."

"(...) O mercado já antecipa um provável segundo turno entre Bolsonaro e Lula. O pessimismo está em ter uma eleição na qual ambos os candidatos podem não ter compromisso com as reformas de ajuste fiscal."

Diante da disparada da moeda norte-americana, Herrera, da Toro Investimentos, disse que, após o momento de pânico inicial dos mercados, a partir de agora os investidores passarão por um momento de digestão dos acontecimentos na esfera política.

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Na véspera, quando a notícia explodiu sobre os mercados brasileiros, a divisa norte-americana à vista fechou em diaparada de 1,66%, a R$ 5,7787 na venda, máxima desde 15 de maio do ano passado.

O cenário externo ficava em segundo plano nesta manhã. O índice do dólar contra uma cesta de rivais fortes operava em queda de 0,3%, em meio ao arrefecimento dos rendimentos dos Treasuries.

Divisas emergentes pares do real, como peso mexicano, lira turca e rand sul-africano registravam ganhos contra o dólar.

O Banco Central anunciou para esta sessão leilão de swap tradicional para rolagem de até 16 mil contratos com vencimento em junho e dezembro de 2021.

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Fonte: Reuters.