O ciclo do mercado gerou oportunidades de dividendos nas empresas estatais maiores que as privadas e que compensa o risco das intervenções do governo.

Carteira Recomendada? Faça um Diagnóstico Online e Receba uma Carteira Gratuita.

A ideia do artigo de hoje é principalmente refutar aquelas pessoas que falam que nunca investem em estatais por causa dos mais variados problemas, principalmente de governança que existem nessas companhias.

Quero mostrar com cálculos claros que esses problemas já estão muitas vezes nos preços das ações, e que em alguns momentos surgem oportunidades ímpares, como está acontecendo agora.

Consideraremos como empresas estatais:

  • Empresas que tenham controle do estado com mais de 50% das ações;
  • Empresas que o Estado possuir muitas cadeiras no conselho de administração.

Desta forma o Estado pode interferir na empresa com políticas desalinhadas com aquelas que os acionistas esperam.

Por que Ações de Empresas Estatais são mais Baratas?

Resumidamente, as empresas estatais costumam ser mais baratas que os seus pares privados, porque os governos possuem dois problemas principais: Ineficiência nos custos e despesas e desalinhamento com o interesse dos acionistas.

Como exemplo, às vésperas de uma eleição, o governo e controlador de uma empresa estatal pode pedir para que o reajuste da água ou da luz não seja repassado aso clientes, ferindo o interesse dos acionistas em prol de um objetivo distinto.

A grande questão e que pretendo mostrar neste artigo é que isso já está no preço das ações e que funciona como um ciclo.

Ciclo de Mercado nas Empresas Estatais

Para quem quer saber mais sobre ciclos de mercado recomendo a leitura do livro “Dominando o Ciclo de Mercado” de Howard Marks.

O ciclo de mercado funciona assim:

O mercado acredita que um determinado governo é contra a economia livre e então as ações de todas as empresas estatais caem além do que deveriam, muitas vezes os lucros caem um pouco também, mas bem menos que a queda das ações.

Em seguida, este mesmo governo, percebe a falta de dividendos, ou um novo governo, a favor da economia é eleito e aí começam rumores de privatização e de mais eficiência por parte de custos e despesas, e aí as ações sobem mais do que deveriam.

Os dois últimos ciclos positivos de alta de empresas estatais foram em 2016, período que sucedeu o impeachment da ex-presidente Dilma e em 2019, no período que sucedeu as eleições de Jair Bolsonaro, ainda no período pré-pandemia em que o mercado acreditava que viria algumas privatizações.

Importante ressaltar que quem ganhou dinheiro foi quem comprou em 2015 e 2018 (antes das eleições, até setembro), quando o cenário ainda era INCERTO.

Não adianta comprar depois das notícias. O seu ganho fica limitado!

Dividendos de Empresas Estatais vs Privadas na Bolsa

Vamos então aos cálculos e para facilitar usei a distribuição de dividendos de empresas estatais e privadas.

Ainda para comparar empresas iguais, incluí apenas bancos, seguradoras e empresas de utilidades públicas como saneamento e energia elétrica.

EstataisPrivadas
Copasa (CSMG3)Bradesco (BBDC4)
Sanepar (SAPR4)Banco Pactual (BPAC11)
Sabesp (SBSP3)Itausa (ITSA4)
Banco do Brasil (BBAS3)Itaú Unibanco (ITUB4)
Banestes (BEES3)Santander (SANB11)
Banese (BGIP4)Alupar (ALUP11)
Banrisul (BRSR6)CESP (CESP6)
BRB Banco (BSLI3)CPFL Energia (CPFE3)
Cemig (CMIG4)Engie Brasil Energia (EGIE3)
Copel (CPLE6)Energias do Brasil (ENBR3)
Eletrobras (ELET6)Equatorial Energia (EQTL3)
EMAE (EMAE4)AES Brasil (AESB3)
BB Seguridade (BBSE3)Porto Seguro (PSSA3)
Celesc (CLSC4)Sulamerica (SULA11)
Taesa (TAEE11)Transmissão Paulista (TRPL4)

Obs: O Banco ABC (ABCB4) não foi incluído porque ele é estatal, mas de governos árabes. Estamos falando apenas de estatais brasileiras. Mas também não quis colocá-lo como privado.

Obs2: Atualmente 36% das ações ordinárias de Taesa (TAEE11) são de propriedade da CEMIG que é estatal. Logo ela foi considerada estatal, porém o governador Romeu Zema declarou interesse na privatização da CEMIG.

Talvez no futuro ela passe para as privadas, mas enquanto isso a Cemig segue gerando bilhões para o seu caixa com a venda de ativos que podem gerar gordos dividendos, porém hoje ela ainda é estatal.

Utilizando a plataforma GuiainvestPro eu puxei o dividend yield de todas essas empresas desde 2012 até o atual em 2021.

Nesse período tivemos ciclos positivos e ciclos negativos da economia.

O resultado encontra-se no gráfico abaixo com a média dos yields de empresas estatais e empresas privadas.

Comparação de dividend yield de empresas estatais e privadas
Comparação de dividend yield de empresas estatais e privadas. Elaborado por Dica de Hoje Research com dados GuiainvestPro

Na imagem acima fica claro que em todos os anos as empresas estatais pagam em média yields maiores que as empresas privadas.

Ou seja, os riscos das empresas estatais são precificados pelo mercado e quem ganha mais dividendos é o acionista que aceita correr esses riscos.

No entanto, não são todos os momentos que vale a pena investir nas empresas estatais.

Em alguns momentos, essa diferença está tão pequena, que o mercado está precificando uma grande eficiência dessas companhias no futuro, que embora possa acontecer em dados momentos, nunca é tão grande quanto o mercado espera.

Então, vamos estudar as diferenças ano a ano dos yields para chegarmos a uma conclusão final desse artigo.

Gráfico de diferença de dividend yield de empresas estatais e privadas
Gráfico de diferença de dividend yield de empresas estatais e privadas. Fonte: Dica de Hoje Research com dados GuiainvestPro.

Com a ferramenta GuiainvestPro exportei os dados e facilmente criei o gráfico acima, que mostra a diferença entre as variações de yields entre as empresas estatais e privadas.

Vale a Pena Investir em Empresas Estatais?

Dados nossos internos mostram que em média nos últimos 10 anos, as empresas estatais pagaram 5,84% ao ano de dividendo enquanto as empresas privadas pagar 4,15%, uma diferença de 1,69% ao ano.

Outro ponto que vemos no gráfico é que atualmente estamos em um ponto com discrepância de yield entre empresas estatais e privadas tão forte como ocorreu em 2015 e em 2017.

Ou seja, antes dos dois grandes ciclos de alta das estatais, um deles que se iniciou após o impeachment da Dilma no início de 2016 e outro que se iniciou após a eleição de Jair Bolsonaro em outubro de 2018.

O investidor mais antigo lembrará da grande valorização que empresas estatais tiveram no final de 2018 e no ano de 2019.

Meu dever, como analista, é alertar para as oportunidades existentes.

E após as interferências do governo na Eletrobras, Banco do Brasil e Petrobras (PETR4), o mercado começou a precificar as ações com um risco das estatais que na minha visão é desmedido.

E você, quer aproveitar essas oportunidades e muitas outras, mas não sabe quais ações comprar?

Conheça a minha carteira DicaPrev, focada em empresas pagadoras de dividendos, que está preparada para surfar essa onda de valorização e muitas outras.

“O profissional se prepara e se posiciona antes, o amador tenta seguir depois que acontece.”

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.