Está se armando mais uma armadilha para aquele investidor que só olha para o Dividend Yield dos fundos imobiliários.

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É fácil dizer isso, pois é igual a ver um distraído atravessando a rua quando um carro está vindo.

Ele não enxerga o problema, mas você sim. Fica fácil prever que algo pode dar muito errado aí.

Deixa eu explicar melhor.

Essa semana foi divulgado o IGP-M de setembro e ele veio com variação negativa de 0,64% no mês. 

No acumulado de doze meses, esse índice continua elevado, superando 24% de variação positiva.

Já era esperado que a desaceleração do IGP-M não fosse lenta e gradual. Alguns meses com deflação (inflação negativa) era perfeitamente factível de acontecer.

E isso terá impacto relevante em fundos imobiliários de papel, aqueles que compram CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), atrelados à inflação.

O rendimento desses FIIs é composto por inflação + juros.

Se a inflação for alta, ótimo. Se for controlada, ok. Se for zero ou negativa, ruim. 

Os FIIs de papel se beneficiaram muito no passado com a escalada da inflação, aumentando seus rendimentos e puxando o seu Dividend Yield para cima.

Acontece que o dividend yield que você vê agora, é referente aos últimos 12 meses de rendimentos desses fundos

Ou seja, esse valor já foi recebido por quem foi cotista ao longo desse período de inflação elevada.

Isso não é o que você vai receber daqui para frente. Daqui em diante você vai receber os próximos rendimentos, que não serão mais turbinados por uma inflação alta.

Pelo contrário, eles podem ser prejudicados num cenário de deflação, como vimos agora em setembro.

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Inflação negativa não significa que esses fundos darão zero de rendimento.

A maioria dos CRIs que eles compram só são corrigidos por uma inflação positiva, se for negativa é considerado como se fosse zerada.

Portanto não há motivo para pânico.

Mas também não seja pego de surpresa com rendimentos mais modestos desses fundos.

Não estou dizendo para fugir dos fundos de papel. 

Não entenda errado. Apenas cuide para comprar somente os bons e baratos.

Ajuste suas expectativas para um novo cenário nos FIIs de papel.

E, mais do que nunca, jamais pague caro demais num FII desse tipo.

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