A Raízen Energia inaugurou oficialmente nesta sexta-feira (16) uma usina de geração de energia com biogás produzido a partir de cana, uma tecnologia que a empresa pretende testar para possível aplicação também em caminhões e tratores de sua frota.

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A joint-venture da Cosan (CSAN3) com a Shell ainda tem planos de usar esse biogás de cana para atender diretamente a demanda de clientes por eletricidade em um modelo de negócios conhecido como geração distribuída, disse o presidente da Raízen, Ricardo Mussa.

A geração distribuída (GD) tem crescido rapidamente no Brasil, principalmente com instalações que envolvem placas solares em telhados ou terrenos para atender a demanda de residências e empresas.

A Raízen buscará avançar nesse nicho, inclusive com possíveis aquisições ou parcerias, acrescentou o executivo.

Segundo Mussa, a Raízen já concluiu a implementação de seus primeiros sistemas de geração distribuída, com tecnologia solar, e pretende acelerar investimentos no setor.

A companhia acredita ter vantagem frente aos concorrentes nesse nicho devido à ampla carteira de clientes para os quais a produção das instalações de GD poderia ser vendida.

Para o executivo, o principal gargalo hoje é a velocidade de implementação de mais projetos.

"Isso nos leva até a pensar: será que não tem projetos prontos no mercado, empresas com quem possamos conversar? A resposta é sim, estamos buscando parcerias, aquisições, para acelerar o projeto de GD dentro da companhia.”

Um evento da empresa com parceiros, como postos de gasolina e outros clientes, mostrou que eles têm interesse até maior do que se esperava por soluções envolvendo GD, acrescentou o CEO.

“Já conseguimos o mais difícil, que é ter um mercado e um produto bem aceito por esse mercado.”

A busca por possíveis compras ou associações, no entanto, está focada em empreendimentos de GD solar.

Uma vez que na área de biogás a Raízen pretende apostar em projetos próprios, a serem desenvolvidos pela Raízen Geo Biogás, uma joint venture da empresa com a Geo Energética para investimentos em biogás.

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Biocombustíveis

A usina de geração a partir de biogás inaugurada nesta sexta-feira, em Guariba, no interior de São Paulo, terá operação e comercialização a cargo da Raízen Geo Biogás.

A unidade tem 21 megawatts em capacidade e funciona tanto com torta de filtro quanto vinhaça, subprodutos da cana-de-açúcar, ao fazer uso de duas tecnologias diferentes.

Com investimentos de cerca de 153 milhões de reais, a planta vendeu antecipadamente a produção em um leilão realizado pelo governo em 2016 para atender à demanda futura por energia.

“A ideia é que a gente não precise de leilão para seguir com novos projetos”, disse Mussa, ao revelar que a Raízen já mapeou outras 10 de suas unidades que poderiam ser alvo de iniciativas similares para produção de biogás.

Os resultados da primeira usina serão analisados atentamente, até para tomada de decisão sobre qual a melhor tecnologia a ser adotada nas próximas iniciativas em biogás.

“E as novas plantas que vão ser construídas, gostaria muito de construí-las nesse formato novo. Queremos no início da próxima safra ter isso bem claro, (mas) pode ser que os testes demorem mais.”

O executivo acrescentou que vê um potencial ainda maior para biometano a ser produzido com os mesmos subprodutos da cana, que poderia eventualmente ser usado em caminhões ou tratores da frota própria da Raízen.

O uso do biometano nos veículos está sendo testado em parceria com a Scania, para verificar se o combustível terá desempenho adequado à realidade dos trabalhos no campo.

“Eu acredito mais até no biometano, acho que ele tem o valor agregado da substituição do diesel, é maior que energia elétrica”, afirmou Mussa.

“Tem também uma série de externalidades positivas para nossa produção de açúcar e etanol. Você torna o etanol mais sustentável, o açúcar mais sustentável, pois está tirando o combustível fóssil”, explicou.

Isso permitira, inclusive, uma maior criação de valor para a Raízen por meio da emissão de mais créditos de descarbonização, os CBIOs, segundo ele.

Criados no âmbito de um programa do governo para fomentar biocombustíveis, o RenovaBio, os chamados CBIOs precisam ser comprados por distribuidoras de combustíveis para compensar emissões pela venda de combustíveis fósseis.

Os CBIOs são emitidos por produtores de biocombustíveis e usinas atestadas como com maior grau de eficiência conseguem obter mais certificados pelo mesmo volume de etanol vendido.

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Fonte: Reuters