O que é crony capitalism?

Crony Capitalism (Capitalismo de Compadres) é um termo usado para qualificar um sistema econômico em que algumas a classe dominante recebe benefícios e privilégios por parte do Estado.

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Em outras palavras, o capitalismo de compadres descreve uma economia em que o sucesso nos negócios depende das estreitas relações entre os empresários e a classe política. 

O crony capitalism também pode ser chamado de capitalismo clientelista.

O capitalismo de compadres descreve um sistema econômico em que a competição se dá de forma injusta, inibindo o bom funcionamento dos mercados.

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Como funciona o crony capitalism?

No capitalismo de compadres temos que as políticas realizadas pelo Estado, na maioria das vezes, favorecem negócios daqueles que estão próximos dos políticos. 

Existem diversos exemplos de situações nas quais se identifica o capitalismo de compadres.

Isso fica evidente quando analisamos as políticas de subsídios, incentivos fiscais, editais para a contratação de empresas privadas para realização de obras públicas e questões envolvendo a legislação.

Além disso, no crony capitalism a corrupção costuma ser uma prática constante

É comum ver políticas que beneficiam algumas empresas privadas sendo feitas em troca de financiamento de campanhas de políticos ou até mesmo divisão de lucro resultado do benefício ganho.

Deve-se notar que, embora o capitalismo clientelista possa ser considerado uma forma de capitalismo, a sua lógica é considerada oposta ao conceito de livre mercado.

O livre mercado é um dos princípios fundamentais, pregado pelos liberais, para assegurar o bom funcionamento do capitalismo e gerar bem estar social.

Quando uma empresa é beneficiada pelo Estado, ocorre que ela recebe uma vantagem frente às demais competidoras internas e externas.

Essa vantagem, portanto, limita a competição e também a qualidade dos bens e serviços oferecidos dentro da economia.

Como resultado, temos uma sociedade em pior posição em termos de satisfação econômica quando comparamos com um cenário de livre competição, ou seja, sem interferência estatal.

Crony capitalism é o mesmo que patrimonialismo?

O crony capitalism é semelhante ao que se chama de patrimonialismo.

Ambos os conceitos se referem a um sistema econômico em que algumas partes do setor privado são beneficiadas, de maneira injusta, pelo Estado.

Esse beneficiamento é derivado de relações pessoais de amizade ou conluio para realizar corrupção, e não por questões envolvendo meritocracia.

O patrimonialismo é um conceito desenvolvido por Max Weber, sendo usado, no princípio, para classificar práticas dos regimes absolutistas.

Mais especificamente, o conceito de patrimonialismo se refere à característica de um Estado em que não há distinções entre os limites do público e os limites do privado.

Veja que aqui a diferença entre patrimonialismo e capitalismo de compadres é bastante tênue.

Uma das diferenças é que o patrimonialismo se refere não apenas ao capitalismo, mas a todos os sistemas em geral. Ou seja, ele é mais abrangente.

Outra especificidade do patrimonialismo é que aqui nos referimos à uma relação de simbiose/fusão entre o setor público e privado.

Enquanto o capitalismo de compadre se refere mais a uma relação de parasitismo.

Ou seja, no segundo o parasita pode abandonar o hospedeiro quando este não lhe serve mais, enquanto que no primeiro a morte de uma parte também leva à falência do outro.

Crony capitalism no Brasil

O modelo capitalista brasileiro sempre foi bastante criticado, principalmente por sua característica sempre ter estado mais próxima do capitalismo de compadre do que do livre mercado.

O que sempre tivemos  aqui foi uma mistura de capitalismo de Estado, com forte presença do governo na economia, e de compadrio, com alta tendência à concentração de grandes grupos empresariais. 

Tais grupos se beneficiam do acesso ao crédito subsidiado (concedido por bancos oficiais), da proteção contra a concorrência externa e de uma regulação extensa e complexa. 

Soma-se a tudo isso o precário ambiente de negócios no Brasil, cuja burocracia dificulta a abertura de novos negócios e, consequentemente, a competição.

No geral, o crony capitalism cria fortes barreiras ao desenvolvimento e à entrada de novos concorrentes no país, favorecendo a crescente concentração e gerando um círculo vicioso.

Na literatura nacional, essa crítica teve forte presença nas obras de Raymundo Faoro, com destaque para seu livro intitulado Os Donos do Poder, e Sérgio Buarque de Holanda, em Raízes do Brasil.