Investir na China pode representar uma boa oportunidade de diversificação em um país que vem conquistando cada vez mais espaço no cenário internacional.

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A China é um dos mercados emergentes de maior alta no mundo. 

Depois de registrar um crescimento de quase 10% ao ano nas últimas décadas, é previsto que o país ultrapasse os Estados Unidos em algum momento e se torne a maior economia do mundo. 

Pelo crescimento e número de pessoas, é natural que a gigante asiática acabe tendo uma representatividade maior na economia.

Das 10 maiores empresas de capital aberto, divulgada pela Forbes, cinco são chinesas.

Empresas como Alibaba (BABA34), Tencent, Xiaomi, Huawei, Baidu (BIDU34) e TikTok movimentam bilhões.

Para Charlie Munger, vice-presidente da Berkshire Hathaway, "as melhores empresas da China são mais baratas do que as melhores empresas dos Estados Unidos”, disse à CNBC.

Uma pequena amostra do potencial do mercado chinês é a recuperação em meio à pandemia do novo coronavírus.

Primeiro epicentro da pandemia, a China foi também o país que mais rapidamente superou a crise financeira.

O PIB da China cresceu 4,9% no 3º trimestre de 2020 na comparação com o mesmo período de 2019. 

Os principais índices das bolsas de Shenzhen e Shanghai também registram alta de 10% e 30% em 2020.

Investimentos no exterior são uma ótima forma de reduzir os riscos e buscar ganhos maiores, mas investir em ações de empresas chinesas vale a pena?

Continue a leitura e veja as vantagens e desvantagens de investir no mercado chinês.

A economia chinesa

A China registrou um crescimento elevado nas últimas duas décadas. De 2006 a 2018, o país respondeu por 29,4% do crescimento global.

Isso representa mais que a soma de Estados Unidos (14,3%), Zona do Euro (7,6%), Reino Unido (1,9%) e Japão (2,1%) no mesmo período.

Mantendo esse crescimento, espera-se que o país ultrapasse os Estados Unidos e se torne a maior economia do mundo nos próximos anos.

Sob o critério do tamanho do Produto Interno Bruto (PIB), por paridade de poder de compra (PPC), o gigante asiático ultrapassou os EUA em meio à pandemia.

PIB China
Fonte: WEO

Conforme a tabela, a participação do PIB chinês, em PPC, no PIB mundial chegou a 17,4%, enquanto que a participação estadunidense foi de 15,9%.

A China teve sua recuperação em forma de V concluída no segundo trimestre deste ano, sendo a única grande economia a registrar crescimento.

De acordo com os analistas, apesar da pandemia, a economia chinesa deve crescer 2% em 2020 e 8,5% no próximo ano.

A China está passando por um momento de transição na sua economia, deixando de ser fortemente dependente de exportações, para se basear também no consumo interno.

Com uma população maior que 1 bilhão de pessoas e uma classe média entre as que mais crescem no mundo, não é de se esperar que o crescimento econômico do país diminua tão cedo.

Na verdade, o crescimento da classe média chinesa apresenta uma série de oportunidades econômicas.

Junto com o aumento da receita das famílias cresce também o potencial de consumo e formação de poupança no país.

Maiores setores da economia chinesa

É comum associar o setor de tecnologia quando pensamos no mercado chinês. Embora seja tenha empresas muito lucrativas, outros setores não podem ser deixados de lado.

De acordo com estimativas do instituto de pesquisas industriais Ibis World, o setor da construção civil foi o que movimentou mais dinheiro, com receita estimada de US$ 2,486 trilhões para 2020.

Nos últimos cinco anos o setor teve um crescimento médio anual de 4,8%.

Atualmente há mais de 32 mil empresas de construção chinesas.

Com rápido processo de urbanização da população, o setor de desenvolvimento e gestão imobiliária está em segundo lugar com receita estimada de US$ 1,957 trilhão para 2020.

O terceiro maior setor da China é o de compras online. Nos últimos cinco anos, o setor apresentou um crescimento médio anual de 22,5%. A expectativa de receita para 2020 é de US$ 1,774 trilhão.

Os setores mais promissores são os voltados para o consumo, comunicação e saúde.

Analistas do mercado esperam que o lucro por ação das empresas que compõem o índice MSCI China, cresça em média 6,9% em 2021.

Esse índice é composto por 711 empresas chinesas de grande e médio porte listadas em todos os mercados.

O setor de maior peso é o de Consumo, representando 32,96% do índice, seguido de Serviços de Telecomunicações com peso de 22,19% do índice.

O setor financeiro representa 14,61% do índice e o setor de Saúde representa 5,5%. 

As maiores empresas chinesas

Enquanto os EUA tem a maior economia, “as empresas mais fortes do mundo não estão na América”, é o que disse Charlie Munger.

A declaração foi feita na reunião anual da Daily Journal Corp., empresa de jornal onde atua como presidente. 

Segundo o famoso investidor e vice-presidente da Berkshire Hathaway “as empresas chinesas são mais fortes do que as nossas [americanas] e estão crescendo mais rápido.”

De acordo com o ranking anual da Forbes das maiores empresas de capital aberto do mundo, cinco, das 10 primeiras colocadas são chinesas:

O primeiro colocado é o ICBC (Industrial & Commercial Bank of China Ltd) Banco Industrial e Comercial da China, que possui um valor de mercado de US$ 242,3 bilhões.

Em segundo lugar, outro banco chinês, o China Construction Bank, com valor de mercado de US$ 203 bilhões.

Na quinta posição no ranking da Forbes está o Banco Agrícola da China com valor de US$ 147 bilhões.

Em sétimo está o Ping An Insurance Group com valor de mercado de US$ 187,2 bilhões e, em décimo, o Bank of China e seus US$ 112,8 bilhões.

Existem outras ótimas empresas chinesas para investir, como a Tencent Holding, Alibaba e Ping An Insurance.

Todas essas companhias também estão incluídas no ranking da Forbes nas respectivas posições: 50º, 31º e 7º.

Bolsas de Valores Chinesas

Ao investir na China diretamente o investidor se depara com três bolsas de valores:

A Shanghai Stock Exchange (SSE) possui cerca de 1,7 mil companhias listadas e valor de mercado de aproximadamente US$ 6 trilhões.

A Shenzhen Stock Exchange (SZSE) tem aproximadamente 2,3 mil empresas listadas e valor de mercado de cerca de US$ 4,5 trilhões.

A bolsa de valores chinesa mais antiga é a de Hong Kong (Hong Kong Stock Exchange).

Atualmente, possui 2,5 mil empresas listadas e valor de mercado superior a US$ 4,5 trilhões.

Apesar dos altos valores, o mercado chinês ainda representa apenas 25% do mercado americano.

Juntas, a Nasdaq e a NYSE têm uma capitalização de cerca de US$ 40 trilhões.

Tipos de Ações do Mercado Chinês

As ações no mercado chinês são classificadas em:

A-shares: Ações cotadas em renminbi de empresas sediadas na China continental e negociadas nas Bolsas de Xangai e Shenzhen.

B-shares: Ações cotadas em moedas internacionais, principalmente dólar, de empresas sediadas na China continental e negociadas nas Bolsas de Xangai e  Shenzhen.

H-shares: Ações cotadas em dólar de Hong Kong de empresas sediadas na China continental e negociadas na Bolsa de Hong Kong.

Red Chips: Ações de empresas com forte atuação na China continental e tem o governo chinês como um dos seus principais acionistas, porém não são sediadas no território chinês, listadas na Bolsa de Hong Kong.

P Chips: Ações de empresas privadas com operação na China continental, mas sediadas em paraísos fiscais, que não tem o governo chinês como acionista, listadas na bolsa de Hong Kong.

Vantagens de investir na China

A China é um mercado extremamente promissor, com as maiores taxas de crescimento do PIB no mundo.

A renda per capita do chinês também está crescendo, junto com ele o consumo e a monetização das empresas.

Embora haja um impasse entre Estados Unidos e China, a economia chinesa passou a ser mais auto suficiente. Mais de 50% do PIB vem do consumo na China.

Outra vantagem da diversificação global de portfólios é que é mais fácil encontrar ações baratas em mercados emergentes e em desenvolvimento.

O mercado chinês tem muito potencial inexplorado e horizonte para obter melhores margens de lucro quando comparado com os EUA, por exemplo.

2ª maior economia do mundo

Com as taxas de crescimento que vem apresentando nas últimas décadas, a China está preparada para superar os EUA e se tornar a maior economia do mundo.

Abertura do Mercado de Capitais na China

Além de ser o segundo maior mercado de ações e títulos do mundo, as restrições a investidores estrangeiros estão sendo gradualmente derrubadas.

Domínio global crescente das empresas chinesas

A China tem algumas das empresas mais populares e valiosas do mundo como Alibaba, do bilionário Jack Ma.

Além de Xiaomi, Tencent, Haidilao, Baidu, Bytedance, YY Inc, entre diversas outras que podem entregar a um crescimento relevante.

Desvantagens de investir na China

Além dos problemas diplomáticos da potência asiática com os Estados Unidos, a China tem histórico de um governo mais intervencionista.

Ao investir na China os investidores precisam compreender os riscos e as vantagens para definir se essa é uma troca que vale a pena.

Intervencionismo na economia

O governo chinês exerce uma influência na economia e pode dificultar algumas empresas a operarem no país.

Isto é visto como uma ação estratégica para defender o mercado local.

Exemplo disso é que mais de 2 mil sites são proibidos na China. Google e Facebook, por exemplo, não possuem uma operação relevante na segunda maior economia.

Mais crescimento, menos rentabilidade

É comum por parte das empresas chinesas visarem muito mais crescimento e não priorizam a rentabilidade.

Isso pode ser visto como uma desvantagem conforme a estratégia do investidor.

Como investir em ações de empresas chinesas

É possível investir nas empresas chinesas de várias formas, seja de forma direta ou indireta através de produtos ofertados na própria bolsa brasileira.

Investir diretamente na China

Mesmo com o esforço do país para tentar democratizar os acessos, este é o caminho mais difícil de investir na China.

Para o investidor de varejo, o caminho é através das corretoras internacionais que permitem operações financeiras em diversos mercados, como a Interactive Brokers, por exemplo.

Já para os investidores institucionais, há um esboço de regras com o objetivo de facilitar a entrada por canais de investimento unificados.

Através da bolsa brasileira

No Brasil, o investidor pode se expor a ativos chineses por meio de fundos de investimentos e de BDRs, papéis que funcionam como certificados de ações de empresas listadas em bolsas de outros países. 

Atualmente são ofertados seis BDRs de empresas chinesas na B3:

  • Alibaba (BABA34), plataforma de e-commerce;
  • Baidu (BIDU34), motor de busca;
  • JD.com (JDCO34), plataforma de e-commerce;
  • Netease (NETE34), desenvolvedora de jogos;
  • PetroChina (PTCH34), petrolífera;
  • Trip.com (CRIP34), agência de viagens online. 

Nos fundos, um exemplo é o Trend Bolsa Chinesa, da XP Investimentos, que confere exposição ao mercado de ações da China, seguindo o índice MSCI China, que cobre empresas como Baidu e Alibaba.

Investir pelo mercado americano

O brasileiro que queira comprar diretamente ações de empresas chinesas também tem a opção de abrir conta em uma corretora dos Estados Unidos.

Dessa forma, passa a ter acesso aos papéis de empresas chinesas lançados na bolsa americana, como, por exemplo, o Alibaba de Jack Ma.

Também pode adquirir a as ADRs (American Depositary Receipts), a versão americana das BDRs.

São mais de 100 empresas chinesas listadas através dessa modalidade. 

Entre eles, ADRs da NIO, montadora de veículos elétricos, e da Pinduoduo, plataforma de e-commerce.

Há ainda a possibilidade de investir via COE, o certificado de operações estruturadas e ETFs de fundos chineses. 

Investir indiretamente

Outra forma de investimento indireto é comprar ações de empresas globais que se beneficiam ou fazem parte das cadeias de produção chinesa.

Diversas empresas, mesmo não estando localizadas diretamente na China, são expostas ao mercado chinês.

Um exemplo de empresa brasileira que comercializa com a China é a Vale (VALE3). 

Vale a pena investir na China?

A alocação internacional é uma estratégia de diversificação capaz de reduzir o risco e melhorar a rentabilidade.

Entre as alternativas, investir na China deve estar entre as opções do investidor.

A potência asiática voltou a chamar atenção dos investidores por oferecer a combinação de crescimento econômico, população jovem e crescente e ótimas empresas.

Se você está se perguntando quem pode investir na China, saiba que todos podem deixar parte da carteira no exterior, o que varia é a porcentagem.

Sobre a guerra comercial entre Estados Unidos e China, o investidor Ray Dalio tem sua tese de investimento resumida em: “aposte nos dois cavalos”.

Assim como se deve fazer ao investir no mercado nacional, no exterior também é necessário diversificar.