A Camil divulgou os resultados das suas operações para o terceiro de trimestre de 2019, confira a Análise de Resultados do 3T19 da Camil (CAML3), os principais destaques do resultado da empresa e se vale a pena investir ou manter sua posição na empresa.

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Data de Divulgação: 10 de outubro de 2019

Sobre a Camil Alimentos

https://youtu.be/zG6gBLqpbgo

A Camil Alimentos possui mais de 50 anos de história, sendo uma das maiores empresas no setor de alimentos do Brasil e América do Sul.

A empresa iniciou suas atividades em 1963, no Rio Grande do Sul, como cooperativa de produtores de arroz.

Através de uma estratégia de diversificação e inovação de produtos, aquisições estratégicas e de expansão para mercados externos, tornou-se líder em beneficiamento e comercialização de arroz nos principais países da América do Sul.

  • 2001: SAMAN Brasil em Pernambuco;
  • 2002: Planta de Camaquã (Brasil);
  • 2005: Expansão Norte e Nordeste no Brasil;
  • 2007: SAMAN (Uruguai);
  • 2009: Tucapel (Chile);
  • 2010: BB Mendes (Brasil);
  • 2011: Costeño (Peru);
  • 2012: União da Barra (açúcar - Brasil);
  • 2013: Carreteiro (Brasil);
  • 2013: La Loma (Argentina);
  • 2018: SLC Alimentos (Brasil).
Expansão da Camil Alimentos
Expansão da Camil Alimentos. Fonte: RI - Camil.

Possui 29 unidades de processamento e 18 centros de distribuição no Brasil, Chile e Uruguai, além de exportar para mais de 50 países.

Marcas da Empresa

Possui marcas líderes de seu mercado, como União, Camil (arroz e feijão), Coqueiro (sardinha), entre outras.

Marcas da Camil Alimentos
Marcas de Propriedade da Camil Alimentos. Fonte: RI Camil.

Avaliação de Governança

A Camil Alimentos possui boas práticas de governança corporativa e está listada na bolsa de valores no Novo Mercado.

EmpresaCamil Alimentos S.A.
CódigoCAML3
SubsetorAlimentos Processados
Segmento de ListagemNovo Mercado
Tag Along100% ON
Free Float25,42%
Principal AcionistaCamil Investimentos S.A. (56%)
Sitehttps://www.camil.com.br/

Balanço Camil

Mesmo com recuperação do setor alimentício no Brasil, a Camil, que atua em diversos segmentos desse mercado, incluindo arroz, feijão, açúcar e pescado, não conseguiu entregar resultados positivos no segundo trimestre de 2019 (2T19).

O aumento no custo dos produtos afetou as margens da Camil, que não tem conseguido repassar esse aumento para os consumidores. 

Assim, mesmo diante do aumento do volume de vendas, houve queda no Lucro no Líquido da companhia, que fechou o segundo trimestre em R$ 40,1 milhões, representando recuo de 49,3% em relação ao segundo trimestre de 2018 (2T18).

Já o Ebitda do 2T19 ficou em R$ 88,7 milhões, queda de 34,1% em relação ao mesmo período do ano passado. 

Paralelamente a Margem Ebitda encerrou o trimestre, findo em agosto de 2019, em 7,3%, representando uma redução de 4,5 pontos percentuais em relação ao segundo trimestre de 2018.

Resultados Operacionais

No segundo trimestre de 2019, a Camil registrou alta de 4,4% no volume consolidado.

Esse resultado foi impactado positivamente pelo aumento do volume de grãos e de negócios internacionais e negativamente pela queda no volume de pescados e açúcar. 

Segmento Alimentício no Brasil - Arroz

O volume de vendas de arroz no Brasil no segundo trimestre de 2019 cresceu 17% na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior e totalizou 190,4 mil toneladas. 

Esse crescimento foi impactado principalmente pela aquisição da SLC Alimentos, dona das marcas Namorado, Butuí, Bonzão e Americano, que acrescentou 48,0 mil toneladas no resultado do período. 

Em contrapartida, houve aumento de 4,6% no preço da matéria-prima (R$ 43,60/saca) em decorrência da menor produção de arroz na safra e desvalorização cambial, que aumentou o nível de exportação e diminuiu o nível de importações no Brasil. 

O preço bruto, por sua vez, caiu 0,5% e chegou ao patamar de R$ 2,48/kg. Enquanto isso o preço líquido foi de R$ 2,19/kg, queda de 0,7% na comparação anual.

Assim, é possível perceber que as variações no preço foram menores do que o custo médio da compra de matéria-prima, o que reflete a dificuldade da companhia em repassar os preços para o mercado. 

Em relação a sua participação no mercado, a Camil terminou o trimestre com alta de 0,5 pontos percentuais no market share, totalizando 9,6%. 

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Gráfico: Camil - Volume e Preço Líquido do Arroz
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Gráfico: Camil - Preço de Mercado vs. Preço Bruto do Arroz

Segmento Alimentício no Brasil - Feijão

O resultado do segmento de feijão foi bastante parecido com os resultados do segmento de arroz. 

Houve aumento do volume de vendas do produtos, que totalizou 26,5 mil toneladas, também impactado principalmente pela compra da SLC Alimentos que acrescentou 6,3 toneladas ao resultado. 

O preço médio da matéria-prima, no entanto cresceu 41,0%, refletindo as variações na produção de feijão no período.

Enquanto isso, o preço bruto no feijão cresceu 15% e atingiu R$ 3,87/kg, já o preço líquido cresceu 30,3% na comparação anual, e terminou o trimestre em R$ 3,62/kg

Em relação a sua participação no mercado, a Camil registrou perda 0,5 pontos percentuais, e chegou ao patamar de 6,8% de market share

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Gráfico: Camil - Volume e Preço Líquido do Feijão
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Gráfico: Camil - Preço de Mercado vs. Preço Bruto do Feijão

Segmento Alimentício no Brasil - Açúcar

O segmento de açúcar foi um dos que mais sofreram no segundo trimestre de 2019. 

O volume de vendas de produtos atingiu 119,5 mil toneladas, registrando alta de 9,6% na comparação ano a ano. 

O resultado negativo foi resultado da redução de venda do açúcar refinado e cristal da marca União e marcas de ocupação em relação ao 2T18.

O preço médio da matéria-prima aumentou em 10,9%. Os preços brutos e líquido também subiram, mas foram insuficientes para compensar o aumento do custo de produção. 

O preço bruto subiu apenas 1,5%, totalizando R$ 2,14/kg. Já o preço líquido subiu 2,9%, totalizando R$ 1,89/kg.

A participação de mercado da companhia, no entanto, cresceu 3 pontos percentuais e encerrou o trimestre em 39,2%.

Porém o valor não ainda reflete a redução do volume de vendas apresentada no trimestre. 

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Gráfico: Camil - Volume e Preço Líquido do Açúcar
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Gráfico: Camil - Preço de Mercado vs. Preço Bruto do Açúcar

Segmento Alimentício no Brasil - Pescados

Em relação aos segmentos de pescados no Brasil, os resultados também foram bastante negativos. 

Houve queda de 24,9% no volume de vendas da categoria, que somou 6,1 mil toneladas no 2T19. 

Esse resultado foi influenciado, sobretudo, pela redução nas vendas das marcas Coqueiro e de ocupação (Pescador). 

O preço bruto chegou ao patamar de R$ 20,26/kg, enquanto o preço líquido ficou em R$ 15,75/kg, o que representa alta de 0,4% e 1% respectivamente.

Em relação ao Market Share da Camil, houve aumento de 1,3 ponto percentual na categoria de sardinha que atingiu 40,4%. Já em relação ao atum o Market Share chegou a 24,7%, representando alta de 4 p.p..

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Gráfico: Camil - Volume e Preço Líquido de Pescados
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Gráfico: Camil - Preço Bruto de Pescados

Segmento Alimentício Internacional

O segmento alimentício internacional da Camil terminou o segundo trimestre de 2019 com leve alta de 0,2% na comparação anual. 

O resultado foi impactado positivamente pela retomada das vendas do Peru e pela manutenção das vendas no Chile e negativamente pela queda das vendas no Uruguai.

Uruguai 

No Uruguai o volume de vendas da Camil atingiu 101,6 mil toneladas, representando uma queda 2,3% na comparação com o segundo trimestre de 2018. 

O preço bruto por tonelada S$ recuou 7,7%, enquanto o preço em reais  5,9%. 

Chile

No Chile o volume de vendas totalizou 21,6 mil toneladas, alta de 8,4% na comparação com o mesmo período do ano passado. 

O preço bruto por tonelada em CLP (Peso Chileno) caiu 2,1%, enquanto o preço bruto em reais caiu 7,8%. 

Peru

No segundo trimestre de 2019, o volume de vendas no Peru cresceu 5,1% em relação ao 2T18. 

O preço bruto por tonelada em SOL (Novo Sol) cresceu 5,4%, enquanto o preço bruto em reais cresceu 4,9%. 

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Gráfico: Camil - Evolução do Volume Trimestral do Segmento Internaciona

Resultados Financeiros 

Diante dos resultados operacionais fracos na maioria dos segmentos, os números financeiros da companhia fecharam o trimestre com resultados bastantes ruins. 

Impactada pelo crescimento da receita líquida do Segmento Alimentício no Brasil (+10,7%), a Receita Líquida da Camil no 2° trimestre de 2019 apresentou alta de 6,8% na comparação anual e totalizou no período R$ 1,2 bilhão.  

Em contrapartida, usando a mesma comparação entre períodos, o Lucro Bruto caiu 10,3% e totalizou R$ 284 milhões. Paralelamente, a Margem Bruta caiu 4,4 pontos percentuais e encerrou o período em 23,2%. 

O Ebitda, despencou 34,1% e totalizou no trimestre R$ 89 milhões. Enquanto isso, a Margem Ebitda caiu 4,5 pontos percentuais e encerrou o 2T19 em 7,3%. 

Endividamento

Outro ponto que merece destaque nos resultados do segundo trimestre da Camil é o endividamento, que atingiu 2,9x o Ebitda. 

A métrica cresceu 54,3% no trimestre, passando de R$ 825,1 milhões no 2T18 para R$ 1.272,8 milhões. 

Parte do resultado é consequência da compra SLC Alimentos e da emissão de R$ 600 milhões em debêntures. 

Além disso, a desvalorização do real ante ao dólar também impulsionou o crescimento da dívida do período em R$ 17,6 milhões na comparação anual. 

Principais Indicadores

Veja abaixo os principais indicadores da empresa analisada.

Indicador06/201909/2019
Preço/Lucro (P/L)7,97,1
Preço/Valor Patrimonial (PVPA)1,31,2
Dividendo (DY) %--
Valor de Mercado $2,9 B2,7 B
Lucro por Ação (LPA) $0,89650,9416
Rent. Patr. Líq. (ROE) %16,7%17,0%
Margem Líquida %7,6%7,6%
Data Divulgação09/06/1911/10/19

* Indicadores com base na data de 14/10/2019

Conclusão

Os resultados da Camil para o segundo trimestre de 2019, ficaram bem abaixo do que gostariam os investidores da companhia. 

Em relação aos resultados operacionais, houve uma leve melhora em relação aos resultados dos períodos anteriores, mesmo assim, a melhora não foi suficiente para trazer resultados positivos no âmbito financeiro. . 

A companhia continua com dificuldade para repassar o aumento nos custos da matéria-prima para o mercado. 

Ou seja, a Camil está gastando cada vez para fabricar seus produtos, enquanto o preço de venda cai ou não sobe suficiente para cobrir o aumento no custo da produção. 

Esse fato tem gerado perda de margem e consequentemente queda em outros indicadores da Companhia. 

Nesse cenário, o Lucro Líquido da Camil fechou o trimestre em R$ 40,1 milhões, queda de 49,3% em relação ao mesmo período do ano anterior.

O mesmo cenário se mantém para as operações no exterior. 

Além disso, houve queda no volume de exportações para o Uruguai, que é o maior importador da companhia. 

Por fim, a Camil chegou a um nível de endividamento que merece cautela, 2,9x o Ebitda. 

O aumento do endividamento pode ser justificado pela aquisição da SLC Alimentos. 

A empresa ainda não conseguiu gerar a contribuição necessária para tirar os melhores benefícios da compra, embora a SLC tenha impactado positivamente o volume de vendas da companhia. 

Assim, os resultados vieram abaixo do esperado pelo mercado.

A empresa ainda não conseguiu capturar os ganhos de sinergia com a compra da SLC e tampouco foi capaz de repassar o aumento dos custos de produção para os consumidores finais.

Escrito em conjunto por Eduardo Voglino e Marcelo Fayh (Analista CNPI).

Disclaimer: Declaro que as informações contidas neste texto são públicas e que refletem única e exclusivamente a minha visão independente sobre a companhia, sem refletir a opinião do The Capital Advisor ou de seus controladores.