Muitas pessoas têm me perguntado se a bolsa está cara ou barata hoje e como eu enxergo, como economista, o momento da crise do Coronavírus na Economia e nos investimentos?

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Com a economia brasileira estou bastante cético com uma recuperação rápida da atividade, o que não significa que o mercado de ações vai ir mal.

Os resultados do segundo trimestre de 2020 começarão a ser divulgados daqui a cerca de um mês.

Em geral vai ser uma tragédia e o mercado financeiro já sabe disso.

Acredito que os primeiros sinais de melhora só devem ficar evidentes no segundo trimestre de 2021, daqui a um ano a contar de hoje.

Antes de pensar em fim da pandemia, deveremos ter um cenário de desemprego alto e crescente.

Apesar da liquidez fornecida às empresas e à população por parte do Tesouro Nacional e do Banco Central, o crédito ainda insiste em não chegar barato na ponta, mesmo com a taxa Selic em 2,25%.

O investimento privado foi adiado, o consumo está retraído e, portanto, só poderemos esperar algum respiro na atividade se tivermos:

  1. algum impulso fiscal mais expansivo e não apenas de caráter emergencial ou;
  2. melhora da nossa balança comercial, já que temos dólar alto (que favorece as exportações) e uma brutal contração das importações.

Não vejo inflação ou juro alto tão cedo.

Bom, mas o que fazer com o dinheiro agora?

Gosto de pensar que o nosso portfólio sempre deve ser pensado olhando para frente. 

Você tem as ações de A, mas prefere B, troque um por outra.

Se você acredita que daqui para frente B irá melhor que A, não há razão para não se trocar uma pela outra.

“Vou esperar subir um pouco mais para me desfazer” - Será que vai subir mesmo?

“Quando retornar ao preço que paguei em janeiro, eu vendo” - Será que volta?

Enfim, não carregue posições que não fazem mais sentido para você.

Todos os dias é como se você tivesse feito a alocação de ativos na sua carteira do zero naquele dia.

O fato é que mesmo com a economia indo mal, as ações da bolsa de valores se antecipam (mesmo que de maneira torta) a recuperação da economia real.

Veja no gráfico abaixo.

Gráfico Ciclo dos Negócios

Em janeiro de 2020 estávamos querendo colocar o pé na expansão da economia (estágio 3).

A pandemia nos jogou de volta para a contração da economia (estágio 1) em apenas 20 dias.

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O impacto do Coronavírus nas ações da bolsa de valores foi forte e muito rápido, tivemos vários circuit-breakers em cascata.

Hoje, quase dando adeus a um primeiro semestre para nunca ser lembrado (ou esquecido), diria que estamos caminhando vagarosamente no início da fase de recuperação (estágio 2).

No estágio 2 a economia está deprimida, as empresas crescem os lucros com simultâneo aumento de margem, já que não há necessidade de aumento de custos fixos e os preços das ações sobem rapidamente.

Em uma janela de 5 anos, há muito a se ganhar.

“Mas Martin, a bolsa de valores não subiu demais?”

“A bolsa de valores está cara hoje?”

Até pode estar, mas teremos que nos acostumar a pagar caro por ativos de risco em um cenário que temos juros baixos.

Mais ainda, vivemos em um mundo com excesso de liquidez provido pelos bancos centrais.

Isso deixa as melhores ações ainda mais caras, mesmo que os múltiplos das empresas não acompanhem.

Não se trata de uma disfunção, mas de uma nova realidade que já era comum nas economias avançadas.

Chegou no Brasil.

Claro, haverá consequências decorrentes disso.

A liquidez excessiva evita falências.

Aqui no Brasil, o Banco Central já está autorizado a comprar títulos de dívida direto das empresas.

Mas capitalismo sem falência é como cristianismo sem inferno.

Estamos fadados a viver com empresas zumbis, com baixa produtividade.

Empresas que apenas sobrevivem graças a solvência que a foi dada, mas que não possuem motores de crescimento.

Por outro lado, é cada vez mais utópico pensar em um mundo com muita concorrência.

Estamos cada vez mais vivendo um jogo de winners takes all, de concentração do mercado em poucos players.

Veja, não é à toa que as FANG Stocks (ações do Facebook, Apple, Amazon, Netflix, Google) negociam a múltiplos altíssimos e são praticamente elas que puxam o S&P 500.

A tendência é que os múltiplos das ações se expandam ainda mais.

As melhores ações ficarão cada vez mais caras.

Vejo movimento semelhante no Brasil.

O setor de e-commerce e de fintechs por aqui deve passar por um processo semelhante: o caro que fica cada vez mais caro.

Por isso não posso poupar os meus elogios a Fred Trajano, Guilherme Benchimol, André Esteves, Gilson Finkelsztain e, por que não, o próprio Roberto Setúbal, que é sócio de Benchimol.

Consigo ver, na minha imaginação, a expansão dos seus impérios na década que está por vir.

Mas claro, isso é apenas uma leitura pessoal minha, fruto puro de uma narrativa que coube a mim.

Melhor do que se apegar a narrativas, é seguir a frieza dos números.

Nesses sim, podemos ver que a bolsa brasileira esconde uma oportunidade mais escancarada que a outra.

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