Pagar taxas anuais de 12% num financiamento imobiliário, no atual cenário de elevação da Selic, “é praticamente inviável”, diz o presidente do Bradesco (BBDC4) , Octavio de Lazari Júnior.

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A elevação da Selic, que esta semana chegou a 12,75%, reduziu pela metade o fluxo de empréstimos mensais do banco destinados à compra da casa própria.

Segundo Lazari, no ano passado, os empréstimos do crédito imobiliário no banco giravam entre R$ 2,5 bilhões a R$ 3 bilhões ao mês. Este ano, estão girando cerca de R$ 1,5 bilhão.

O presidente do Bradesco avalia que a taxa básica de juros deve continuar elevada pelo menos até o primeiro semestre de 2023.

“Juros tão elevados reduzem a originação de crédito. Num financiamento de 20 ou 30 anos, como é o crédito imobiliário, pagar taxas de 10%, 11% ou até 12% é praticamente inviável.

Não se mantém de pé - afirmou Lazari durante apresentação dos resultados do primeiro trimestre do Bradesco, que fechou com lucro líquido recorrente de R$ 6,821 bilhões, um aumento de 4,7% em relação ao mesmo período do ano passado.”

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Da mesma forma, diz Lazari, juros elevados reduzem o investimento de longo prazo das empresas, seja na ampliação de suas fábricas ou na compra de maquinário e equipamento.

Ele diz que as grandes empresas estão procurando linhas de crédito mais curtas para resolver problemas de capital de giro, por exemplo.

Pagando juro de CDI mais 2% ou 3%, chega-se a uma taxa de 15% ao ano. A taxa Selic elevada impede que as empresas façam empréstimos de prazos mais longos - afirmou o banqueiro.

Ele observa, entretanto, que a inadimplência nas operações de crédito imobiliário é baixa - de 0,55%, em março passado. Em abril do ano passado, estava em 0,84%, mas já chegou a 1,2%. Para ele, o brasileiro considera a compra da casa própria como "realização de um sonho".

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Por isso, a inadimplência é mais alta no cheque especial e cartão de crédito, mas dificilmente fica tão elevada nos empréstimos para compra da casa própria e, portanto, não há preocupação no banco.

Lazari afirma que o Bradesco não incentivou os clientes a adotarem as linhas de crédito imobiliário atreladas ao IPCA, índice oficial de inflação.

Desde 2019, os bancos lançaram essa modalidade com taxas de 3% a 5% ao ano, mais IPCA.

O apelo é que elas seriam entre 30% e 40% mais baixas do que o crédito imobiliário tradicional.

O problema é que a inflação disparou: nos últimos 12 meses, o IPCA está acumulado em 11,3%.

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E, nesse caso, o financiamento imobiliário tem a taxa de juros definida, de acordo com a inflação.

Quando a inflação sobe, a taxa de juros também aumenta; e quando o IPCA cai, os juros do financiamento diminuem.

“Eu falei muito sobre isso e tinha preocupação que a inflação poderia voltar e quem contratasse esse tipo de financiamento ia sofrer muito. Criamos a linha, mas não incentivamos seu uso. Nossa carteira, atualmente, é próxima de zero. Continuamos não incentivando”, diz Lazari.

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Ele observa que o país já viveu com taxas de juros muito elevadas, e os bancos e o mercado financeiro continuaram crescendo, já que sempre vai existir apetite por crédito, embora ele desacelere. Mas, para ele, o pior de tudo é a volatilidade.

“Saímos de uma Selic de 2% para os atuais 12,75%. Essa volatilidade preocupa,” afirma.

Resultado do Bradesco no Primeiro Trimestre de 2022

resultado do Bradesco (BBDC4) no primeiro trimestre de 2022 (1t22), divulgado no dia 07 de maio, registrou um lucro líquido recorrente de R$ 6,8 bilhões no 1T22, apresentando crescimento de 4,7% na comparação com o 1T21.

margem financeira do Bradesco atingiu R$ 17,1 bilhões no 1T22, apresentando crescimento de 9,5% na comparação com o 1T21

Índice de Basiléia do Bradesco em março de 2022, totalizou 15,7%, apresentando crescimento de 0,3 ponto percentual na comparação com março de 2021.

As ações do Bradesco (BBDC4) acumulam alta de 2,23% na bolsa de valores nos últimos 7 dias e queda de 12,39% nos últimos 12 meses.

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Fonte: O Globo.