O banco Indusval (IDVL4), que já teve múltiplos controladores desde sua criação, no fim dos anos 1960, definiu uma nova estratégia de crescimento.

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A instituição financeira, controlada pelo investidor e empresário do agronegócio Roberto de Rezende Barbosa, está concluindo uma reorganização de negócios para se fortalecer como um banco médio voltado às empresas.

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O banco vai fazer uma segregação dos seus negócios, criando uma holding para separar seus ativos.

O antigo nome Indusval vai absorver o legado, como créditos podres e fiscais, carteira de crédito e outros bens, como imóveis, que somam cerca de R$ 1,5 bilhão. A instituição financeira deixará de ser listada na Bolsa paulista, a B3.

Com uma estrutura mais enxuta, o novo banco - rebatizado de Voiter - passará a oferecer crédito a empresas de médio e grande porte, por meio do mercado de capitais e em parceria com gestoras de investimentos.

O Voiter também vai mirar as startups, que são carentes de capital de risco.

O processo de reestruturação do Indusval (IDVL4) começou em setembro de 2018, com a contratação da consultoria Estáter, de Pércio de Souza.

Para ajudá-lo a reinventar o banco, Souza contratou o executivo Fernando Fegyveres, ex-Itaú BBA.

Dinheiro novo

Em 2019, o Indusval havia recebido injeção de capital de cerca de R$ 300 milhões, bancada majoritariamente por Rezende Barbosa.

Com esse aporte, o empresário do agronegócio, que já era acionista do banco, passou a deter 75% do capital. Barbosa deu carta branca para a Estáter mudar a estratégia e reduzir a dependência do Indusval do agronegócio.

O banco deve agora receber mais R$ 100 milhões, em operação que culminará no fechamento do capital. Os antigos acionistas Jair Ribeiro, Luiz Masagão e Manoel Felix Cintra Neto vão permanecer no conselho da nova holding.

Abaixo dessa holding, ficarão os ativos problemáticos do Indusval, o novo banco e o braço digital da instituição, o SmartBank.

Um dos principais acionistas da Cosan (CSAN3) desde 2009, Rezende Barbosa é presidente do conselho de administração do Indusval, mas não participa do dia a dia do negócio.

Ele era dono do banco Intercap, incorporado ao Indusval em 2013. No ano passado, o ex-usineiro também comprou 20% da corretora Guide, que pertencia ao Indusval.

Com a reestruturação, o novo Indusval pretende ser mais "leve e ágil". "O objetivo é atuar como um banco médio de apoio às empresas", diz Pércio de Souza.

O Voiter também terá uma comercializadora de energia, adquirida em 2019 pelo Indusval. O negócio tem o objetivo de obter ganhos com arbitragem de crédito e gerar negócios com grandes empresas.

A previsão é que essa carteira, estimada hoje em R$ 30 milhões, atinja R$ 250 milhões até o fim do ano.

Souza se inspirou no modelo do antigo BBA, banco comprado da família Bracher pelo Itaú, do qual ele fez parte o com Fegyveres nos anos 1990.

Na nova estratégia, o limite de um banco médio não será o capital mantido em seu balanço, mas a capacidade de originar negócios aos clientes.

Fintech

Além de buscar alavancar o crédito com capital de terceiros, o banco Voiter tem interesse de ampliar a atuação de seu braço digital, o SmartBank, criado ainda na antiga gestão.

Hoje, o banco digital drena R$ 3 milhões por mês em recursos do Indusval. Agora, vai ser reinventado e terá a missão de atender a pequenas e médias empresas (PMEs).

A executiva Márcia Nogueira de Mello, que era da empresa de operação financeira Global Payments, vai assumir esse negócio.

Para tornar a estrutura do banco mais enxuta, Souza e Fegyveres promoveram pesados cortes de custos. Saíram da sede da Faria Lima, venderam uma frota de 15 carros de luxo, além de levantar R$ 500 mil com a venda de obras de arte e outros R$ 100 mil em móveis.

"O Indusval vivia como um 'bancão', mas dava resultado de banquinho", resume Souza.

Para atrair novos talentos e profissionais experientes, o banco passou a oferecer um pacote de opções de ações (stock options) para os executivos que totalizam 10% do capital do banco.

"É impossível criar banco de negócios sem gente capaz de gerar negócios", diz Souza

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Fonte Estadão Conteúdo.