A B3 anunciou nesta terça-feira, 20, a primeira grande mudança na metodologia do seu Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE). A reformulação busca a transparência, visibilidade de dados e adota padrões internacionais.

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O índice ISE é a principal referência para atuação sustentável das empresas que compõem a carteira teórica de ativos, elaborada de acordo com os critérios ESG (social, governança e cuidados com o meio ambiente).

As principais mudanças são a adoção de um questionário específico de acordo com o setor em que a companhia está inserida e a divulgação pública das notas das empresas que aplicaram para participar do índice. 

Além da "setorização" o questionário do ISE também teve uma redução de 40% e terá como parceiros o CDP (Carbon Disclosure Project), uma organização internacional que ajuda empresas a divulgarem seu impacto ambiental, e a RepRisk, companhia de ciência de dados ambientais, sociais e de governança corporativa.

O novo ISE passará a valer em 2022 e procura resolver problemas que afetam a credibilidade do índice, como a falta de clareza quanto aos critérios para inclusão e exclusão das empresas da carteira. 

A nova metodologia foi construída depois de mais de um ano de estudos, debates com empresas e investidores e consultas públicas ao mercado. 

"A B3 ouviu e acatou as demandas e sugestões de investidores, empresários e analistas, além de incorporar 55% das 1.278 contribuições recebidas na consulta pública", afirma a B3 em nota.

Questionários mais enxutos e por setor

O questionário que define a pontuação está mais enxuto e refinado para refletir o que é prioritário (material) em termos de critérios ESG.

O questionário atual contém 337 perguntas, o que é considerado muito longo e trabalhoso pelas empresas. 

A nova versão será, em média, 40% mais curta, com questões mais direcionadas a cada tipo de segmento.

Isso vai facilitar também a análise do desempenho ESG pelos investidores.

Segundo a B3, o relatório do índice ISE avalia as companhias dentro de seis dimensões: capital humano, governança corporativa e alta gestão, modelo de negócio e inovação, capital social, meio-ambiente e mudança climática.

Assim como já acontece hoje, as empresas terão que apresentar evidências das informações dadas no questionário. 

Caso falhe em comprovar itens que declarou, a empresa terá a nota inicial reduzida paulatinamente, até o limite de 50%.

O score final das empresas dará origem a um ranking. 

Só serão elegíveis ao ISE as empresas que pontuarem acima da nota de corte, que para 2022 é de 60,23 pontos, numa escala de zero a 100.

Porém, mesmo que tenha ficado acima da nota de corte, a empresa não pode zerar em nenhum dos temas.

Provedores externos 

Dois provedores de informações externos vão entrar na análise para dar mais independência às questões climáticas e de reputação, o CDP e a RepRisk, respectivamente.

A nota da empresa nesses dois provedores também contará para o índice.

O Carbon Disclosure Project (CDP) é uma organização sem fins lucrativos que ajuda empresas e cidades a divulgarem seu impacto ambiental.

O score do CDP é um padrão mundialmente aceito e apoiado por investidores.

Para avaliar a reputação das empresas, a B3 contará com o monitoramento de mídia da RepRisk. Quanto maior o envolvimento de uma empresa em controvérsias ambientais, sociais ou de governança, maior a sua pontuação de risco reputacional, numa escala de 0 a 100.

Segundo a B3, para ser elegível à carteira, a empresa precisa ter nota C ou acima no questionário do CDP e índice RepRisk menor ou igual a 50 pontos nos últimos dois anos

Após ser aprovada para participar da carteira do ISE, a companhia continuará sendo monitorada pela B3 e, eventualmente, pode até deixar de fazer parte da seleção. 

"Se houver piora no CDP ou apontamento do RepRisk, a empresa pode deixar de ser considerada na carteira. E aí tem o acompanhamento contínuo da governança da empresa entre datas de rebalanceamento da carteira", afirma Luis Kondic, diretor de Produtos Listados e Dados da B3.

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Mudanças na inscrição

Até a última composição do índice, as empresas precisavam pagar uma taxa de aplicação para participar do índice de R$ 35 mil.

A partir de agora, a inscrição e participação é gratuita

O objetivo é estimular empresas a se inscreverem, mesmo que o valor não seja considerado um empecilho para as 20 companhias com as ações mais negociadas do país. 

“Esse é um incentivo a mais para que empresas queiram e façam parte desse índice, reconhecendo o valor do ESG”, diz Ana Buchaim, diretora-executiva de pessoas, marketing, comunicação e sustentabilidade da B3.

No entanto, o filtro inicial para participar da seleção continua. Para fazer parte do ISE a empresa precisa estar entre as 200 mais líquidas listadas na bolsa, aquelas com as ações com maior volume de negociações. 

Em contrapartida, a bolsa de valores brasileira retirou o limite de 40 empresas na carteira. Agora, todas as companhias elegíveis e que cumprirem os requisitos podem integrar o ISE.

O que muda para o investidor

Diferente do que era feito antes, tanto empresas quanto investidores poderão ter acesso a pontuação e suas respostas ao questionário, mesmo que ela seja reprovada nos critérios e não entre na carteira do ISE.

Antes isso só acontecia no caso das companhias que integravam a carteira do ISE.

A vantagem para as companhias é poder avaliar a performance das concorrentes do setor.

Já para os investidores, a promessa é trazer mais informações e facilitar a escolha na hora de selecionar empresas para investimento que seguem critérios socioambientais.

Ou seja, será possível saber em quais quesitos cada companhia vai bem ou mal, acompanhar a evolução e comparar desempenhos.  

“Você vai saber como performaram as companhias, aquelas que estão e aquelas que não estão na carteira. É bom para a companhia porque, se ela estiver muito bem em alguma dimensão, tem uma história para contar. E, se ela estiver ruim, vai relatar ou explicar, como manda o bom princípio do ESG”, diz Ana Buchaim, diretora-executiva de sustentabilidade da B3.

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