Quem vinha embalado na certeza de ser esse o melhor momento para investir na compra da casa própria, fazendo simulação no aplicativo do banco e deparando-se com uma taxa média na casa dos 6,5% ao ano, certamente deve ter dado uma recuada ao ver em agosto o índice que mede a inflação oficial (IPCA) acumular no ano em quase 6% – 9,3% nos últimos 12 meses –, e a Selic subir a 5,25%, com projeção de encerrar 2021 em 7,5%.

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A Selic é um instrumento utilizado pelo governo como forma de conter o aumento dos preços e, como resultado, o crédito imobiliário já está mais caro – entre 7% e 8%.

Por se tratar de investimento a longo prazo, além de impactar no valor da prestação mensal, o aumento resulta também em um custo maior no final.

Contudo, afirmam analistas ouvidos por A TARDE, o cenário ainda é positivo. Isso porque, afirmam eles, os preços dos imóveis são os mais baixos desde 2014, auge do setor no país; além disso, nessa mesma época, a título de comparação, o financiamento bancário tinha taxa média de 12%.

“Ou seja, apesar de as taxas de juros estarem subindo, elas estão longe do pico, em que a Selic chegou a 14,25%, como 2013, 2014. O momento ainda é favorável, o valor do imóvel, descontada a inflação, é menor que o encontrado em janeiro de 2014".

"Em Salvador, por exemplo, o imóvel que custava R$ 100 mil, hoje sairia por R$ 80 mil. Há um pequeno aumento, mas não na mesma direção da Selic, ressalta Filipe Pontual, diretor-executivo da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).

Segundo Pontual, a expectativa é que os financiamentos imobiliários com recursos da poupança (principal fonte) cresçam 57% em 2021, comparado ao ano anterior, e alcancem a marca de R$ 195 bilhões em empréstimos.

A dica para quem quer investir, no entanto, ele fala, é ter uma reserva para dar na entrada, não cair na tentação de financiar um imóvel acima da capacidade de pagamento, fazer simulações, e “ficar no pé do governo, dos agentes públicos, no sentido de que mantenham a inflação sob controle”.

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Conselheiro no Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia (Sinduscon), Carlos Henrique de Oliveira Passos afirma que o aumento da Selic “afeta, mas nem tanto assim” os juros do financiamento.

Segundo ele, somente um aumento capaz de elevar também a TR – atualmente zerada, a Taxa Referencial é um dos principais indexadores utilizados na atualização de aplicações financeiras e operações de crédito – seria realmente “prejudicial”.

“O prejuízo direto ainda é pequeno, e o mercado continua sendo de oportunidade para quem compra”.

“O que pode acontecer em futuro próximo é o aumento do valor das unidades, pois o volume de vendas atualmente é superior ao número de imóveis lançados, e o estoque à disposição vem diminuindo. Para quem quer comprar ainda é uma oportunidade boa de preços”.

Balanço divulgado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) anteontem aponta que nos seis primeiros meses do ano foram vendidas 261,4 mil unidades novas em todo o país. O número é 34,4% maior que o acumulado no mesmo período do ano passado.

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Boom na Pandemia

A economista e planejadora financeira Juliana Barbosa vai na mesma linha. Ela destaca que o mercado “viveu um boom no crédito imobiliário em meio à pandemia, melhor resultado desde 2014”, e diz que pelo menos dois fatores são associados ao desempenho:

“Primeiro, a questão da taxa, que, com a Selic a 2% desde agosto do ano passado, impactou bastante o setor, reduzindo a taxa para uma média de 6,5% na maioria dos bancos. Até um pouquinho menos, a depender da categoria”.

“Aliada à taxa baixa, houve também a questão da migração, com muita gente querendo sair dos grandes centros, ir para o interior”.

“Acontece que a Selic vem tendo aumentos sucessivos, e os bancos já se posicionaram com relação às taxas. Atualmente, ela está em 5,25%, com projeção de fechar o ano em 7,5%”.

“Os bancos já repassaram o aumento da Selic para o financiamento, e estamos vendo taxa acima de 7%, alguns com 8%. É significativo. Mas se compararmos com alguns anos atrás, quando a taxa era de 10%, 11% ao ano, vimos que ainda é atrativo”

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 Fonte: Abecip.org e Jornal A TARDE.